quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

JESUS: LIÇÕES DE ALLAN KARDEC A RESPEITO















JESUS: LIÇÕES DE ALLAN KARDEC A RESPEITO

Geziel Andrade

Allan Kardec registrou em suas obras, principalmente em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, lições importantes a respeito de Jesus e de seus ensinamentos religiosos, morais e espirituais.

Com isso, caracterizou o Espiritismo como uma doutrina essencialmente cristã.

Na compilação a seguir apresentada reunimos as principais lições de Allan Kardec a respeito de Jesus. Essas lições falam por si, dispensando comentários adicionais.

1 – JESUS É PARA O HOMEM MODELO DE PERFEIÇÃO MORAL E SUA DOUTRINA É A MAIS PURA EXPRESSÃO DA LEI DE DEUS:
“Jesus é para o homem o tipo de perfeição moral a que pode aspirar a Humanidade na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ele ensinou é a mais pura expressão de Sua Lei, porque ele estava animado do espírito divino e foi o ser mais puro que já apareceu na Terra.” (O Livro dos Espíritos, questão 625.)

2 – JESUS VEIO CUMPRIR A LEI DE DEUS:
“Jesus não veio destruir a lei, isto é, a lei de Deus; veio cumpri-la, ou seja, desenvolvê-la, dar-lhe seu verdadeiro sentido e adequá-la ao grau de adiantamento do homem. É por isso que se encontra nessa lei o princípio dos deveres para com Deus e para com o próximo, que é a base de sua doutrina.” (“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. I.)

3 – JESUS, EM SUA MISSÃO DIVINA, VEIO CUMPRIR PROFECIAS E ENSINAR AOS HOMENS AS COISAS DO REINO DOS CÉUS:
“Jesus veio cumprir os profetas que tinham anunciado sua vinda. Sua autoridade decorria da natureza excepcional do seu Espírito e de sua missão divina. Veio ensinar aos homens que a verdadeira vida não é a da Terra, mas a do reino dos céus; ensinar-lhes o caminho que para lá conduz, os meios de se reconciliar com Deus, e preveni-los sobre o andamento das coisas que virão, para que se cumpram os destinos humanos.” (“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. I.)

4 – JESUS PROMETEU AOS POBRES DE ESPÍRITO O REINO DOS CÉUS:
“Por pobres de espírito, Jesus não entende os homens desprovidos de inteligência, mas os humildes; ele diz que o reino dos céus é deles, e não dos orgulhosos.”

“Dizendo que o reino dos céus é dos simples, Jesus entende que ninguém nele é admitido sem a simplicidade de coração e a humildade de espírito; o ignorante que possui essas qualidades será preferido ao sábio que acredita mais em si mesmo que em Deus. Em todo caso, ele coloca a humildade na classe de virtudes que nos aproximam de Deus, e o orgulho entre os vícios que dele nos afastam. Isto por uma razão muito natural, a de que a humildade é um ato de submissão a Deus, enquanto o orgulho é uma revolta contra ele. Mais vale, portanto, para a felicidade futura do homem, ser pobre em espírito, no sentido do mundo, e rico em qualidades morais.” (“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. VII.)

5 – JESUS ENSINOU A PRÁTICA DO PERDÃO ILIMITADO:
“Jesus nos ensina que a misericórdia não deve ter limites, quando diz que se perdoe a seu irmão, não sete vezes, mas setenta vezes sete.”

“Mas há duas maneiras bem diferentes de perdoar. Uma grande, nobre, verdadeiramente generosa, sem segunda intenção, que delicadamente poupa o amor-próprio e a suscetibilidade do adversário, mesmo sendo ele quem está de todo errado. A segunda, pela qual o ofendido, ou aquele que julga sê-lo, impõe ao outro condições humilhantes, e lhe faz sentir o peso de um perdão que irrita em vez de acalmar.” (“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. X.)

6 – A DOUTRINA MORAL DE JESUS SE RESUME NA PRÁTICA DA CARIDADE E DA HUMILDADE:
“Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, isto é, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Em todos os ensinamentos, ele mostra essas virtudes como sendo o caminho da felicidade eterna.”

“Se Jesus coloca a caridade no primeiro lugar entre as virtudes, é por ela conter implicitamente todas as outras: a humildade, a doçura, a benevolência, a indulgência, a justiça, etc. E também porque ela é a negação absoluta do orgulho e do egoísmo.”

“Caridade e humildade, este é, portanto, o único caminho da salvação. Egoísmo e orgulho, este é o da perdição.” (“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XV.)

7 – JESUS COLOCA A PERFEIÇÃO NA PRÁTICA DO AMOR, ATRAVÉS DA CARIDADE:
“Em que consiste a perfeição? Jesus o disse: “Amar a nossos inimigos, fazer o bem aos que nos odeiam, rezar pelos que nos perseguem”. Mostra, com isso, que a essência da perfeição é a caridade em sua mais ampla acepção, porque ela implica a prática de todas as outras virtudes.”

“O amor ao próximo –aquele que chega ao ponto de amar aos inimigos-, não podendo aliar-se a nenhum defeito contrário à caridade, sempre é, por isso mesmo, o indício de uma maior ou menor superioridade moral. Do que resulta que o grau de perfeição está em razão da extensão desse amor. É por isso que Jesus, depois de ter dado a seus discípulos as regras da caridade, no que ela tem de mais sublime, disse-lhes: “Sede, pois, perfeitos como vosso Pai celestial é perfeito”.” (“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XVII.)

8 – AS PALAVRAS DE JESUS SÃO VERDADEIRAS E ETERNAS:
“As palavras de Jesus são eternas, porque são a verdade. Elas não são apenas o salvo-conduto à vida celeste, mas também a garantia de paz, de tranquilidade e de estabilidade nas coisas da vida terrestre. É por isso que todas as instituições humanas –políticas, sociais e religiosas- que se apoiarem em suas palavras serão estáveis como a casa construída sobre a rocha. Os homens irão conservá-las, porque encontrarão nelas sua felicidade.” (“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XVIII.)

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NOTA: Os artigos anteriores desta série, publicados neste blog, foram os seguintes:

03/maio/2010 = DEUS: Lições de Allan Kardec a respeito.

04/janeiro/2011: O HOMEM: Lições de Allan Kardec a respeito.

05/agosto/2011: O ESPIRITISMO: Lições de Allan Kardec a respeito.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS EM "O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO", CAP. VI: O CRISTO CONSOLADOR
















PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS EM “O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO”, CAPÍTULO VI: O CRISTO CONSOLADOR

Geziel Andrade

“Vinde a mim todos vós que sois aflitos e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós, e aprendei comigo que sou dócil e humilde de coração, e encontrareis o descanso de vossas almas; pois meu jugo é suave e meu fardo é leve.” (Mateus, cap. XI, v. 28 a 30.)

Jesus ensinou-nos que os sofrimentos, misérias, decepções, dores físicas e perdas de entes queridos encontram consolação na fé no porvir e na confiança na justiça de Deus.

Aquele que nada espera após a existência na vida material ou que simplesmente duvida da continuidade da vida da alma no mundo espiritual sente o peso das aflições e não dispõe da esperança para amenizar a amargura.

Por isso, Jesus disse: “Vinde a mim todos vós que estais fatigados, e eu vos aliviarei.”

Todavia, Jesus impõe uma condição para que os aflitos mereçam a sua assistência e desfrutem da felicidade: o cumprimento da lei de amor e caridade que ensinou.

CONSOLADOR PROMETIDO

Jesus prometeu: “Se vós me amais, guardai meus mandamentos, e eu rogarei a meu Pai, e Ele vos enviará um outro consolador, a fim de que permaneça eternamente convosco: O Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê e não o conhece. Mas vós o conhecereis, porque ele permanecerá convosco e estará em vós. E o consolador, que é o Espírito Santo que meu Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas, e vos fará relembrar tudo o que eu vos disse”. (João, cap. XIV, v. 15, 16, 17, 26.)

Jesus sabia que os homens não estavam ainda maduros para conhecer o Espírito de Verdade que o Pai lhes enviaria para ensinar todas as coisas e para relembrar as suas palavras.

Se Ele prometeu a vinda do Espírito de Verdade para ensinar todas as coisas é porque não havia ensinado tudo e porque sabia que o que ensinou seria esquecido ou mal compreendido.

O Espiritismo veio no tempo certo cumprir essa promessa de Jesus.

O Espírito de Verdade presidiu o seu estabelecimento, chamando os homens à observação da lei de Deus; ensinando todas as coisas; e levando os homens à compreensão do que o Cristo disse por parábolas.

Quanto às palavras de Jesus: “Que ouçam os que têm ouvidos para ouvir”, o Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, pois ensina sem recorrer a sentido figurado e sem usar alegorias.

O Espiritismo levanta o véu deixado de propósito por Jesus sobre certos mistérios.

Além disso, traz a suprema consolação aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, ao revelar uma causa justa e um objetivo útil a todas as dores, cumprindo a promessa do Cristo: “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados”.

O Espiritismo mostra que a causa do sofrimento está nas existências corporais anteriores da alma e que a Terra serve de local para o homem expiar o seu passado.

O Espiritismo revela ainda que os sofrimentos são crises salutares que promovem a cura e a depuração da alma, assegurando a felicidade nas suas futuras existências.

Então, o homem compreende porque merece sofrer e acha justo seu sofrimento; sabe que o sofrimento ajuda em seu progresso intelectual, moral e espiritual, à semelhança do operário que aceita o trabalho duro que lhe garante o salário.

Dessa forma, o Espiritismo dá ao homem uma fé inabalável no futuro, extinguindo de sua alma a dúvida pungente; leva-o a ver as coisas terrenas e espirituais de um ponto elevado; reduz a importância que dá às vicissitudes terrenas, ante o vasto e esplêndido horizonte criado por Deus; e abre-lhe a perspectiva da felicidade no porvir, fortalecendo a paciência, a resignação e a coragem de chegar ao fim do caminho terreno.

Portanto, o Espiritismo realiza o que Jesus disse a respeito do consolador prometido: leva o homem ao conhecimento de todas as coisas; a saber de onde vem, aonde vai e porque está na Terra; a cumprir os princípios da lei de Deus; e a ter consolação pela fé e a esperança.

TRANSCRIÇÃO NA ÍNTEGRA DAS INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS: ADVENTO DO ESPÍRITO DE VERDADE
Venho, como outrora dentre os filhos desgarrados de Israel, trazer a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como outrora minha palavra, deve relembrar aos incrédulos que acima deles reina a imutável verdade: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinar a planta e eleva as ondas. Revelei a doutrina divina; e, como um ceifeiro, atei em feixes o bem disperso pela humanidade, e disse: Vinde a mim todos vós que sofreis!

Mas os homens ingratos desviaram-se do caminho reto e largo que conduz ao reino de meu Pai, e desgarraram-se pelos ásperos atalhos da impiedade. Meu Pai não quer aniquilar a raça humana. Quer que, ajudando-vos uns aos outros, mortos e vivos, isto é, mortos pela carne, pois a morte não existe, socorrei-vos. E que não mais a voz dos profetas e dos apóstolos, mas a voz dos que não estão mais aqui, se faça ouvir, para clamar-vos: Orai e acreditai! A morte é a ressurreição, e a vida é a prova escolhida, durante a qual vossas virtudes cultivadas devem crescer e desenvolver-se como o cedro.

Homens fracos, que estais limitados às trevas de vossas inteligências, não afasteis a chama que a clemência divina coloca em vossas mãos para iluminar vosso caminho e para conduzir-vos, filhos perdidos, ao seio de vosso Pai.

Sinto compaixão por vossas misérias e vossa imensa fraqueza em não estender uma mão segura aos infelizes transviados que, vendo o céu, caem no abismo do erro. Acreditai, amai, meditai as coisas que vos são reveladas; não mistureis o joio ao bom grão, as utopias às verdades.

Espíritas!, amai-vos, eis o primeiro ensinamento. Instruí-vos, eis o segundo. Todas as verdades são encontradas no Cristianismo; os erros que nele criaram raiz são de origem humana. E eis que, além do túmulo, em que acreditáveis o nada, vozes vêm clamar-vos: Irmãos!, nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do mal; sede os vencedores da impiedade! (Espírito de Verdade, Paris, 1860.)

Venho ensinar e consolar os pobres deserdados; venho dizer-lhes que elevem sua resignação ao nível de suas provas; que chorem, pois a dor foi consagrada no Jardim das Oliveiras; mas que esperem, pois os anjos consoladores virão secar suas lágrimas.

Operários, riscai vosso sulco; recomeçai no dia seguinte a rude jornada da véspera; o labor de vossas mãos fornece o pão terrestre a vossos corpos, mas vossas almas não estão esquecidas; e eu, o divino jardineiro, cultivo-as no silêncio de vossos pensamentos. Quando a hora do descanso tiver soado, quando o arado escorregar de vossas mãos e vossos olhos se fecharem à luz, sentireis brotar e germinar em vós minha preciosa semente. Nada é perdido no reino de nosso Pai. Vossos suores e vossas misérias formam o tesouro que deve tornar-vos ricos nas esferas superiores, onde a luz substitui as trevas, e onde o mais desprovido de todos vós será, talvez, o mais resplandecente.

Em verdade vos digo: os que carregam seus fardos e assistem seus irmãos são meus bem-amados. Instruí-vos na preciosa doutrina que dissipa o erro das revoltas e que vos ensina o objetivo sublime da prova humana. Como o vento varre a poeira, que o sopro dos Espíritos dissipe vossas invejas contra os ricos do mundo, que por vezes são bastante miseráveis, porque suas provas são mais perigosas que as vossas. Eu estou convosco, e meu apóstolo vos ensina. Bebei na fonte vida de amor, e preparai-vos, cativos da vida, para um dia lançar-vos, livres e alegres, no seio daquele que vos criou fracos para vos tornar perfeitos, e que quer que modeleis vossa maleável argila, a fim de vós mesmos serdes os artesãos de vossa imortalidade. (Espírito de Verdade, Paris, 1861.)

Sou o grande médico das almas, e venho trazer-vos o remédio que deve curá-las; os fracos, os sofredores e os enfermos são meus filhos prediletos, e eu venho salvá-los. Vinde a mim, pois, todos vós que sofreis e que estais sobrecarregados, e sereis aliviados e consolados. Não procureis alhures a força e a consolação, pois o mundo é impotente para dá-las. Deus, através do Espiritismo, faz um apelo supremo a vossos corações; escutai-o. Que a impiedade, a mentira, o erro, a incredulidade, sejam extirpados de vossas almas doloridas, pois são monstros que matam a sede em vosso sangue mais puro, e que quase sempre vos ferem mortalmente. Que no futuro, humildes e submissos ao Criador, pratiqueis sua lei divina. Amai e orai; sede dóceis aos Espíritos do Senhor. Invocai-O do fundo do coração, e então Ele vos enviará seu Filho bem-amado, para instruir-vos e dizer essas boas palavras: Eis-me aqui; eu venho a vós porque me chamastes. (Espírito de Verdade. Bordeaux, 1861.)

Deus consola os humildes e dá força aos aflitos que a pedem. Seu poder cobre a Terra, e em toda parte, ao lado de uma lágrima ele colocou um bálsamo que consola. O devotamento e a abnegação são uma prece contínua, e encerram um ensinamento profundo; a sabedoria humana reside nessas duas palavras. Possam os Espíritos sofredores compreender essa verdade em lugar de protestar contra as dores e os sofrimentos morais que aqui são vosso quinhão. Tomai, pois, por divisa, estas duas palavras: devotamento e abnegação, e sereis fortes, porque elas resumem todos os deveres que a caridade e a humildade vos impõem. O sentimento do dever cumprido dar-vos-á o descanso ao espírito e a resignação. O coração bate melhor, a alma se acalma e o corpo não mais fraqueja, pois mais ele sofre quanto mais profundamente é atingido o espírito. (Espírito de Verdade. Le Havre, 1863.)

CONSIDERAÇÕES DO AUTOR DESTE ARTIGO

O Espírito de Verdade manifestou-se, pela primeira vez, a Allan Kardec, em uma reunião espírita realizada na casa do senhor Baudin, no final do mês de março de 1856, quando já trabalhava na codificação do Espiritismo. Então, comprometeu-se a protegê-lo e a ajudá-lo nos trabalhos em andamento.

Porém, logo, Allan Kardec constatou que era sua a responsabilidade de cumprir a tarefa assumida, pois não tinha esse Espírito ao seu inteiro dispor, nem podia recorrer ao seu auxílio por qualquer motivo ou dificuldade encontrada.

A respeito do Espírito de Verdade, Allan Kardec escreveu o seguinte:
“A proteção desse Espírito, cuja superioridade eu então estava longe de imaginar, jamais, de fato, me faltou.”
“A sua solicitude e a dos bons Espíritos, que agiam sob suas ordens, se manifestou em todas as circunstâncias da minha vida, quer a me remover dificuldades materiais, quer a me facilitar a execução dos meus trabalhos, quer, enfim, a me preservar dos efeitos da malignidade dos meus antagonistas, que foram sempre reduzidos à impotência.”
“Se as tribulações inerentes à missão que me cumpria desempenhar não me puderam ser evitadas, foram sempre suavizadas e largamente compensadas por muitas satisfações morais gratíssimas.” (“Obras Póstumas”, Segunda Parte.)

Dessa forma, sob a orientação sábia e amorosa e a proteção ativa do Espírito de Verdade, que comandava uma equipe de Espíritos superiores, Allan Kardec codificou o Espiritismo, permitindo-nos compreender que Deus está, realmente, como nos havia ensinado Jesus, acima de todas as coisas, por ser o criador dos Espíritos, que estão submetidos às Suas vontades e leis; e da matéria primitiva, que forma o Universo, dividido em universo espiritual e universo material.

A complexidade dessa Obra da Criação, decorrente da evolução dos Espíritos e transformação da matéria elementar primitiva, permitindo a formação de tudo o que existe de material, revela-nos claramente a existência e a grandiosidade dos Atributos de Deus.

Ainda, com a publicação de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, o Espiritismo permitiu-nos compreender o grande valor das máximas morais da Doutrina de Jesus, para a sua aplicação no dia a dia; obter explicação e complementação para os ensinos do Cristo, notadamente os dados com sentido figurado e de forma alegórica; conhecer as bem-aventuranças que existem no reino dos céus para as almas que suportam bem as atribulações da vida terrena, conseguindo o desenvolvimento das faculdades, a conquista de experiências e a promoção do progresso intelectual, moral e espiritual; descobrir o destino venturoso estabelecido por Deus para todos os Seus filhos, graças a lei da reencarnação e a existência de muitas moradas na casa do Pai; e, principalmente, observar e aplicar no cotidiano as regras da moral cristã, melhorando as relações sociais e construindo a felicidade na vida presente e na continuidade da existência na vida espiritual.
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DATAS DA PUBLICAÇÃO NESTE MESMO BLOG DOS ARTIGOS CONTENDO AS PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS NOS CAPÍTULOS ANTERIORES DE “O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO”:
• 27/fev/2009 = Prefácio e Introdução.
• 12/maio/2009 = Cap. I: Não vim destruir a Lei.
• 01/set/2009 = Cap. II: Meu reino não é deste mundo.
• 01/abril/2010 = Cap. III: Há muitas moradas na casa de meu Pai.
• 04/ago/2010 = Cap. IV: Ninguém pode ver o reino de Deus, se não nascer de novo.
• 28/junho/2011 = Cap. V: Bem-aventurados os aflitos.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

"O LIVRO DOS MÉDIUNS", PARTE 2, CAP II: MANIFESTAÇÕES FÍSICAS E MESAS GIRANTES



















IMAGENS: MÉDIUNS FAMOSOS DE MANIFESTAÇÕES FÍSICAS DE ESPÍRITOS: Daniel Dunglas Home (Escócia); Eusápia Paladino (Itália); Carmine ou Carlos Mirabelli (Brasil); e Peixotinho (Brasil).

PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS EM “O LIVRO DOS MÉDIUNS”, SEGUNDA PARTE: DAS MANIFESTAÇÕES ESPÍRITAS, CAPÍTULO II: MANIFESTAÇÕES FÍSICAS E MESAS GIRANTES

Geziel Andrade

As manifestações físicas dos Espíritos ocorrem através dos ruídos, movimento e deslocamento de corpos sólidos.

Algumas dessas manifestações físicas ocorrem espontaneamente, sem a vontade humana. Outras podem ser provocadas.

O movimento circular de uma mesa foi o primeiro tipo desse fenômeno a ser observado e provocado, tendo merecido a designação de mesas girantes.

Porém, todos os gêneros de manifestações dos Espíritos já eram conhecidos há muito tempo. São efeitos naturais porque se produziram em todas as épocas.

Os fenômenos das mesas girantes serviram para o entretenimento de pessoas frívolas, mas também chamaram a atenção de pessoas sérias e observadoras, que passaram a se preocupar com as consequências muito importantes que delas resultaram.

As mesas girantes foram o ponto de partida da Doutrina Espírita.

A produção do fenômeno das mesas girantes exigia a participação de uma ou de muitas pessoas dotadas de aptidão especial e designadas pelo nome de médiuns.

Os médiuns gozam de maior ou menor poder na produção dos fenômenos espíritas, pois produzem efeitos mais ou menos pronunciados.

Um médium possante pode produzir muito mais do que vinte outros reunidos.

Basta um médium possante colocar a sua mão sobre uma mesa para que ela, no mesmo instante, se movimente, se eleve, revire, salte ou gire com violência.

Não há nenhum indício da posse da faculdade mediúnica numa pessoa. Somente a experiência pode revelá-la.

Nas reuniões de experiências com as mesas girantes, bastava a pessoa se sentar em torno de uma mesa e colocar as suas mãos espalmadas sobre ela, sem pressão, nem contensão muscular, nem alternância dos sexos, nem contato de pessoas para forma uma espécie de cadeia ou de corrente ininterrupta. Também eram indiferentes a forma e o material da mesa, a presença de metais, as vestes dos assistentes, o dia e a hora, a obscuridade, a chuva, etc.

A única precaução realmente obrigatória é a do recolhimento, do silêncio absoluto e, sobretudo, a paciência quando o efeito demora. Pode acontecer que ele se produza em alguns minutos; mas pode demorar mais de meia hora. Isso depende da capacidade mediúnica dos participantes na reunião.

O peso da mesa pode ter alguma importância, quando a potência mediúnica não é suficiente para movê-la.

Quando existe a potência mediúnica, basta uma pessoa, até mesmo uma criança, para erguer uma mesa de cem quilos.

Quando não existe a potência mediúnica, nem mesmo doze pessoas reunidas conseguem mover uma mesinha de centro.

Quando o fenômeno começa a produzir-se é muito freqüente ouvir-se um pequeno estalo na mesa; sente-se um estremecimento como prelúdio de movimento. Parece que a mesa luta para se desamarrar. Depois tem início o movimento de rotação da mesa, que adquire uma aceleração que os assistentes se vêem em apuros para segui-lo.

Desencadeado o movimento, a mesa pode ser deixada livre que continua a mover-se em várias direções, sem o contato humano.

Algumas vezes, a mesa se ergue e se firma, ora num pé, ora noutro, e depois retoma suavemente sua posição natural.

Outras vezes, a mesa se balança para a frente e para trás e de um lado para outro, imitando o balanço de um navio.

Outras vezes, quando existe considerável potência mediúnica, a mesa se levanta inteiramente do soalho e se mantém em equilíbrio no espaço, sem qualquer apoio, chegando mesmo, em certas ocasiões, até o forro, de maneira que se pode passar por baixo dela.

Depois, a mesa desce lentamente, balançando-se no ar como uma folha de papel, ou cai violentamente e se quebra.

Isso prova, de maneira evidente, que não houve uma ilusão de ótica.

Outro fenômeno físico que se produz com muita frequência, conforme a potência mediúnica do médium, é o das pancadas no cerne da madeira, no seu interior, sem provocar qualquer movimento da mesa.

Esses golpes na madeira, às vezes, são bem fracos; mas, às vezes, são muito fortes, e estendem-se a outros móveis do aposento, às portas, às paredes e ao forro.

Quando os golpes se produzem na mesa, provocam uma vibração muito perceptível pelos dedos e pelo ouvido aplicado contra a mesa.

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LEITURA COMPLEMENTAR: PALAVRAS DE ALLAN KARDEC SOBRE DANIEL DOUGLAS HOME, PODEROSO MÉDIUM DE MANIFESTAÇÕES FÍSICAS DOS ESPÍRITOS

Allan Kardec, na “Revista Espírita” dos meses de fevereiro, março e abril de 1858, escreveu os seguintes parágrafos a respeito das manifestações físicas dos Espíritos que eram produzidas pelo famoso médium Daniel Dunglas Home:

“Vindo à França, o Sr. Home não se dirigiu ao público: ele nem gosta nem procura a publicidade. Se tivesse vindo com propósito de especulação, teria corrido o país, servindo-se da propaganda; teria procurado todas as oportunidades para manifestar-se, e no entanto, ele as evita; teria estabelecido um preço às suas manifestações, ao passo que nada pede a ninguém.”

“A França, ainda em dúvida no que concerne às manifestações espíritas, precisava que lhe fosse desferido um grande golpe; foi o Sr. Home quem teve esta missão e, quanto mais alto foi o golpe, maior foi a sua repercussão. A posição, o crédito, as luzes dos que o acolheram e que se convenceram pela evidência dos fatos, abalaram as convicções de muita gente, mesmo entre as pessoas que foram testemunhas oculares. Terá, pois, sido a presença do Sr. Home um poderoso auxiliar na propagação das idéias espíritas; se não convenceu a todo mundo, lançou sementes que frutificarão tanto mais quanto mais se multiplicarem os médiuns.”

“O Sr. Daniel Dunglas Home nasceu a 15 de março de 1833, perto de Edimburgo. Tem, pois, atualmente 24 anos. Descende da antiga e nobre família dos Dunglas da Escócia, outrora soberana. É um moço de estatura mediana, louro e cuja fisionomia melancólica nada tem de excêntrica; é de compleição muito delicada, de costumes simples e meigos, de caráter afável e benevolente, sobre o qual o contato das grandezas nem lançou arrogância nem ostentação. Dotado de excessiva modéstia, jamais faz praça de sua maravilhosa faculdade, jamais fala de si mesmo e se, numa expansão de intimidade, conta casos pessoais, o faz com simplicidade e jamais com a ênfase própria das criaturas com as quais a malevolência procura compará-lo. Muitos fatos íntimos, de nosso conhecimento pessoal, provam seus sentimentos nobres e a elevação de sua alma; nós o constatamos com tanto maior prazer quanto mais se conhece a influência das disposições morais sobre a natureza das manifestações.”

“Como o nosso fim é o estudo sério de tudo quanto se liga à Ciência espírita, fechar-nos-emos na estrita realidade dos fatos constatados por nós mesmos ou por testemunhas oculares dignas de fé. Podemos, pois, comentá-los com a certeza de que não estamos raciocinando sobre coisas fantásticas.”

“O Sr. Home é um médium do gênero dos que produzem manifestações ostensivas, sem excluir por isto as comunicações inteligentes; mas as suas predisposições naturais lhe dão para as primeiras uma aptidão toda especial. Sob sua influência ouvem-se os mais estranhos ruídos, o ar se agita, os corpos sólidos se movem, levantam-se, transportam-se de um lado a outro, através do espaço, instrumentos de música produzem sons melodiosos, aparecem seres do mundo extra-corpóreo, falam, escrevem e por vezes não abraçam até produzir dor. Muitas vezes ele próprio é visto, em presença de testemunhas oculares, elevado a vários metros de altura, sem qualquer sustentáculo.”

“Geralmente o Sr. Home inicia suas sessões pelos fatos conhecidos: pancadas numa mesa, ou em qualquer outra parte do apartamento, pela maneira por que já o descrevemos. Vem a seguir o movimento da mesa, que se opera, a princípio pela imposição de mãos, dele só ou de várias pessoas reunidas, depois à distância e sem contato: é uma espécie de ensaio. (...) Muitas vezes, após várias oscilações e balanços, a mesa de destaca do solo e eleva-se gradativamente, lentamente, por pequenos impulsos, não apenas alguns centímetros, mas até o teto e fora do alcance das mãos; depois de haver ficado suspensa no espaço durante alguns segundos, desce como havia subido, lentamente, gradativamente.”

“A suspensão de um corpo animado não ocorreu só em Paris, mas em vários lugares, tanto em Florença quanto na França, principalmente em Bordéus, em presença das mais respeitáveis testemunhas. Como a mesa, ele foi elevado até o teto e desceu do mesmo modo.”

“De todas as manifestações produzidas pelo Sr. Home, a mais extraordinária é, sem dúvida, a das aparições, razão por que nelas mais insistimos, à vista das graves consequências daí decorrentes e da luz que elas lançam sobre uma porção de outros fatos. O mesmo se dá com os sons produzidos no ar, instrumentos de música que tocam sozinhos, etc.”

“Um outro gênero de manifestações não menos notável, é o dos instrumentos de música que tocam sozinhos. Em geral são pianos ou acordeons. Em tais circunstâncias vêem-se distintamente as teclas se moverem, bem como o fole. A mão que toca ora é visível ora invisível. A ária que se ouve pode ser conhecida e tocada a pedido. Se o artista invisível é deixado à vontade, produz acordes harmoniosos, cujo efeito lembra a vaga e suave melodia da harpa eólica.”

“Em casa de um de nossos assinantes, onde tais fenômenos se produziram muitas vezes, o Espírito que assim se manifestava era o de um moço falecido há algum tempo, amigo da família e que, quando vivo, revelava notável talento musical. A natureza das árias que preferia tocar não deixava a menor dúvida quanto à sua identidade para todos aqueles que o haviam conhecido.”

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NOTA DO AUTOR DESTE ARTIGO
Na Itália, a notável médium Eusápia Paladino participou, em 1892, em diversas sessões de manifestações físicas de Espíritos, para estudos e pesquisas de César Lombroso, Aksakof, Richet, Giorgio Finzi, Ermacora, Broffério, Gerosa, Schiaparelli e Du-Prel, com resultados surpreendentes, que foram registrados por Lombroso no livro “Hipnotismo e Espiritismo”, de edição LAKE.

No Brasil, tivemos dois médiuns extraordinários de manifestações físicas de Espíritos:

Carmine Mirabelli, natural da cidade de Botucatu-SP, com suas realizações documentadas no livro “Mirabelli, Um Médium Extraordinário”, de autoria do pesquisador e escritor Lamartine Palhano Júnior, e de edição CELD;

e Francisco Lins Peixoto ou “Peixotinho”, cujas realizações foram documentadas no livro “Materializações Luminosas” de Rafael A. Ranieri, de edição LAKE, e no livro “Dossiê Peixotinho: Uma Biografia do Mais Famoso Médium de Materializações no Brasil”, de autoria de Lamartine Palhano Júnior e Walace Fernando Neves, de edição Lachâtre.

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CONSIDERAÇÕES DO AUTOR DESTE ARTIGO
O interesse de Allan Kardec em estudar profunda e seriamente as manifestações dos Espíritos surgiu numa reunião espírita, em maio de 1855, na casa da senhora Plainemaison, onde eram provocados os fenômenos das mesas girantes.
Sobre essa reunião espírita, Allan Kardec escreveu:

“Foi aí que, pela primeira vez, presenciei o fenômeno das mesas que giravam, saltavam e corriam, em condições tais que não deixavam lugar para qualquer dúvida. Assisti então a alguns ensaios, muito imperfeitos, de escrita mediúnica numa ardósia, com o auxílio de uma cesta. Minhas idéias estavam longe de precisar-se, mas havia ali um fato que necessariamente decorria de uma causa. Eu entrevia, naquelas aparentes futilidades, no passatempo que faziam daqueles fenômenos, qualquer coisa de sério, como que a revelação de uma nova lei, que tomei a mim estudar a fundo.”

Depois disso, Allan Kardec passou a frequentar diversas outras reuniões espíritas, tendo entrado em contato com muitos médiuns que se dedicavam às comunicações com os habitantes do mundo espiritual. Então, constatou que os Espíritos podiam responder com sabedoria e precisão às perguntas complexas que lhes eram formuladas. Daí surgiu a ideia de elaborar “O Livro dos Espíritos”, constituindo o Espiritismo que revoluciona o entendimento humano sobre Deus e a Obra da Criação.

Dessa forma, as mesas girantes foram, realmente, o ponto de partida da Doutrina Espírita.

A partir daí, com as comunicações estabelecidas por Allan Kardec com as inteligências desencarnadas através da escrita mediúnica, ele obteve valiosos ensinamentos que despertaram o interesse de homens conscienciosos e sérios; que permitiram a constituição da inovadora Doutrina dos Espíritos; e que revolucionaram o saber humano nos campos da ciência, filosofia, religião e moral.

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CAPÍTULOS ANTERIORES DE “O LIVRO DOS MÉDIUNS”

As principais lições contidas nos Capítulos anteriores de “O Livro dos Médiuns” foram publicadas neste mesmo blog nas seguintes datas:
13/fevereiro/2009 = INTRODUÇÃO.
24/abril/2009 = CAP. I: EXISTEM ESPÍRITOS?
05/agosto/2009 = CAP II: O MARAVILHOSO E O SOBRENATURAL.
02/março/2010 = CAP. III: MÉTODO.
14/julho/2010 = CAP. IV: SISTEMAS.
26/abril/2011 =SEGUNDA PARTE, CAP. I: AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE A MATÉRIA.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS EM "O LIVRO DOS ESPÍRITOS": ENCARNAÇÃO DOS ESPÍRITOS














PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS EM “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, SEGUNDA PARTE, CAPÍTULO II: ENCARNAÇÃO DOS ESPÍRITOS

Geziel Andrade

I – FINALIDADE DA ENCARNAÇÃO

Deus impõe a encarnação aos Espíritos com a finalidade de levá-los à perfeição.

Com a encarnação, o Espírito enfrenta as vicissitudes da existência corpórea. Assim, vai evoluindo e se aproximando da perfeição.

Além disso, para alguns Espíritos a encarnação é uma missão; para outros é uma expiação.

A encarnação tem ainda a finalidade de colocar o Espírito em condições de cumprir a sua parte na Obra da Criação.

Para executar essa sua parte, o Espírito assume, em cada mundo, um corpo material formado com a matéria que lhe permite cumprir as ordens de Deus.

É dessa maneira que o Espírito concorre para a obra geral e, ao mesmo tempo, progride em rumo à perfeição.

Todos os Espíritos têm a necessidade da encarnação para progredir.

Todos eles foram criados por Deus simples e ignorantes. Mas, vão se instruindo e progredindo através das lutas e atribulações da vida corporal.

Deus, sendo justo, não fez nenhum Espírito privilegiado.

Todos têm que realizar trabalhos, enfrentar penas e conquistar méritos.

O Espírito que enfrenta as tribulações da vida corporal seguindo o caminho do bem chega mais depressa à perfeição.

As penas que o Espírito enfrenta durante a vida corporal frequentemente decorrem de suas próprias imperfeições. Mas, à medida que ele vai se aperfeiçoando experimenta menos tormentos.

Deixando de ser invejoso, ciumento, avarento ou ambicioso deixa de sofrer os tormentos que se originam de suas imperfeições.

II – DA ALMA

O Espírito ao unir-se a um corpo material torna-se a alma desse corpo.

Portanto, a alma do homem é um Espírito encarnado.

Dessa forma, alma e Espírito são a mesma coisa.

Antes do Espírito se ligar a um corpo material e se tornar a alma do homem era um dos seres inteligentes que povoam o mundo invisível.

Então, teve que se revestir temporariamente de um invólucro carnal para se purificar e esclarecer.

No homem, além da alma e do corpo material, existe ainda um liame semimaterial, que possui ao mesmo tempo a natureza do Espírito e a do corpo material.

É esse liame que permite a comunicação entre a alma e o corpo material. É através desse liame que o Espírito age sobre o corpo material e vice-versa.

Dessa forma, o homem é formado por três partes essenciais:
1. O corpo material, semelhante aos dos animais e animado pelo mesmo princípio vital.

2. A alma ou Espírito encarnado, que habita temporariamente o corpo material. Então, este corpo é apenas um envoltório da alma.

3. O perispírito, que é o princípio intermediário, formado de substância semimaterial. É através do fluido intermediário do perispírito que a alma age e movimenta os órgãos do corpo material. O perispírito é o primeiro envoltório do Espírito, que permite a sua união ao corpo material.

Com a encarnação, o corpo material torna-se o segundo envoltório do Espírito.

Portanto, o Espírito encarnado tem dois envoltórios: o primeiro é o perispírito, que é sutil e leve; o segundo é o corpo material, formado de matéria grosseira e pesada.

Dessa forma, a alma é o centro de dois envoltórios. Além disso, pode dizer-se que a sua sede se encontra mais particularmente nos órgãos que servem para as suas manifestações intelectuais e morais.

Com o nascimento, o Espírito encarnado passa a habitar um corpo material com vida orgânica e animado pelo fluido vital. Mas, a alma não fica completamente encerrada no corpo material. Ela irradia e se manifesta no exterior.

Com a morte do corpo material, a alma abandona esse corpo e retorna ao mundo invisível, de onde havia se ausentado para progredir em rumo à perfeição.

Sendo o Espírito um ser moral, distinto e independente da matéria, ele conserva sempre a sua individualidade após a desencarnação.

Como o Espírito é indivisível, ele não pode encarnar-se, ao mesmo tempo e de uma só vez, em dois corpos materiais diferentes. Isto é, ele não pode animar simultaneamente duas criaturas diferentes.

III – MATERIALISMO

Muitas coisas estão ocultas na Natureza e escapam à visão, ao entendimento e ao saber do homem.

Por isso, algumas pessoas tiram conclusões falsas de suas observações, não vendo nos seres orgânicos nada além da ação da matéria e atribuindo a ela todos os atos humanos.

Dessa forma, algumas pessoas:
• Não consideram a existência da alma no homem;

• Crêem que o pensamento se extingue, os laços sociais se rompem e os afetos são destruídos com a morte do corpo material;

• Não encontram sentido na distinção entre o bem e o mal;

• Acreditam que o homem deve pensar apenas em si mesmo;

• E julgam que a satisfação dos prazeres materiais está acima de tudo.

Felizmente, as ideias dessas pessoas são muito circunscritas e representam opiniões individuais. Se elas constituíssem a base de uma sociedade, conteriam os germes de sua dissolução e os seus membros agiriam como animais ferozes.

Por outro lado, o homem traz em si mesmo, de forma instintiva, a convicção de que nem tudo acaba com a morte. Ele repele naturalmente a existência do nada que traga as faculdades, apaga as memórias, não recompensa o bem realizado, elimina as esperanças e separa eternamente as afeições sinceras.

Além disso, o homem sempre teve ao seu lado e aceita o ensino religioso que lhe mostra a realidade espiritual. Por isso, crê na existência da alma e nas consequências no além-túmulo do bem ou do mal que foi praticado na vida terrena.

O Espiritismo tem a missão de esclarecer o homem a respeito da vida futura da alma, mostrando-lhe fatos.

Com as comunicações com os Espíritos, através de médiuns, a existência da alma e a sua sobrevivência à morte do corpo material não é apenas uma presunção, uma probabilidade. É uma realidade concreta.

Os próprios Espíritos vêm nos contar a sua situação no além-túmulo; dizer-nos o que fazem; narrar as suas peripécias na nova vida; revelar-nos as consequências dos méritos decorrentes do bem praticado e dos delitos cometidos.

Assim, o Espiritismo é o mais poderoso auxiliar da religião, por despertar no homem a fé, o fervor e a confiança.

Deus permite isso para reanimar as nossas esperanças e para nos conduzir ao caminho do bem pelo conhecimento do futuro da alma.

CONSIDERAÇÕES DO AUTOR DESTE ARTIGO

O Espiritismo, com os ensinamentos acima, propicia-nos um novo e amplo entendimento da Obra de Deus, do Espírito, de sua encarnação, da constituição complexa do homem e da finalidade da vida.

Com o Espiritismo, entendemos que somos Espíritos temporariamente encarnados com o propósito de desenvolver as faculdades, adquirir experiências, crescer em conhecimentos, conquistar virtudes e progredir incessantemente em rumo à perfeição espiritual.

Convictos das realidades em que estamos inseridos na grandiosa Obra da Criação, conscientizamo-nos acerca dos verdadeiros valores que devemos conquistar e do propósito de elevação na verdadeira hierarquia, que é a espiritual.

Com as lições do Espiritismo sobre a nossa composição tríplice, vivemos a vida material sob uma perspectiva intelectual, moral e espiritual. Assim, cumprimos nossa jornada evolutiva terrena conscientes de que a alma imortal é o centro de nossa ação e o elemento mais importante na nossa composição humana.

Além disso, o Espiritismo, graças a análise criteriosa e conscienciosa dos fatos espíritas e das comunicações sérias e instrutivas dos Espíritos, através de médiuns, oferece-nos provas irrecusáveis de que a vida da alma continua na vida espiritual após a morte do corpo material subordinada às Leis Divinas e às condições de vida existentes no mundo espiritual, o que nos leva à preparação para a vida futura, pela prática do bem e pela realização das boas obras.

Orientados pelo Espiritismo, vivemos preocupados em progredir em termos intelectuais, morais e espiritual, pelo bom aproveitamento do tempo, pelo bom uso das faculdades da alma e pelo cumprimento das Leis e dos Desígnios de Deus.

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CAPÍTULOS ANTERIORES DE “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”

Os artigos com as principais lições contidas nos Capítulos anteriores de “O Livro dos Espíritos” foram publicadas neste mesmo blog e podem ser consultadas nas seguintes datas:

Introdução = 30/janeiro/2009.

Prolegômenos = 09/abril/2009.

Capítulo I: Deus = 07/julho/2009.

Capítulo II: Elementos Gerais do Universo = 08/fevereiro/2010.

Capítulo III: Criação = 18/junho/2010.

Capítulo IV: Princípio Vital = 09/setembro/2010.

2ª. Parte, Cap. I: Dos Espíritos:

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

EDUCAÇÃO PARA O DESPERDÍCIO ZERO














EDUCAÇÃO PARA O DESPERDÍCIO ZERO


Geziel Andrade

“Quando metade dos produtos é desperdiçada na satisfação de fantasias, deve o homem se admirar de nada encontrar no dia seguinte e tem razão de se lastimar por se achar desprevenido quando chega o tempo de escassez? Na verdade, eu vos digo que não é a Natureza a imprevidente, é o homem que não sabe regular-se.” (Questão 705 de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec).


Imaginemos quanto trabalho e quantos recursos financeiros e materiais são empregados ao longo do tempo para que um simples pão seja produzido.

Imaginemos agora que só a metade desse pão seja consumida na alimentação e que a outra metade seja abandonada no armário da cozinha até que seja jogada no lixo.

Visualizemos ainda essa mesma situação ocorrendo diariamente com milhares de produtos, em milhares de lares.

Podemos finalmente calcular, a partir desse fato corriqueiro, porque são tão elevados os números e porque são tão assustadoras as estatísticas que mostram a situação do desperdício com alimentos e gêneros de primeira necessidade que ocorre na sociedade brasileira, prejudicando milhões de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza.

Por isso, o desperdício é crime moral contra os pobres de uma sociedade.

O não aproveitamento integral dos produtos comprados é praticado por negligência, mau uso do livre-arbítrio e abuso da liberdade de ação, prejudicando aqueles a quem falta o alimento na mesa de refeições e que vivem com fome, desnutrição e na miséria.

Portanto, desperdiçar jamais é um direito de alguém.

Tudo o que for perdido com o desperdício tem um valor social que pode eliminar a escassez de alguém, em algum lugar da comunidade.

Comprar um produto para ter pouca utilidade, serventia e uso é não permitir que as necessidades sociais sejam plenamente satisfeitas e que o bem-estar coletivo aumente.

Quando produtos ficam estocados num lar, até que se tornem obsoletos, exigindo que sejam descartados, promovemos a carência em outro lar.

Face a essa realidade dura e visível na sociedade, o combate ao desperdício deve estar no programa educativo de toda pessoa, desde a infância.

Somente assim, o esbanjamento pode ser eliminado no lar, na empresa e na sociedade, com os produtos ficando à disposição do mercado, aumentando o beneficio social.

Qualquer ação educativa deve:

1. Contemplar, obrigatoriamente, o não desperdício;

2. Pregar sempre o bom aproveitamento dos alimentos, gêneros essenciais e produtos disponíveis;

3. Reaproveitar as sobras;

4. Melhorar os hábitos de consumo desde o momento da compra;

5. Conscientizar de que nada deve simplesmente ser jogado fora, pois causa prejuízo ao próximo.

O educando deve ser levado a pensar na enorme escassez que existe nos asilos, nas creches, nas instituições de caridade e nas famílias carentes, para que a sua consciência aponte a falta moral grave que é cometida contra o próximo e a sociedade, quando ele se torna agente do desperdício.

A EDUCAÇÃO ESPÍRITA VOLTADA AO COMBATE AO DESPERDÍCIO

A educação espírita, com base principalmente nas lições valiosas contidas nos Capítulos que compõem as Leis Morais, na Terceira Parte de “O Livro dos Espíritos”, incute-nos as seguintes responsabilidades morais e sociais acerca dessa importantíssima questão:

• Valorizar cada produto, aproveitar bem tudo o que estiver à nossa disposição e ter gratidão por todos os bens que nos são confiados em usufruto, empregando-os no bem-estar próprio e do semelhante.

• Ter bom senso e apurar a razão para conseguirmos a perda zero no consumo, evitando praticar o crime moral e social do desperdício.

• Enxergar que o esbanjamento é falta de amor e de caridade para com o próximo, que precisa do que estamos simplesmente descartando.

• Escutar a voz da consciência que é o juiz severo que nos condena quando causamos privações ou prejuízos ao bem estar dos semelhantes, ao jogarmos no lixo o que poderia ter sido reaproveitado ou reciclado pelos outros.

• Combater o comodismo de jogar fora as sobras, com as quais podemos socorrer aqueles que estão na necessidade e no infortúnio.

• Estar ciente da atitude egoísta que é não pensarmos nas necessidades alheias ao não transferirmos para os outros os excedentes perecíveis ou dispensáveis que estão à nossa disposição.

• Não esbanjar no uso de qualquer produto, pois podemos direcionar a perda aos mais necessitados, num exercício da fraternidade.

• Usar os bens à disposição com sensatez e previdência, tornando-nos usufrutuários conscientes e responsáveis, que multiplicam os recursos recebidos em confiança do Senhor.

• Elevar o conforto dos mais necessitados, direcionando-lhes os produtos que estão estocados sem utilidade nos armários do nosso lar.

• Ter a preocupação de doar tudo o que estiver sobrando, na forma de alimento, roupa, agasalho, remédio, livro, etc. disseminando a beneficência e aumentando a satisfação coletiva.

• Ser um comprador e consumidor consciente, que não perde nada que possa ser útil ao próximo e que vá fazer falta em outro lugar.

ADVERTÊNCIAS DO ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS

Em corroboração às recomendações espíritas apresentadas, observemos e pratiquemos os seguintes ensinamentos do Espírito Joanna de Ângelis, contidos na mensagem “Desperdício”, psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco:

“Há muito desperdício no mundo, fomentando faixa de miséria entre os homens. O que abunda em tua mesa falta em muitos lares. O excesso nas tuas mãos é escassez em inúmeras famílias. O que te sobras e atiras fora, produz ausência em outros lugares. O desperdício é fato expressivo de ruína na comunidade.” (...)

“Muitos cristãos distraídos desperdiçam alimentos em banquetes, recepções, festas extravagantes com que disputam vaidades; desperdiçam medicamentos em prateleiras empoeiradas, aguardando, no lar, doenças que não chegarão, ou, em se apresentando encontram-nos ultrapassados; desperdiçam trajes e agasalhos em armários fechados, que não voltarão a usar; desperdiçam moedas irrecuperáveis em jogos e abusos de todo gênero, sem qualquer recato ou zelo.” (...)

“O desperdício alucina o extravagante e exaure o necessitado que se lhe faz vítima. Há, sim, muito e incompreensível desperdício na Terra. Reparte a tua fartura com a escassez do teu próximo. Divide os teus recursos, tuas conquistas e vê-lo-ás multiplicados em mil mãos que se erguerão louvando e abençoando as tuas generosas mãos.” (...)

“O que desperdiçais hoje, faltar-te-á amanhã, não o duvides. Sê pródigo sem ser perdulário, generoso sem ser desperdiçador e o que conseguires será crédito ou débito na contabilidade da tua vida perene.”

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NOTA: OUTROS ARTIGOS SOBRE A EDUCAÇÃO ESPÍRITA PUBLICADOS NESTE MESMO BLOG EM:

26/out/2008 = Educação para a Fraternidade.

12/dez/2008 = Educação para o Trabalho.

11/jun/2009 = Educação para Ser Útil.

01/out/2009 = Duas asas da Educação Espírita.

04/jan/2010 = Roteiro para a Educação da Alma.

26/maio/2010 = Educação da Vontade.

05/nov/2010 = Educação para a Paz.

20/maio/2011 = Educação para Lidar com os Cascalhos.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

ESPIRITISMO: LIÇÕES DE ALLAN KARDEC A RESPEITO















ESPIRITISMO: LIÇÕES DE ALLAN KARDEC A RESPEITO

Geziel Andrade

Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, legou-nos inúmeras lições a respeito do Espiritismo.

A compilação a seguir apresentada, reuni as suas principais lições a respeito do assunto, as quais foram extraídas de suas obras, inclusive da “Revista Espírita”.

Essas lições de Allan Kardec a respeito do Espiritismo falam por si, dispensando comentários adicionais:

O ESPIRITISMO TEM POR BASE A EXISTÊNCIA DE DEUS; A EXISTÊNCIA E A IMORTALIDADE DA ALMA; E AS PENAS E RECOMPENSAS FUTURAS:

“O Espiritismo se apóia nas bases mesmas da religião: Deus, a alma e as penas e recompensas futuras, baseadas no bem e no mal que se faz.”

“O Espiritismo tem por base essencial a existência de Deus, a da alma, sua imortalidade, as penas e as recompensas futuras.”


O ESPIRITISMO TEM COMO OBJETIVO PROVAR A EXISTÊNCIA DA ALMA NO HOMEM, BEM COMO A SUA SOBREVIVÊNCIA À MORTE DO CORPO MATERIAL, ESTANDO SUJEITA ÀS CONSEQUÊNCIAS DAS BOAS OU MÁS AÇÕES PRATICADAS:

“O objetivo do Espiritismo é provar àqueles que negam, ou que duvidam, que a alma existe, que ela sobrevive ao corpo e que sofre, após a morte, as consequências do bem ou do mal que praticar durante a vida corpórea: o objetivo de todas as religiões.”

“O Espiritismo é a prova palpável e evidente da existência, da individualidade e da imortalidade da alma.”

“O Espiritismo não somente prova a existência da alma e a sua imortalidade, como ainda mostra o seu estado feliz ou desgraçado, conforme os méritos desta vida.”

“O Espiritismo ressalta, pelo raciocínio e pela experiência, a sobrevivência da alma, a conservação da sua individualidade após a morte do corpo material, sua faculdade de progredir, e seu estado feliz ou infeliz proporcional ao seu adiantamento na senda do bem.”

“As provas materiais que o Espiritismo dá da sobrevivência da alma à morte do corpo material são acolhidas com alegria; a confiança renasce, porque o homem sabe, daí em diante, que a vida terrestre é apenas curta passagem conducente a uma vida melhor; que seus trabalhos aqui não lhe são perdidos; e que as mais santas afeições não são quebradas sem esperança.”


O ESPIRITISMO TEM COMO FUNDAMENTO A EXISTÊNCIA DO MUNDO DOS ESPÍRITOS:

“O Espiritismo está fundado na existência de um mundo invisível, formado de seres incorpóreos que povoam o espaço, e que outros não são senão as almas daqueles que viveram sobre a Terra ou em outros globos, onde abandonaram seu invólucro corporal.”

“O Espiritismo diz e prova pelos fatos que, com a morte, as nossas almas vão para o mundo dos Espíritos: elas formam em torno de nós uma população inumerável.”

“O Espiritismo repousa sobre o princípio que os Espíritos não são senão homens despojados de seu invólucro material; que o mundo visível derrama Espíritos, incessantemente, pela morte, no mundo invisível; e este no mundo carnal, pelos nascimentos.”


O ESPIRITISMO ENSINA QUE A VERDADEIRA FINALIDADE DA VIDA É O PROGRESSO INTELECTUAL E MORAL DO ESPÍRITO ATÉ QUE CONQUISTE A PERFEIÇÃO ESPIRITUAL ATRAVÉS DAS SUCESSIVAS REENCARNAÇÕES:

“O Espiritismo nos ensina que os Espíritos são as almas dos homens que viveram na Terra; que elas progridem sem cessar; e que os anjos são essas mesmas almas ou Espíritos chegados a um estado de perfeição que os aproxima da Divindade.”

“Com o Espiritismo, o homem sabe que a alma progride sem cessar, através de uma série de existências materiais sucessivas, até que tenha atingido o grau de perfeição que pode aproximá-la de Deus.”


O ESPIRITISMO É A REVELAÇÃO FEITA PELOS ESPÍRITOS SUPERIORES, ATRAVÉS DE SEUS ENSINOS DADOS POR INTERMÉDIO DE MÉDIUNS:

“Tendo o Espiritismo dado a conhecer o mundo invisível, que nos cerca, e em cujo meio vivemos sem o suspeitar; as leis que o regem; as relações com o mundo visível; a natureza e os estados dos seres que o habitam e, conseguinte, o destino do homem após a morte, é uma verdadeira revelação, na acepção científica do vocábulo.”

“Os pontos fundamentais da Doutrina Espírita são os ensinos dados pelos Espíritos encarregados por Deus de esclarecer os homens sobre coisas que estes ignoravam, que não podiam aprender por si mesmos e que hoje lhes importa conhecer, pois estão amadurecidos para as compreender.”

“O Espiritismo não só vem confirmar a teoria da vida futura, mas a prova pelos fatos mais patentes que se possam apresentar: o testemunho daqueles que nela se acham.”


O ESPIRITISMO DESVENDA O MUNDO DOS ESPÍRITOS:

“O Espiritismo nos desvenda o mundo dos Espíritos: uma das forças mais poderosas da Natureza, força que, ao mesmo tempo, age sobre o mundo moral e o mundo físico.”

“A nova força que o Espiritismo vem revelar é a ação do mundo invisível sobre o visível. O mundo invisível que nos envolve é essencialmente inteligente, pois se compõe das almas dos homens que aqui viveram.”

“O Espiritismo nos mostra, com fatos, a existência do mundo invisível e o futuro que nos aguarda. Assim, dá ao homem a força moral, a coragem e a resignação, porque ele não mais trabalha apenas pelo presente, mas pelo futuro. Sabe que se não gozar hoje, gozará amanhã.”

“Graças ao Espiritismo, sabemos que a morte do corpo não interrompe a vida do Espírito, mas que lhe abre a verdadeira vida; que não rompe nenhuma afeição sincera; que os que nos são caros não estão perdidos para nós e que os encontraremos no mundo dos Espíritos. Sabemos que enquanto esperamos, eles estão junto de nós; que nos vêem e nos ouvem e podem continuar suas relações conosco.”


O ESPIRITISMO DEMONSTRA A LEI DAS RELAÇÕES EXISTENTES ENTRE A VIDA ESPIRITUAL E A VIDA MATERIAL:

“Tal é a Lei que o Espiritismo vem demonstrar: ligação íntima entre a vida espiritual e a vida orgânica, durante a vida terrena; destruição da vida orgânica e persistência da vida espiritual após a morte; ação do fluido perispiritual sobre o organismo; reação incessante do mundo invisível sobre o mundo visível e reciprocamente.


O ESPIRITISMO DÁ A CERTEZA DE QUE NADA SE PERDE DAS CONQUISTAS REALIZADAS PELO ESPÍRITO, ATRAVÉS DAS SUCESSIVAS REENCARNAÇÕES:

“O Espiritismo dá a certeza que de tudo quanto se faz, de tudo quanto se adquire em inteligência, em ciência, em moralidade, até a última hora da vida, nada fica perdido; que tudo aproveita ao adiantamento do Espírito.”

“Com o Espiritismo, o homem sabe de onde vem e para onde vai; vê um objetivo para o seu trabalho, para os seus esforços, e uma razão de ser para o bem; sabe que nada do que aqui adquire em saber e moralidade lhe é perdido, e que o seu progresso continua indefinidamente no além-túmulo.”


O ESPIRITISMO É UMA CIÊNCIA DE OBSERVAÇÃO:

“No Espiritismo não há qualquer teoria pré-concebida: o espírita vê, observa, estuda os efeitos, procura remontar às causas, de tal sorte que, quando formula um princípio ou uma teoria, sempre se apóia na experiência. É, pois, rigorosamente certo dizer que o Espiritismo é uma ciência de observação.”

“A Doutrina Espírita é deduzida pelo trabalho do homem, da observação dos fatos que os Espíritos põem sob os nossos olhos e das instruções que nos dão; instruções que ele estuda, comenta, compara e das quais ele próprio tira as conseqüências e as aplicações.”

“No Espiritismo, o homem observa os fatos, os compara, os analisa, e dos efeitos, remontando às causas, chega à lei que os rege; depois deduz as suas consequências e busca as suas aplicações úteis. Não estabelece qualquer teoria preconcebida.”


O ESPIRITISMO TEM UM ASPECTO RELIGIOSO:

“Do ponto de vista religioso, o Espiritismo tem por base as verdades fundamentais de todas as religiões: Deus, a alma, a imortalidade, as penas e as recompensas futuras.”


O ESPIRITISMO TEM UM FORTE ASPECTO MORAL:

“O mais belo lado do Espiritismo é o lado moral. É por suas conseqüências morais que ele tem força. Sua bandeira é Amor e Caridade.”

“O fim essencial do Espiritismo é o melhoramento moral do homem.”

“O Espiritismo tem um poder moralizador pelo fim que ele assina a todas as ações da vida, pelas conseqüências do bem e do mal, que faz tocar com o dedo.”

“O Espiritismo tem por base a caridade e o amor ao próximo; melhora os homens e os leva a renunciarem os hábitos de desordem; dá fé aos que em nada crêem; faz orar aos que nunca oram; restabelece a união nas famílias divididas; e impede o suicídio.”

“A alma do Espiritismo é a caridade; ela resume todos os deveres do homem para consigo mesmo e para com os seus semelhantes; eis porque se pode dizer que não há verdadeiro espírita sem caridade.”

“O Espiritismo exerce uma ação poderosa sobre o moral do homem; leva-o ao bem, consola-o nas aflições, dá-lhe força e coragem nas provações da vida e o desvia do pensamento do suicídio.”

“O verdadeiro objetivo da Doutrina Espírita é o da moral. Procurai no Espiritismo aquilo que vos pode melhorar. Eis o essencial.”

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NOTA: Os artigos anteriores desta série, publicados neste blog, foram os seguintes:

03/maio/2010 = DEUS: Lições de Allan Kardec a respeito.

04/janeiro/2011: O HOMEM: Lições de Allan Kardec a respeito.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

HONESTIDADE















HONESTIDADE

Geziel Andrade

O livro “UM OLHAR SOBRE A HONESTIDADE”, de autoria de Donizete Pinheiro, e de edição da Editora EME, de Capivari-SP, veio enriquecer o Movimento Espírita e reafirmar a importância da honestidade nas relações e condutas na vida em família e em sociedade.

Essa análise, em profundidade, da questão moral da honestidade fornece as bases e os subsídios para que o tema seja tratado de forma abrangente não só no Centro Espírita, mas também nas escolas, nas conversas e atitudes em família e nas atividades mantidas nos mais diversos segmentos da sociedade.

Na realidade, o livro contém as bases para que a HONESTIDADE torne-se matéria escolar obrigatória, a ser ministrada desde o jardim de infância até a universidade.

Essa é a única maneira de vermos essa indispensável virtude sendo disseminada e praticada na vida pública e privada, engrandecendo e melhorando as condições de vida na família, no ambiente de trabalho e na sociedade.

Reafirmando: pela sua importância para a evolução moral do Espírito encarnado, o tema Honestidade deve ser permanentemente abordado nas palestras e nos cursos no Centro Espírita, dentro do seu programa de educação moral.

Deve também estar presente em todas as escolas e universidades, pela relevância que tem para o progresso moral do homem, para a melhoria na convivência e nas relações humanas e pelos benefícios que promove em todos os segmentos da sociedade.

O valioso livro de Donizete Pinheiro é uma conversa aberta, franca e instrutiva com o leitor sobre o tema. Ele trata o assunto de modo elegante e com autoridade, levando-o a refletir sobre as qualidades nobres de quem pratica a honestidade e dos benefícios que gera ao próximo e à sociedade.

ENTREVISTA SIMULADA COM DONIZETE PINHEIRO, VISANDO A APRESENTAÇÃO DE SUAS RESPOSTAS PARA AS PRINCIPAIS QUESTÕES RELACIONADAS COM A PRÁTICA DA HONESTIDADE.

Com base no texto bem elaborado de Donizete Pinheiro, produzimos a seguinte entrevista simulada, seguida de alguns breves comentários sobre as lições apresentadas pelo autor, visando mostrar, em poucas palavras e mesmo que de modo pálido, o excelente conteúdo do livro que está aplicado às varias situações da vida:

1 – POR QUE SER HONESTO?

“Ser honesto não é apenas uma questão religiosa, de consciência ou de integridade moral, mas necessidade para a paz na sociedade.”

“A honestidade gera confiança e aumenta a credibilidade na pessoa honesta. Os honestos merecem confiança.”

“Se há algo que os homens íntegros e honrados defendem com ardor é a honestidade.”

Realmente, observando o desaparecimento da paz e a escalada generalizada da violência, gerados com a falta de confiança, integridade, honra e principalmente carência de honestidade de uns para com os outros, temos que concordar plenamente com a afirmação acima do autor.

2 – É POSSÍVEL PASSARMOS PELA PROVA DA HONESTIDADE?

“A pessoa deve ser íntegra, autêntica e honesta, apesar das tentações que a vida possa lhe oferecer.”

“O honesto não pactua com a desonestidade e, quanto possível, a combate. Ele não se omite, nem fica indiferente à desonestidade, mesmo que não seja atingido diretamente por ela. Assim, contribui para o estabelecimento do bem e da justiça na vida em sociedade.”

Realmente, as tentações aparecem todo momento pondo em prova a nossa honestidade. Mas, quando dizemos a verdade, usamos da sinceridade, não pactuamos e nem ficamos indiferentes à desonestidade alheia, revelamos nossos valores e passamos pelas tentações e provas, dando prova de nosso grau de honestidade.

3 – SER HONESTO EXIGE SACRIFÍCIO E ESFORÇO?

“Usar bem o livre-arbítrio e manter-se honesto em meio a um mundo corrupto requer esforço e luta interior; implica em abrir mão de oportunidades e facilidades que dão conforto e vantagens.”

“Construir uma vida de honestidade implica em tempo, esforço e renúncias. Mesmo assim, devemos prosseguir na conquista da honestidade.”

Realmente, a conquista da honestidade exige esforço, luta e sacrifício. Mas, vale a pena sustentarmos essa batalha, pela paz na consciência e pelos gozos íntimos que a conquista dessa virtude propicia e pela ascensão que garante na hierarquia espiritual e moral.

4 – O QUE CARACTERIZA A DESONESTIDADE?

“A desonestidade é marcada pelo prejuízo que se causa a alguém.”

“Só há evidente desonestidade quando alteramos intencionalmente a verdade a favor de nossos interesses pessoais, com prejuízo para alguém. É o que se chama má-fé, que macula as relações pessoais e desestabiliza a ordem social.”

“A ganância não tem limite e destrói pessoas honestas.”

“A ignorância e os enganos nos levam à desonestidade.”

“A hipocrisia é filha da desonestidade.”

“A desonestidade é parenta direta do egoísmo.”

“A pessoa desonesta mente para obter o enriquecimento ilícito.”

Realmente, a desonestidade causa muitos males e prejuízos ao próximo e a quem a pratica. Ela envolve a má intenção, os interesses escusos, a mentira, o egoísmo, a ganância, a ignorância e os enganos, que são imperfeições ou deficiências morais. Combatendo-os elevamos o nosso grau de honestidade e moralidade.

5 – PARA SER INTELIGENTE E ESPERTA A PESSOA PRECISA SER DESONESTA?

“O desonesto julga-se inteligente, esperto, ardiloso e praticante do “crime perfeito”, mas, mais cedo ou mais tarde, dá um passo em falso e é desmascarado, sofrendo as conseqüências impostas pela lei de causa e efeito e os transtornos impostos pela consciência.”

Realmente, cedo ou tarde, a pessoa desonesta é desmascarada. Além disso, a justiça de Deus, que dá a cada um segundo as suas obras, na vida presente, na vida futura e na próxima reencarnação, pega a pessoa desonesta. Então, não escapa às dolorosas conseqüências de suas ações infelizes.

6 – A PESSOA DESONESTA DEVE SER PUNIDA?

“Se não encontrarmos resistência às nossas ações indignas, se não formos punidos pela nossa má-fé, se não formos obrigados à reparação dos danos causados, prosseguiremos achando correta a nossa maneira desonesta de ser e de proceder.”

“O desonesto precisa ser levado a perceber os malefícios de sua conduta que magoa, fere e causa danos às pessoas e compromete a paz social.”

Realmente, sem a punição educativa e exemplar a humanidade estaria em péssima situação. Se não houvesse punição para o político desonesto, o empresário mal intencionado, o empregado oportunista, o diretor que dá desfalque, o gerente que aplica golpe no parceiro, o vendedor mentiroso que engana e prejudica os clientes, etc., como estaria a evolução da vida em sociedade? Com certeza, totalmente comprometida.

7 – EXISTEM A PEQUENA DESONESTIDADE E A GRANDE DESONESTIDADE?

“A grande desonestidade é a pequena desonestidade que cresceu.”

“Os pequenos atos de desonestidade foram levando a pessoa a se tornar um grande desonesto.”

“Por isso mesmo, as pequenas infrações e os pequenos delitos precisam ser combatidos.”

“Evitando-se uma ação desonesta, evita-se um mal maior.”

Realmente, se não conseguirmos extinguir as pequenas desonestidades pela raiz, elas, certamente, crescerão e poderão atingir proporções inimagináveis, desestruturando a vida dos agentes políticos, econômicos e sociais.

8 – A HONESTIDADE DEPENDE DA CLASSE OU DA POSIÇÃO SOCIAL?

“A honestidade não depende da posição social.”

“Há pessoas pobres que são honradas e honestas.”

“A honestidade e a desonestidade nada têm a ver com a posição social.”

“Alguns ricos são desonestos, mesmo tendo tudo para viver uma vida luxuosa.”

Realmente, encontramos pessoas honestas ou desonestas em todas as classes ou posições sociais. Isso, com certeza, é um reflexo e retrato do grau de elevação moral e espiritual em que se encontra cada Espírito encarnado.

9 – POR QUE A HONESTIDADE DEVE SER APLICADA EM TODOS OS CAMPOS DA VIDA?

“A honestidade no relacionamento afetivo e no casamento estabelece laços de confiança, respeito, afeto e amor.”

“A honestidade revela os amigos verdadeiros.”

“A honestidade nas relações entre patrões e empregados permite que haja condições dignas de trabalho, remuneração adequada às necessidades e cumprimento correto das tarefas.”

“A honestidade no pagamento de impostos sustenta a manutenção do Estado eficiente.”

“A honestidade na administração das coisas públicas beneficia a coletividade com o atendimento das necessidades coletivas.”

“A honestidade nos jogos garante que não haja fraudes e que vençam os atletas e jogadores melhores treinados e preparados.”

“A honestidade no comércio atende o respeito ao consumidor e aos seus direitos.”

“A honestidade na mídia evita a manipulação da opinião pública e não influencia negativamente os cidadãos.”

“A honestidade dos representantes das religiões serve de exemplo ou modelo para os seguidores e adeptos.”

Realmente, em todos os campos da vida precisamos da honestidade. Por isso, ela deve fazer parte, desde a infância, do processo educativo de cada cidadão.

10 - COMO CONQUISTAR A HONESTIDADE?

“A honestidade pode ser conquistada.”

“A conquista da honestidade implica na vigilância dos pensamentos, que retratam nossa maneira de pensar e sentir.”

“A conquista da honestidade decorre de pensar no bem, falar no bem e agir no bem; e refletir nas conseqüências dos pensamentos e das ações.”

Realmente, somente com a indispensável educação moral e o esforço para a reforma íntima pela prática do bem melhoramos o modo de ser, sentir, pensar e agir. Então, avaliamos as consequências de cada pensamento, palavra, sentimento e ato. Dessa forma, aplicamos a honestidade em todos os campos da vida beneficiando o próximo e vivendo melhor.

11 - QUE PAPEL A EDUCAÇÃO DESEMPENHA NA CONQUISTA DA HONESTIDADE?

“A educação tem importante contribuição no reforço da honestidade e na superação da desonestidade.”

“A educação é o melhor instrumento de formação do bom hábito de fazer o bem e cumprir as leis de Deus para beneficiar a vida em sociedade.”

“A honestidade é qualidade adquirida com a educação que ensina a importância dela para a vida e para o progresso.”

Realmente, é indispensável o investimento na educação moral desde a infância, para a formação do homem sábio, bom, honesto, justo, fraterno e solidário. Somente assim, constituímos a sociedade alicerçada na prática das virtudes, como caminho infalível para o benefício e progresso de todos, para a paz e o bem-estar coletivo.

terça-feira, 28 de junho de 2011

"O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO": CAPÍTULO V: BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS














PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS EM “O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO” CAPÍTULO V: BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS

Geziel Andrade

JUSTIÇA DAS AFLIÇÕES
Jesus prometeu aos aflitos e sofredores compensações na vida futura para os momentos difíceis suportados na vida terrena. Disse:
“Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados”.
“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados”.
“Bem-aventurados os que sofrem perseguições pela justiça, porque o reino dos céus é para eles”.
“Vós sois bem-aventurados, vós que sois pobres, porque o reino dos céus é para vós.”
(Mateus, Cap. V; e Lucas, Cap. VI.)

Essas promessas de Jesus de bem-aventuranças no reino dos céus para os que enfrentam tribulações na vida material não chegam a explicar por que uns sofrem mais do que os outros; por que uns nascem na miséria e outros na opulência; por que uns encontram problemas na vida, enquanto outros encontram facilidades; por que os bens e os males estão desigualmente repartidos; e por que certos homens virtuosos sofrem, enquanto certos homens maus prosperam.

Entretanto, sabendo que Deus possui perfeições infinitas, que é todo poder, justiça e bondade, e que é soberanamente bom e justo, as vicissitudes da vida devem ter causas justas.

E o Espiritismo veio explicar essas causas.

CAUSAS ATUAIS DAS AFLIÇÕES

As vicissitudes da vida têm duas fontes distintas: estão na vida presente ou em vida passada.

Na vida presente, basta o homem procurar a fonte dos males que o atormentam para descobrir que eles são a conseqüência natural do seu caráter e da sua conduta.

Muitos homens suportam males porque cometem faltas; tornam-se vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição; arruínam-se por falta de ordem e perseverança; adotam más condutas; não limitam seus desejos; tornam suas uniões infelizes pelos interesses materiais e pela falta de bons sentimentos; promovem dissensões por falta de moderação e excesso de suscetibilidade; contraem enfermidades por intemperança e excessos de todos os gêneros; tornam-se infelizes com os filhos com a falta de respeito e ingratidão por não terem combatido neles as más tendências, o orgulho, o egoísmo e a vaidade; etc.

Basta que o homem atingido pelas vicissitudes e decepções da vida interrogue friamente a consciência para descobrir a fonte dos males. Então pode dizer: se eu tivesse, ou se eu não tivesse feito tal coisa, eu não estaria em tal situação.

Dessa forma, na vida presente, o homem, geralmente, é o artífice das próprias vicissitudes, aflições e dos próprios infortúnios.

Cabe-lhe, portanto, evitá-los, trabalhando para o seu aprimoramento tanto moral, quanto intelectual.

Deus, que quer o progresso de suas criaturas, não deixa impune nenhum desvio do caminho reto, nenhuma falta, por pequena que seja, nenhuma infração à sua Lei.

Dessa forma, o homem é sempre punido com a conseqüência do erro que cometeu.

Os sofrimentos são, assim, a conseqüência natural do erro cometido; são advertências que dão experiências ao homem, fazendo-o perceber a diferença entre praticar o bem e o mal; apontam-lhe a necessidade de se melhorar, de se emendar para não retardar o seu adiantamento e não comprometer a sua felicidade futura.

Se o homem não conseguir extrair experiências dos seus sofrimentos, perde a sua jornada evolutiva terrena e fica na dependência de Deus conceder-lhe outra oportunidade de reparar o tempo perdido em uma nova vida, onde possa aproveitar a experiência do passado e tomar boas resoluções para o seu futuro.

CAUSAS ANTERIORES DAS AFLIÇÕES

Alguns males parecem atingir o homem como que por fatalidade.

Assim, temos, por exemplo, a perda de seres queridos ou de arrimos de família; as crianças que morrem em tenra idade, conhecendo apenas sofrimentos; os acidentes que nenhuma providência consegue impedir; os reveses de fortuna que independem das medidas de prudência; os flagelos naturais; as enfermidades de nascimento, sobretudo as que dificultam o ganho da vida pelo trabalho, como a deformidade, a idiotia, o cretinismo, etc.

Nesses casos, o homem nada fez nesta vida para merecer tais males.

Além disso, o homem sofredor encontra ao seu lado, no mesmo teto, na mesma família, pessoas favorecidas sob todos os aspectos.

Como explicar esses fatos infelizes que induzem a negar a bondade, a justiça e a providência de Deus?

Como fugir dessa negação quando se admite que a alma foi criada no mesmo tempo do corpo material, com sua sorte irrevogavelmente fixada, a ponto de ter que suportar as misérias do mundo material sem a oportunidade de realizar o bem?

Entretanto, todo efeito tem uma causa. Então, esses males são efeitos de uma causa justa. Dessa forma, chega-se à justiça de Deus.

Ora, toda causa precede ao efeito. Se a causa não está na vida atual, deve estar necessariamente numa existência anterior ao efeito, isto é, numa existência corporal precedente.

Sendo perfeição, amor e justiça, Deus não pune ninguém pelo bem que fez, nem pelo mal que não fez. Assim, se alguém está sendo punido na vida presente é porque fez algum mal na vida passada.

Se a causa para o sofrimento não está nesta vida, ela está numa outra vida material anterior.

Nisso está a lógica da justiça de Deus.

Dessa forma, se um homem não é punido completamente na existência presente pelo mal que praticou, ele não escapa jamais às conseqüências das faltas cometidas.

Disso se deduz que a prosperidade do homem mau é apenas momentânea. Se ele não expiar na vida presente os erros cometidos, expiará na próxima existência.

Portanto, aquele que muito sofre hoje está expiando erros cometidos em vida passada.

Além disso, o homem, geralmente, suporta hoje o que fez os outros suportarem no passado. Se é tratado duramente e com desumanidade, é porque foi duro e desumano para com os outros; se enfrenta condição humilhante de vida, é porque foi orgulhoso; se vive privado do necessário, é porque foi avarento, egoísta ou fez mau uso da sua fortuna; se sofre com os próprios filhos, é porque foi mau filho; etc.

Portanto, com a pluralidade das existências materiais e com o conhecimento de que a Terra é um mundo expiatório, encontramos a explicação para muitos males que atormentam certos homens.

Com a série de existências materiais, cada Espírito recebe a parte que merece; isso sem prejuízo da parte que lhe é dada no mundo espiritual.

Dessa forma, a justiça de Deus jamais é interrompida.

Adicionalmente, o Espírito do homem está encarnado em um mundo inferior, pelas imperfeições que ainda detém.

Porém, se trabalhar pelo seu aperfeiçoamento intelectual e moral poderá ser promovido para um mundo mais elevado.

Como a Terra é um mundo de expiação, algumas tribulações da vida são impostas aos Espíritos endurecidos ou aos Espíritos muito ignorantes. Eles ainda não reúnem condições para escolherem com conhecimento de causa suas provas retificadoras.

Já os Espíritos arrependidos dos erros cometidos no passado escolhem e aceitam livremente certos males para repararem o mal que fizeram e tentarem fazer melhor.

Trata-se do recomeço de uma tarefa mal executada; de uma nova oportunidade para o aproveitamento do benefício que o novo trabalho vai produzir.

Portanto, as tribulações da vida material são, ao mesmo tempo, expiações do passado e provas para o futuro em preparação.

Deus, em sua bondade, concede ao homem a possibilidade da reparação dos erros cometidos no passado, não o condenando eterna e irrevogavelmente pelas faltas que cometeu.

Porém, nem todo sofrimento é necessariamente o resultado de uma falta praticada. Muitos Espíritos escolhem certas provas para acabar a sua depuração e apressar o seu adiantamento.

Assim, uma prova não é uma expiação.

Adicionalmente, um Espírito, após ter adquirido certo grau de elevação intelectual e moral, pode solicitar uma missão, uma tarefa a cumprir. Com isso, espera ser recompensado se sair vitorioso da luta penosa; se suportá-la com resignação e sem lamentação.

Portanto, é através das diversas existências corporais, enfrentando provas, missões ou expiações, que os Espíritos se despojam pouco a pouco de suas imperfeições; e realizam a completa purificação para encontrar a felicidade perfeita.

Dessa forma, as provas e missões da vida propiciam o adiantamento, quando bem suportadas; e as expiações apagam as faltas cometidas, além de promoverem a purificação do Espírito.

Em decorrência desse entendimento espírita da vida, aquele que sofre deve se regozijar com os benefícios que surgem com as vicissitudes, dores e tribulações suportadas com resignação e sem cair em lamentações; que torna o seu sofrimento proveitoso à evolução de sua alma, evitando ter que recomeçar.

ESQUECIMENTO DO PASSADO

Se Deus julgou conveniente que o homem não tenha a lembrança das existências materiais anteriores é porque isso é útil.

De fato, a lembrança das vidas passadas traria graves inconvenientes. Poderia causar humilhação ao homem ou mesmo exaltar o seu orgulho, entravando o livre-arbítrio ou trazendo perturbação nas suas relações sociais e familiares.

Adicionalmente, é comum o Espírito renascer no mesmo meio em que viveu e restabelecer a relação com as mesmas pessoas que conheceu para poder reparar algum mal que realizou.

Por exemplo, se o Espírito reencarnado reconhecesse seus inimigos ou as pessoas que odiou ou ofendeu, certamente sentiria um abalo.

Por isso, Deus tirou dele a lembrança do passado que poderia prejudicá-lo.

Além disso, Deus lhe concedeu a voz da consciência e as tendências instintivas para orientá-lo nas novas condições de vida.

Desse modo, o Espírito ao renascer traz as experiências que adquiriu nas vidas passadas, sem ter qualquer importância saber quem foi.

Importa-lhe observar as más tendências para tentar corrigi-las e, assim, conseguir progredir.

Ele tem a voz da consciência para orientar e advertir sobre o que é bom e o que é mau, estimulando-o a resistir às más tentações e a tomar as boas resoluções.

Além do mais, o esquecimento das existências passadas é temporário. Terminada a vida corporal e voltando à vida espiritual, o Espírito retoma as lembranças do passado.

Porém, mesmo antes disso, durante o sono do corpo material, o Espírito goza de certa liberdade para despertar na consciência os atos que praticou em vida passada.

Dessa forma, tem a intuição do por que sofre justamente, adquirindo novas forças para suportar as tribulações da vida.

MOTIVOS DE RESIGNAÇÃO

As palavras de Jesus “bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados” indicam que há compensação na vida futura para os que sofrem as aflições com o mérito da resignação.

Essas palavras podem ser entendidas ainda que as dores da vida material são dívidas contraídas em vidas passadas e que, quando suportadas com paciência, eliminam sofrimentos na vida futura. Essas dores quitam dívidas passadas e asseguram a libertação e a tranquilidade para a alma na vida futura.

Por isso, enfrentando os males da vida, o Espírito encarnado deve ter submissão à vontade de Deus e aceitar com resignação, sem murmurar e sem achar que são injustos os sofrimentos que o libertam do passado em que contraiu dívidas.

Encarando a vida terrena dessa forma, abrandamos as amarguras das provas; vemos a vida sob o ponto de vista da vida espiritual; consideramos a prova da vida material como uma breve existência em que os momentos penosos passam bem depressa, abrindo as portas para um futuro feliz.

Portanto, ao invés de lamentar, devemos suportar com coragem e paciência os sofrimentos e agradecer as dores que nos fazem avançar.

Encarando a vida terrena sob esse ponto de vista espiritual, reduzimos a importância das coisas materiais e agimos com calma e resignação, beneficiando o corpo e a alma.

O SUICÍDIO E A LOUCURA

A calma e a resignação, decorrentes do ponto de vista espiritual de encarar a vida material, bem como a fé num futuro melhor, dão ao Espírito uma serenidade que é o melhor preservativo contra o suicídio e a loucura promovidos pelos abalos das vicissitudes mal suportadas.

O conhecimento dos fundamentos do Espiritismo permite que o homem suporte os reveses e as decepções da vida material sem desespero e com uma força íntima que o coloca acima dos maus acontecimentos. Isso preserva a sua razão dos estremecimentos e da perturbação.

O Espiritismo ainda preserva o homem do suicídio ao eliminar-lhe o descontentamento e ao fortalecer a sua paciência pelo conhecimento dos dias melhores no futuro. Isso inibe o desespero ante os sofrimentos, não o deixando se abater pelo desgosto e pelo infortúnio.

O Espiritismo revela-lhe ainda que a vida não se extingue com a morte do corpo material e lhe desvenda as realidades espirituais. Assim, adquire coragem moral, esperança e resignação para suportar as aflições terrenas.

O Espiritismo mostra-lhe ainda claramente a situação infeliz em que se encontram os Espíritos suicidas na vida espiritual, após terem violado a Lei de Deus, que proíbe ao homem abreviar a sua vida terrena. Alguns desses Espíritos experimentam grandes sofrimentos, embora temporários.

Esse conhecimento da vida espiritual leva o homem a refletir sobre as conseqüências de partir da Terra antes da ordem de Deus. Conscientiza-o de que o suicídio não atende a nenhum de seus interesses; que agrava os sofrimentos da alma e cria um obstáculo à reunião com as almas das pessoas de suas afeições.

Dessa forma, o espírita opõe à idéia do suicídio a certeza da imortalidade da alma e o conhecimento das melhores condições de vida existentes no além para as almas que souberem suportar com coragem e resignação os sofrimentos terrenos.

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS
PRINCIPAIS LIÇÕES SOBRE “O BEM E O MAL SOFRER”, CONTIDAS NAS INSTRUÇÕES DO ESPÍRITO LACORDAIRE, ESCRITAS EM HAVRE, EM 1863

Todos os homens sofrem na Terra, mas poucos sofrem bem.

O desânimo, a falta de coragem e a ausência da prece apoiada na fé viva na bondade de Deus impedem que os homens compreendam que as provas terrenas, quando bem suportadas, conduzem a alma ao reino de Deus.

Deus não coloca um fardo pesado sobre ombros fracos. O fardo é proporcional às forças; e a recompensa é proporcional à resignação e à coragem.

Além disso, a aflição penosa não se equipara à magnitude da recompensa que é merecida por aquele que suporta uma vida cheia de tribulações.

Por isso, o homem deve ser forte e enfrentar as lutas e as amarguras da vida com coragem; deve se esforçar para superar os motivos de dor e de contrariedade; e deve dominar os ímpetos da impaciência, da cólera ou do desespero.

Dessa forma, as palavras de Jesus “bem-aventurados os aflitos” devem ser entendidas como bem-aventurados os que têm a oportunidade de provar a sua fé, firmeza, perseverança e submissão à vontade Deus. Terão centuplicadas as alegrias que faltaram na Terra.

PRINCIPAIS LIÇÕES SOBRE “O MAL E O REMÉDIO”, CONTIDAS NAS INSTRUÇÕES DO ESPÍRITO SANTO AGOSTINHO, ESCRITAS EM PARIS, EM 1863

As lágrimas, penas e dores são provas impostas pelo Senhor.

Além disso, o choro e os sofrimentos pouco representam ante a eternidade de glória que está reservada para aquele que passar pelas provas com fé, amor e resignação.

Assim, a consolação para os males da vida terrena está na vida futura que Deus preparou para a alma.

Na realidade, as provas da vida material foram rogadas pelo próprio Espírito antes da encarnação, quando ele se julgava bastante forte para suportá-las.

Por exemplo, ele pediu a prova da fortuna e da glória para sustentar a luta contra a tentação e vencê-la. Então, a luta contra o mal moral e físico foi pedida por ele mesmo para tentar obter uma vitória gloriosa.

Se a prova for vencida, sua alma sairá do corpo material, após a morte, brilhante de brancura e purificada pela expiação e pelo sofrimento.

O homem, apoiado na fé, encontra o remédio infalível para os males e sofrimentos, pois ela mostra os horizontes do infinito, apaga os dias sombrios do presente e fortalece a alma nos dias de angústia e aflição.

O Cristo disse que a fé transporta montanhas. Assim, a alma que enfrenta as dores do mundo com fé planará nas regiões celestes, cantando com os anjos os hinos de reconhecimento e glória ao Senhor.

PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS NAS INSTRUÇÕES “A FELICIDADE NÃO É DESTE MUNDO”, ESCRITAS PELO ESPÍRITO FRANÇOIS-NICOLAS-MADELEINE, CARDEAL MORLOT, EM PARIS, EM 1863

Nem a fortuna, o poder e a florescente juventude são condições essenciais da felicidade. Isso porque cada homem tem sua parte de trabalho e de miséria, de sofrimentos e de decepções nesta Terra de provas e expiações.

Por isso, o homem que não se guia pela prudência, após um período curto ou longo de completa satisfação, pode passar o resto de sua existência enfrentando uma série de amarguras e decepções.

Porém, além da morada terrestre, destinada às provas e expiações, existem moradas mais favoráveis ao Espírito. São belos planetas superiores que podem ser alcançados pelo Espírito com seus esforços, a purificação e o aperfeiçoamento.

Adicionalmente, a Terra está conquistando progressos, novos avanços e aprimoramentos sociais. E, auxiliado pela Doutrina Espírita, o homem tem condições de preparar as futuras gerações para um mundo onde reine a felicidade.

PRINCIPAIS LIÇÕES SOBRE “A PERDA DE PESSOAS AMADAS: MORTES PREMATURAS”, CONTIDAS NAS INSTRUÇÕES DO ESPÍRITO SANSON, ESCRITAS EM PARIS, EM 1863

O homem julga que Deus é injusto, quando vê a morte do corpo material atingir jovens fortes, ativos, úteis e plenos de futuro, eliminando as esperanças, acabando com a alegria no convívio familiar, partindo os corações maternos e deixando na vida material pessoas velhas e sofredoras.

Mas, Deus nada faz sem um objetivo inteligente e sem uma razão de ser.

A morte prematura, muitas vezes, é um grande benefício que Deus concede àquele que deixa a vida material, preservando sua alma das misérias e seduções. Deus julga útil que ele não permaneça mais tempo na Terra.

Porém, a visão estreita do homem impede que ele veja além da vida material. Assim, não leva em consideração as esperanças da vida espiritual, nem a posição que a alma vai ocupar entre os Espíritos bem-aventurados.

O espírita, todavia, sabe que a alma vive melhor desembaraçada de seu envoltório corporal; que ela está sempre perto de sua mãe, com seu corpo fluídico, transmitindo-lhe pensamentos, protegendo-a e alegrando-se com as lembranças. Sabe, também, que ela pode sofrer quando é atingida pelas dores despropositadas de quem ficou, pela falta de fé e pela revolta contra a vontade de Deus.

Essa compreensão da vida espiritual é uma poderosa consolação, pois seca as lágrimas e mostra o futuro prometido pelo soberano Senhor.

PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS NAS INSTRUÇÕES “SE FOSSE UM HOMEM DE BEM, TERIA MORRIDO”, ESCRITAS PELO ESPÍRITO FÉNELON, EM SENS, EM 1861

Quando se vê um homem mau escapar de um perigo, diz-se com freqüência: se fosse um homem de bem teria morrido.

Isso é verdadeiro, porque Deus, muitas vezes, dá a um Espírito jovem que percorre os caminhos do progresso uma prova mais longa.

O bom Espírito, por sua vez, tem a seu favor a recompensa de seu mérito, recebendo uma prova tão curta quanto seja possível.

Quando morre um homem de bem e sobrevive um homem mau, diz-se apressadamente: gostaria mais que este tivesse ido.

Essa afirmação é um erro, porque aquele que parte terminou a sua tarefa e não precisa ficar preso à gleba terrestre. Por outro lado, aquele que fica talvez nem tenha começado a sua tarefa e precisa de tempo para cumpri-la.

Sob o ponto de vista espiritual, a verdadeira liberdade está na libertação do Espírito dos laços do corpo material, livrando-o do cativeiro.

Ao homem falta a compreensão de que Deus é justo em todas as coisas, o que o leva frequentemente a ver um mal onde há um bem.

As faculdades humanas são tão limitadas que a grandiosidade da obra de Deus lhe escapa aos sentidos obtusos.

Porém, se o homem sair de sua esfera estreita de ação e se elevar pelo pensamento verá reduzida a importância da vida material, porque ela é um incidente na duração infinita da existência espiritual, que é a única existência verdadeira.

PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS NAS INSTRUÇÕES “OS TORMENTOS VOLUNTÁRIOS”, ESCRITAS PELO ESPÍRITO FÉNELON, EM LION, EM 1860

O homem busca sem cessar uma felicidade que lhe escapa, porque a felicidade pura não existe na Terra.

O homem pode apenas usufruir na Terra de uma felicidade relativa.

Ele a procura nas coisas perecíveis e nos prazeres materiais, que criam agitação, perturbação e tormentos evitáveis. Porém, ele deve procurá-la nos prazeres da alma que antecipam os prazeres celestes e perenes.

Na realidade, a paz no coração é a única felicidade real no mundo material. E o homem não a encontra na inveja, no ciúme, na cobiça e nas futilidades que atormentam a vida.

Assim, a máxima de Jesus “bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados”, aplica-se aos que compreendem as compensações que existem no céu para os sofrimentos.

A felicidade terrena é conquistada apenas por aquele que sabe contentar-se com o que tem; vê sem inveja o que não tem; não procura parecer mais do que é; olha para baixo para ver as pessoas que têm ainda menos; e mantém a calma em meio às tempestades, porque não cria para si necessidades quiméricas.

PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS NAS INSTRUÇÕES “A INFELICIDADE REAL”, ESCRITAS PELO ESPÍRITO DELPHINE DE GIRARDIN, EM PARIS, EM 1861

A infelicidade real não está na miséria, na chaminé sem fogo, no credor que ameaça, no berço vazio do anjo que sorria, nas lágrimas, no féretro, na angústia da traição, na vestimenta simples, e nem em muitas outras coisas.

A infelicidade está naqueles que não vêem além da vida material; não avaliam as conseqüências funestas das coisas ilusórias; e não produzem o bem.

Para o homem conseguir apreciar o que é realmente ser feliz ou infeliz precisa transportar-se além da vida material, pois, na vida espiritual, estão as conseqüências verdadeiras das coisas.

O que o homem chama de infelicidade, segundo a sua visão curta, cessa de existir com a morte e ele encontra sua compensação na vida futura.

Dessa forma, a infelicidade está na alegria tola, no prazer ilusório, na má fama, na agitação vã, na louca satisfação da vaidade, que calam a consciência, comprimem a ação do pensamento e confundem o homem sobre o seu futuro.

Quando a alma do homem está enfraquecida pela indiferença e pelo egoísmo, e tenta enganar a Deus, se vê ante o destino ruim que criou para si mesma; se vê ante as provas implacáveis que destroem o repouso ilusório e levam à beira da verdadeira infelicidade.

O Espiritismo, por sua vez, esclarece o homem sobre as coisas espirituais; ajuda-o a distinguir a verdade do erro; prepara-o para enfrentar as tribulações que lhe dão a vitória, a glória e o progresso; e lhe fortalece a fé no futuro que permite que a sua alma entre radiante no reino celeste.

PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS NAS INSTRUÇÕES SOBRE “A MELANCOLIA”, ESCRITAS PELO ESPÍRITO FRANÇOIS DE GENÈVE, EM BORDEAUX

A tristeza que se apodera do coração do homem, fazendo-o achar amarga a vida, é resultado do desejo que sua alma sente de obter a liberdade e a felicidade.

Mas, como a alma está presa ao corpo material, seus esforços parecem inúteis, caindo no desânimo, na apatia e na infelicidade.

Assim, ante as aspirações de obter uma vida melhor no além, o homem precisa resistir com energia às impressões que enfraquecem sua vontade.

Para auxiliá-lo nisso, Deus enviou os Espíritos para instruí-lo acerca da felicidade que está reservada para a sua alma na vida espiritual.

Então, deve esperar pacientemente o anjo da libertação que o ajuda no rompimento dos laços que retém a alma cativa.

O Espírito encarnado tem prova e missão a cumprir na vida terrena, seja no devotamento à família, seja no atendimento dos diversos deveres que lhe foram confiados por Deus.

Portanto, deve ser forte e corajoso para cumprir suas provas e desempenhar suas tarefas; e para suportar o peso dos cuidados, das inquietações e dos pesares.

Suas lutas são de curta duração. Elas preparam a sua alma para o reencontro com os amigos que a vão conduzir para um lugar onde os pesares da Terra não têm acesso.

PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS NAS INSTRUÇÕES “PROVAS VOLUNTÁRIAS. O VERDADEIRO CILÍCIO”, ESCRITAS POR UM ANJO GUARDIÃO, EM PARIS, EM 1863

As provas da vida material têm o objetivo de exercitar a inteligência do Espírito, bem como sua paciência e resignação.

Alguns Espíritos nascem em situação penosa e conturbada justamente para serem obrigados a encontrar os meios de vencer as dificuldades.

O mérito deles está em suportar a situação sem lamentar as conseqüências dos males inevitáveis; em perseverar na luta; e em não se desesperarem se não puderem superá-los.

Esse mérito é maior quando agravam suas provas com sofrimentos voluntários e privações que têm o objetivo de beneficiar o próximo, fazendo a caridade através de sacrifícios.

Portanto, ao enfrentar as provas impostas por Deus, o homem deve aceitá-las com fé e sem lamentações; não deve enfraquecer o corpo material com privações inúteis e macerações sem objetivo; deve preservar suas forças para cumprir a sua missão de trabalho na vida terrena; deve sustentar e fortificar seu corpo material, evitando cometer abusos, torturá-lo voluntariamente, martirizá-lo e enfraquecê-lo sem necessidade, pois isto é um verdadeiro suicídio.

Por outro lado, o homem será abençoado por Deus se enfrentar sofrimentos para aliviar os males do próximo, consolar os aflitos, curar as chagas dos enfermos, velar à cabeceira de um doente e praticar as boas ações.

Esse é o verdadeiro cilício de bênçãos, pois as alegrias do mundo, as volúpias debilitantes da fortuna não tornaram seco o coração. Converteram-no em um anjo consolador dos pobres deserdados.

O homem não deve também retirar-se do mundo para viver no isolamento e evitar as seduções, demonstrando não ter coragem de enfrentar as provas e fugindo da luta e do combate contra o orgulho, as humilhações, o amor próprio, a dor da injúria e da calúnia.

PRINCIPAIS INSTRUÇÕES CONTIDAS NA RESPOSTA DO ESPÍRITO PROTETOR BERNARDIN, DADA EM BORDEAUX, EM 1863, À PERGUNTA: “DEVE-SE POR UM TERMO ÀS PROVAS DE SEU PRÓXIMO QUANDO SE PODE, OU É PRECISO, POR RESPEITO AOS DESÍGNIOS DE DEUS, DEIXÁ-LAS SEGUIR SEU CURSO?”

A Terra é um planeta de provas e de expiações das conseqüências das existências anteriores.

Porém, ante as provas e expiações dos semelhantes, devemos dizer: “Vejamos que meios nosso Pai misericordioso pôs em meu poder para amenizar o sofrimento de meu irmão. Vejamos se minhas consolações morais, meu apoio material, meus conselhos não poderão ajudá-lo a superar essa prova com mais força, paciência e resignação. Vejamos se Deus não pôs em minhas mãos o meio de fazer cessar esse sofrimento. Se Ele não me incumbiu, também como provas, e talvez como expiação, de deter o mal e de substituí-lo pela paz.”

Portanto, devemos sempre ajudar aqueles que estão em provas e nunca ser instrumento de tortura; compreender a extensão infinita da bondade de Deus; pensar que a vida inteira deve ser um ato de amor e de abnegação; fazer todos os esforços para abrandar a amargura da expiação, sabendo que só Deus pode detê-la ou prolongá-la, conforme julgue necessário; e dirigir os esforços para amenizar a expiação dos irmãos, segundo a lei de amor e de caridade.

PRINCIPAIS INSTRUÇÕES CONTIDAS NA RESPOSTA DO ESPÍRITO SÃO LUÍS, DADA EM PARIS, EM 1860, À PERGUNTA: “UM HOMEM ESTÁ AGONIZANTE, VITIMADO POR SOFRIMENTOS CRUÉIS. SABE-SE QUE SEU ESTADO É SEM ESPERANÇA. É PERMITIDO POUPAR-LHE ALGUNS INSTANTES DE ANGÚSTIA, APRESSANDO SEU FIM?”

Seja qual for a situação extrema em que se encontre um moribundo, ninguém pode dizer com certeza que é chegada sua hora derradeira.

Há inúmeros exemplos de doentes que à vista de dar o último suspiro se reanima e recobra suas faculdades.

O espírita, de modo diferente do materialista que só leva em conta o corpo material, sabe o que se passa no além túmulo; sabe do valor das reflexões e dos pensamentos ante a morte.

Assim, qualquer sofrimento do moribundo deve ser amenizado, mas sem jamais lhe abreviar a vida.

PRINCIPAIS INSTRUÇÕES CONTIDAS NA RESPOSTA DO ESPÍRITO SÃO LUÍS, DADA EM 1860, À PERGUNTA: “AQUELE QUE ESTÁ DESGOTOSO DA VIDA, MAS NÃO QUER SUICIDAR-SE, É CULPADO POR BUSCAR A MORTE NUM CAMPO DE BATALHA, COM O PENSAMENTO DE TORNAR A SUA MORTE ÚTIL?”

Quer o homem se mate ou se faça matar, há a intenção de abreviar a vida e, em consequência, há suicídio em intenção.

A morte no campo de batalha é um pretexto para colorir a forma de morrer e de buscar desculpa para os próprios olhos. Quem quer servir o seu país, procura viver e defendê-lo, e não morrer.

A verdadeira abnegação está em ser útil ou enfrentar um perigo sem sacrificar a própria vida.

A intenção premeditada de buscar a morte ao se expor ao perigo anula o mérito da ação.

PRINCIPAIS INSTRUÇÕES DO ESPÍRITO SÃO LUÍS CONTIDAS NA RESPOSTA, DADA EM 1860, À PERGUNTA: “UM HOMEM SE EXPÕE A UM PERIGO IMINENTE PARA SALVAR A VIDA DE UM DE SEUS SEMELHANTES, SABENDO ANTECIPADAMENTE QUE ELE PRÓPRIO SUCUMBIRÁ. ISSO PODE SER CONSIDERADO COMO UM SUICÍDIO?”

Não havendo a intenção de buscar a morte, não há suicídio, mas dedicação e abnegação.

Mas, a Providência pode salvar quem esteja em perigo no momento mais crítico. Ela pode, muitas vezes, provar a resignação até o derradeiro limite, e então uma circunstância inesperada desvia do homem o golpe fatal.

PRINCIPAIS INSTRUÇÕES DO ESPÍRITO SÃO LUÍS CONTIDAS NA RESPOSTA, DADA EM PARIS, EM 1860, À PERGUNTA: “AQUELES QUE ACEITAM SEUS SOFRIMENTOS COM RESIGNAÇÃO, POR SUBMISSÃO À VONTADE DE DEUS E VISANDO À SUA FELICIDADE FUTURA, NÃO TRABALHAM APENAS POR SI MESMOS? PODEM TORNAR SEUS SOFRIMENTOS PROVEITOSOS PARA OUTROS?”

Podem tornar os sofrimentos proveitosos para os outros, tanto material, quanto moralmente.

Materialmente, se o trabalho, as privações e os sacrifícios que impõem a si mesmos contribuem para o bem-estar material de seu próximo.

Moralmente, pelo exemplo que dão de sua submissão à vontade de Deus, estimulando a fé e a resignação nos infelizes, e salvando-os do desespero e das suas funestas conseqüências para o futuro.

REFLEXÕES DO AUTOR DESTE ARTIGO SOBRE AS LIÇÕES CONTIDAS NO CAPÍTULO V DE “O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO”

O Espiritismo, com a comunicação com os Espíritos, através dos médiuns, veio confirmar aos homens as promessas de Jesus sobre as bem-aventuranças existentes na vida espiritual para as almas que souberem enfrentar, suportar e vencer as tribulações, aflições, provas, missões e expiações da vida material com coragem, paciência, calma, resignação, fé e submissão à vontade de Deus.

O Espiritismo, com as revelações dos Espíritos superiores, veio explicar aos homens as causas atuais e passadas para as desigualdades existentes nas condições de vida no mundo material, orientando-os a bem cumprir suas tarefas e seus trabalhos visando acumular conhecimentos, experiências e qualidades intelectuais e morais, que propiciam o bem-estar e a felicidade no presente e no futuro.

O Espiritismo, ao esclarecer os homens acerca da pluralidade das existências materiais, leva-os a refletir sobre os reflexos dos atos praticados nas existências anteriores sobre a vida presente, bem como sobre os efeitos das causas atuais sobre as existências corporais futuras. Com isso, estimula-os a reunir os méritos intelectuais e morais que garantem boas condições de vida no mundo espiritual e na próxima existência corporal.

O Espiritismo elucida os homens a respeito dos esforços que precisam fazer para melhorar o caráter e a tornar as suas condutas virtuosas, de forma a evitar muitos males e preparar um futuro melhor. Conhecendo os bons resultados disso, encontram um motivo verdadeiro para buscar o aprimoramento intelectual e moral; combater as más tendências; adquirir as qualidades que os impedem de cair na imprevidência, ambição, vaidade, intemperança e falta de perseverança no bem; e os ajudam a vencer o orgulho, os vícios e os excessos que desencadeiam muitos sofrimentos.

O Espiritismo conscientiza os homens sobre a importância de não cometerem atos de loucura, nem de buscarem no suicídio a solução para os seus problemas, males e aflições. Ao dar-lhes provas da imortalidade da alma e das conseqüências desses atos infelizes na vida espiritual, bem como na próxima reencarnação, leva-os a viver a vida material sob o ponto de vista espiritual, suportando as tribulações da vida com coragem, paciência, resignação e confiança em Deus.

O Espiritismo dá aos homens uma compreensão dilatada da grandiosidade da Obra de Deus. Assim, volta-os a recorrer à fé, à prece e à prática do amor, do bem, da justiça e da caridade para construírem uma vida feliz tanto na existência material presente, quanto na vida futura.

DATAS DA PUBLICAÇÃO NESTE MESMO BLOG DOS ARTIGOS CONTENDO AS PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS NOS CAPÍTULOS ANTERIORES DE “O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO”:
• 27/fev/2009 = Prefácio e Introdução.
• 12/maio/2009 = Cap. I: Não vim destruir a Lei.
• 01/set/2009 = Cap. II: Meu reino não é deste mundo.
• 01/abril/2010 = Cap. III: Há muitas moradas na casa de meu Pai.
• 04/ago/2010 = Cap. IV: Ninguém pode ver o reino de Deus, se não nascer de novo.