quarta-feira, 19 de outubro de 2011

"O LIVRO DOS MÉDIUNS", PARTE 2, CAP II: MANIFESTAÇÕES FÍSICAS E MESAS GIRANTES



















IMAGENS: MÉDIUNS FAMOSOS DE MANIFESTAÇÕES FÍSICAS DE ESPÍRITOS: Daniel Dunglas Home (Escócia); Eusápia Paladino (Itália); Carmine ou Carlos Mirabelli (Brasil); e Peixotinho (Brasil).

PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS EM “O LIVRO DOS MÉDIUNS”, SEGUNDA PARTE: DAS MANIFESTAÇÕES ESPÍRITAS, CAPÍTULO II: MANIFESTAÇÕES FÍSICAS E MESAS GIRANTES

Geziel Andrade

As manifestações físicas dos Espíritos ocorrem através dos ruídos, movimento e deslocamento de corpos sólidos.

Algumas dessas manifestações físicas ocorrem espontaneamente, sem a vontade humana. Outras podem ser provocadas.

O movimento circular de uma mesa foi o primeiro tipo desse fenômeno a ser observado e provocado, tendo merecido a designação de mesas girantes.

Porém, todos os gêneros de manifestações dos Espíritos já eram conhecidos há muito tempo. São efeitos naturais porque se produziram em todas as épocas.

Os fenômenos das mesas girantes serviram para o entretenimento de pessoas frívolas, mas também chamaram a atenção de pessoas sérias e observadoras, que passaram a se preocupar com as consequências muito importantes que delas resultaram.

As mesas girantes foram o ponto de partida da Doutrina Espírita.

A produção do fenômeno das mesas girantes exigia a participação de uma ou de muitas pessoas dotadas de aptidão especial e designadas pelo nome de médiuns.

Os médiuns gozam de maior ou menor poder na produção dos fenômenos espíritas, pois produzem efeitos mais ou menos pronunciados.

Um médium possante pode produzir muito mais do que vinte outros reunidos.

Basta um médium possante colocar a sua mão sobre uma mesa para que ela, no mesmo instante, se movimente, se eleve, revire, salte ou gire com violência.

Não há nenhum indício da posse da faculdade mediúnica numa pessoa. Somente a experiência pode revelá-la.

Nas reuniões de experiências com as mesas girantes, bastava a pessoa se sentar em torno de uma mesa e colocar as suas mãos espalmadas sobre ela, sem pressão, nem contensão muscular, nem alternância dos sexos, nem contato de pessoas para forma uma espécie de cadeia ou de corrente ininterrupta. Também eram indiferentes a forma e o material da mesa, a presença de metais, as vestes dos assistentes, o dia e a hora, a obscuridade, a chuva, etc.

A única precaução realmente obrigatória é a do recolhimento, do silêncio absoluto e, sobretudo, a paciência quando o efeito demora. Pode acontecer que ele se produza em alguns minutos; mas pode demorar mais de meia hora. Isso depende da capacidade mediúnica dos participantes na reunião.

O peso da mesa pode ter alguma importância, quando a potência mediúnica não é suficiente para movê-la.

Quando existe a potência mediúnica, basta uma pessoa, até mesmo uma criança, para erguer uma mesa de cem quilos.

Quando não existe a potência mediúnica, nem mesmo doze pessoas reunidas conseguem mover uma mesinha de centro.

Quando o fenômeno começa a produzir-se é muito freqüente ouvir-se um pequeno estalo na mesa; sente-se um estremecimento como prelúdio de movimento. Parece que a mesa luta para se desamarrar. Depois tem início o movimento de rotação da mesa, que adquire uma aceleração que os assistentes se vêem em apuros para segui-lo.

Desencadeado o movimento, a mesa pode ser deixada livre que continua a mover-se em várias direções, sem o contato humano.

Algumas vezes, a mesa se ergue e se firma, ora num pé, ora noutro, e depois retoma suavemente sua posição natural.

Outras vezes, a mesa se balança para a frente e para trás e de um lado para outro, imitando o balanço de um navio.

Outras vezes, quando existe considerável potência mediúnica, a mesa se levanta inteiramente do soalho e se mantém em equilíbrio no espaço, sem qualquer apoio, chegando mesmo, em certas ocasiões, até o forro, de maneira que se pode passar por baixo dela.

Depois, a mesa desce lentamente, balançando-se no ar como uma folha de papel, ou cai violentamente e se quebra.

Isso prova, de maneira evidente, que não houve uma ilusão de ótica.

Outro fenômeno físico que se produz com muita frequência, conforme a potência mediúnica do médium, é o das pancadas no cerne da madeira, no seu interior, sem provocar qualquer movimento da mesa.

Esses golpes na madeira, às vezes, são bem fracos; mas, às vezes, são muito fortes, e estendem-se a outros móveis do aposento, às portas, às paredes e ao forro.

Quando os golpes se produzem na mesa, provocam uma vibração muito perceptível pelos dedos e pelo ouvido aplicado contra a mesa.

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LEITURA COMPLEMENTAR: PALAVRAS DE ALLAN KARDEC SOBRE DANIEL DOUGLAS HOME, PODEROSO MÉDIUM DE MANIFESTAÇÕES FÍSICAS DOS ESPÍRITOS

Allan Kardec, na “Revista Espírita” dos meses de fevereiro, março e abril de 1858, escreveu os seguintes parágrafos a respeito das manifestações físicas dos Espíritos que eram produzidas pelo famoso médium Daniel Dunglas Home:

“Vindo à França, o Sr. Home não se dirigiu ao público: ele nem gosta nem procura a publicidade. Se tivesse vindo com propósito de especulação, teria corrido o país, servindo-se da propaganda; teria procurado todas as oportunidades para manifestar-se, e no entanto, ele as evita; teria estabelecido um preço às suas manifestações, ao passo que nada pede a ninguém.”

“A França, ainda em dúvida no que concerne às manifestações espíritas, precisava que lhe fosse desferido um grande golpe; foi o Sr. Home quem teve esta missão e, quanto mais alto foi o golpe, maior foi a sua repercussão. A posição, o crédito, as luzes dos que o acolheram e que se convenceram pela evidência dos fatos, abalaram as convicções de muita gente, mesmo entre as pessoas que foram testemunhas oculares. Terá, pois, sido a presença do Sr. Home um poderoso auxiliar na propagação das idéias espíritas; se não convenceu a todo mundo, lançou sementes que frutificarão tanto mais quanto mais se multiplicarem os médiuns.”

“O Sr. Daniel Dunglas Home nasceu a 15 de março de 1833, perto de Edimburgo. Tem, pois, atualmente 24 anos. Descende da antiga e nobre família dos Dunglas da Escócia, outrora soberana. É um moço de estatura mediana, louro e cuja fisionomia melancólica nada tem de excêntrica; é de compleição muito delicada, de costumes simples e meigos, de caráter afável e benevolente, sobre o qual o contato das grandezas nem lançou arrogância nem ostentação. Dotado de excessiva modéstia, jamais faz praça de sua maravilhosa faculdade, jamais fala de si mesmo e se, numa expansão de intimidade, conta casos pessoais, o faz com simplicidade e jamais com a ênfase própria das criaturas com as quais a malevolência procura compará-lo. Muitos fatos íntimos, de nosso conhecimento pessoal, provam seus sentimentos nobres e a elevação de sua alma; nós o constatamos com tanto maior prazer quanto mais se conhece a influência das disposições morais sobre a natureza das manifestações.”

“Como o nosso fim é o estudo sério de tudo quanto se liga à Ciência espírita, fechar-nos-emos na estrita realidade dos fatos constatados por nós mesmos ou por testemunhas oculares dignas de fé. Podemos, pois, comentá-los com a certeza de que não estamos raciocinando sobre coisas fantásticas.”

“O Sr. Home é um médium do gênero dos que produzem manifestações ostensivas, sem excluir por isto as comunicações inteligentes; mas as suas predisposições naturais lhe dão para as primeiras uma aptidão toda especial. Sob sua influência ouvem-se os mais estranhos ruídos, o ar se agita, os corpos sólidos se movem, levantam-se, transportam-se de um lado a outro, através do espaço, instrumentos de música produzem sons melodiosos, aparecem seres do mundo extra-corpóreo, falam, escrevem e por vezes não abraçam até produzir dor. Muitas vezes ele próprio é visto, em presença de testemunhas oculares, elevado a vários metros de altura, sem qualquer sustentáculo.”

“Geralmente o Sr. Home inicia suas sessões pelos fatos conhecidos: pancadas numa mesa, ou em qualquer outra parte do apartamento, pela maneira por que já o descrevemos. Vem a seguir o movimento da mesa, que se opera, a princípio pela imposição de mãos, dele só ou de várias pessoas reunidas, depois à distância e sem contato: é uma espécie de ensaio. (...) Muitas vezes, após várias oscilações e balanços, a mesa de destaca do solo e eleva-se gradativamente, lentamente, por pequenos impulsos, não apenas alguns centímetros, mas até o teto e fora do alcance das mãos; depois de haver ficado suspensa no espaço durante alguns segundos, desce como havia subido, lentamente, gradativamente.”

“A suspensão de um corpo animado não ocorreu só em Paris, mas em vários lugares, tanto em Florença quanto na França, principalmente em Bordéus, em presença das mais respeitáveis testemunhas. Como a mesa, ele foi elevado até o teto e desceu do mesmo modo.”

“De todas as manifestações produzidas pelo Sr. Home, a mais extraordinária é, sem dúvida, a das aparições, razão por que nelas mais insistimos, à vista das graves consequências daí decorrentes e da luz que elas lançam sobre uma porção de outros fatos. O mesmo se dá com os sons produzidos no ar, instrumentos de música que tocam sozinhos, etc.”

“Um outro gênero de manifestações não menos notável, é o dos instrumentos de música que tocam sozinhos. Em geral são pianos ou acordeons. Em tais circunstâncias vêem-se distintamente as teclas se moverem, bem como o fole. A mão que toca ora é visível ora invisível. A ária que se ouve pode ser conhecida e tocada a pedido. Se o artista invisível é deixado à vontade, produz acordes harmoniosos, cujo efeito lembra a vaga e suave melodia da harpa eólica.”

“Em casa de um de nossos assinantes, onde tais fenômenos se produziram muitas vezes, o Espírito que assim se manifestava era o de um moço falecido há algum tempo, amigo da família e que, quando vivo, revelava notável talento musical. A natureza das árias que preferia tocar não deixava a menor dúvida quanto à sua identidade para todos aqueles que o haviam conhecido.”

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NOTA DO AUTOR DESTE ARTIGO
Na Itália, a notável médium Eusápia Paladino participou, em 1892, em diversas sessões de manifestações físicas de Espíritos, para estudos e pesquisas de César Lombroso, Aksakof, Richet, Giorgio Finzi, Ermacora, Broffério, Gerosa, Schiaparelli e Du-Prel, com resultados surpreendentes, que foram registrados por Lombroso no livro “Hipnotismo e Espiritismo”, de edição LAKE.

No Brasil, tivemos dois médiuns extraordinários de manifestações físicas de Espíritos:

Carmine Mirabelli, natural da cidade de Botucatu-SP, com suas realizações documentadas no livro “Mirabelli, Um Médium Extraordinário”, de autoria do pesquisador e escritor Lamartine Palhano Júnior, e de edição CELD;

e Francisco Lins Peixoto ou “Peixotinho”, cujas realizações foram documentadas no livro “Materializações Luminosas” de Rafael A. Ranieri, de edição LAKE, e no livro “Dossiê Peixotinho: Uma Biografia do Mais Famoso Médium de Materializações no Brasil”, de autoria de Lamartine Palhano Júnior e Walace Fernando Neves, de edição Lachâtre.

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CONSIDERAÇÕES DO AUTOR DESTE ARTIGO
O interesse de Allan Kardec em estudar profunda e seriamente as manifestações dos Espíritos surgiu numa reunião espírita, em maio de 1855, na casa da senhora Plainemaison, onde eram provocados os fenômenos das mesas girantes.
Sobre essa reunião espírita, Allan Kardec escreveu:

“Foi aí que, pela primeira vez, presenciei o fenômeno das mesas que giravam, saltavam e corriam, em condições tais que não deixavam lugar para qualquer dúvida. Assisti então a alguns ensaios, muito imperfeitos, de escrita mediúnica numa ardósia, com o auxílio de uma cesta. Minhas idéias estavam longe de precisar-se, mas havia ali um fato que necessariamente decorria de uma causa. Eu entrevia, naquelas aparentes futilidades, no passatempo que faziam daqueles fenômenos, qualquer coisa de sério, como que a revelação de uma nova lei, que tomei a mim estudar a fundo.”

Depois disso, Allan Kardec passou a frequentar diversas outras reuniões espíritas, tendo entrado em contato com muitos médiuns que se dedicavam às comunicações com os habitantes do mundo espiritual. Então, constatou que os Espíritos podiam responder com sabedoria e precisão às perguntas complexas que lhes eram formuladas. Daí surgiu a ideia de elaborar “O Livro dos Espíritos”, constituindo o Espiritismo que revoluciona o entendimento humano sobre Deus e a Obra da Criação.

Dessa forma, as mesas girantes foram, realmente, o ponto de partida da Doutrina Espírita.

A partir daí, com as comunicações estabelecidas por Allan Kardec com as inteligências desencarnadas através da escrita mediúnica, ele obteve valiosos ensinamentos que despertaram o interesse de homens conscienciosos e sérios; que permitiram a constituição da inovadora Doutrina dos Espíritos; e que revolucionaram o saber humano nos campos da ciência, filosofia, religião e moral.

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CAPÍTULOS ANTERIORES DE “O LIVRO DOS MÉDIUNS”

As principais lições contidas nos Capítulos anteriores de “O Livro dos Médiuns” foram publicadas neste mesmo blog nas seguintes datas:
13/fevereiro/2009 = INTRODUÇÃO.
24/abril/2009 = CAP. I: EXISTEM ESPÍRITOS?
05/agosto/2009 = CAP II: O MARAVILHOSO E O SOBRENATURAL.
02/março/2010 = CAP. III: MÉTODO.
14/julho/2010 = CAP. IV: SISTEMAS.
26/abril/2011 =SEGUNDA PARTE, CAP. I: AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE A MATÉRIA.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS EM "O LIVRO DOS ESPÍRITOS": ENCARNAÇÃO DOS ESPÍRITOS














PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS EM “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, SEGUNDA PARTE, CAPÍTULO II: ENCARNAÇÃO DOS ESPÍRITOS

Geziel Andrade

I – FINALIDADE DA ENCARNAÇÃO

Deus impõe a encarnação aos Espíritos com a finalidade de levá-los à perfeição.

Com a encarnação, o Espírito enfrenta as vicissitudes da existência corpórea. Assim, vai evoluindo e se aproximando da perfeição.

Além disso, para alguns Espíritos a encarnação é uma missão; para outros é uma expiação.

A encarnação tem ainda a finalidade de colocar o Espírito em condições de cumprir a sua parte na Obra da Criação.

Para executar essa sua parte, o Espírito assume, em cada mundo, um corpo material formado com a matéria que lhe permite cumprir as ordens de Deus.

É dessa maneira que o Espírito concorre para a obra geral e, ao mesmo tempo, progride em rumo à perfeição.

Todos os Espíritos têm a necessidade da encarnação para progredir.

Todos eles foram criados por Deus simples e ignorantes. Mas, vão se instruindo e progredindo através das lutas e atribulações da vida corporal.

Deus, sendo justo, não fez nenhum Espírito privilegiado.

Todos têm que realizar trabalhos, enfrentar penas e conquistar méritos.

O Espírito que enfrenta as tribulações da vida corporal seguindo o caminho do bem chega mais depressa à perfeição.

As penas que o Espírito enfrenta durante a vida corporal frequentemente decorrem de suas próprias imperfeições. Mas, à medida que ele vai se aperfeiçoando experimenta menos tormentos.

Deixando de ser invejoso, ciumento, avarento ou ambicioso deixa de sofrer os tormentos que se originam de suas imperfeições.

II – DA ALMA

O Espírito ao unir-se a um corpo material torna-se a alma desse corpo.

Portanto, a alma do homem é um Espírito encarnado.

Dessa forma, alma e Espírito são a mesma coisa.

Antes do Espírito se ligar a um corpo material e se tornar a alma do homem era um dos seres inteligentes que povoam o mundo invisível.

Então, teve que se revestir temporariamente de um invólucro carnal para se purificar e esclarecer.

No homem, além da alma e do corpo material, existe ainda um liame semimaterial, que possui ao mesmo tempo a natureza do Espírito e a do corpo material.

É esse liame que permite a comunicação entre a alma e o corpo material. É através desse liame que o Espírito age sobre o corpo material e vice-versa.

Dessa forma, o homem é formado por três partes essenciais:
1. O corpo material, semelhante aos dos animais e animado pelo mesmo princípio vital.

2. A alma ou Espírito encarnado, que habita temporariamente o corpo material. Então, este corpo é apenas um envoltório da alma.

3. O perispírito, que é o princípio intermediário, formado de substância semimaterial. É através do fluido intermediário do perispírito que a alma age e movimenta os órgãos do corpo material. O perispírito é o primeiro envoltório do Espírito, que permite a sua união ao corpo material.

Com a encarnação, o corpo material torna-se o segundo envoltório do Espírito.

Portanto, o Espírito encarnado tem dois envoltórios: o primeiro é o perispírito, que é sutil e leve; o segundo é o corpo material, formado de matéria grosseira e pesada.

Dessa forma, a alma é o centro de dois envoltórios. Além disso, pode dizer-se que a sua sede se encontra mais particularmente nos órgãos que servem para as suas manifestações intelectuais e morais.

Com o nascimento, o Espírito encarnado passa a habitar um corpo material com vida orgânica e animado pelo fluido vital. Mas, a alma não fica completamente encerrada no corpo material. Ela irradia e se manifesta no exterior.

Com a morte do corpo material, a alma abandona esse corpo e retorna ao mundo invisível, de onde havia se ausentado para progredir em rumo à perfeição.

Sendo o Espírito um ser moral, distinto e independente da matéria, ele conserva sempre a sua individualidade após a desencarnação.

Como o Espírito é indivisível, ele não pode encarnar-se, ao mesmo tempo e de uma só vez, em dois corpos materiais diferentes. Isto é, ele não pode animar simultaneamente duas criaturas diferentes.

III – MATERIALISMO

Muitas coisas estão ocultas na Natureza e escapam à visão, ao entendimento e ao saber do homem.

Por isso, algumas pessoas tiram conclusões falsas de suas observações, não vendo nos seres orgânicos nada além da ação da matéria e atribuindo a ela todos os atos humanos.

Dessa forma, algumas pessoas:
• Não consideram a existência da alma no homem;

• Crêem que o pensamento se extingue, os laços sociais se rompem e os afetos são destruídos com a morte do corpo material;

• Não encontram sentido na distinção entre o bem e o mal;

• Acreditam que o homem deve pensar apenas em si mesmo;

• E julgam que a satisfação dos prazeres materiais está acima de tudo.

Felizmente, as ideias dessas pessoas são muito circunscritas e representam opiniões individuais. Se elas constituíssem a base de uma sociedade, conteriam os germes de sua dissolução e os seus membros agiriam como animais ferozes.

Por outro lado, o homem traz em si mesmo, de forma instintiva, a convicção de que nem tudo acaba com a morte. Ele repele naturalmente a existência do nada que traga as faculdades, apaga as memórias, não recompensa o bem realizado, elimina as esperanças e separa eternamente as afeições sinceras.

Além disso, o homem sempre teve ao seu lado e aceita o ensino religioso que lhe mostra a realidade espiritual. Por isso, crê na existência da alma e nas consequências no além-túmulo do bem ou do mal que foi praticado na vida terrena.

O Espiritismo tem a missão de esclarecer o homem a respeito da vida futura da alma, mostrando-lhe fatos.

Com as comunicações com os Espíritos, através de médiuns, a existência da alma e a sua sobrevivência à morte do corpo material não é apenas uma presunção, uma probabilidade. É uma realidade concreta.

Os próprios Espíritos vêm nos contar a sua situação no além-túmulo; dizer-nos o que fazem; narrar as suas peripécias na nova vida; revelar-nos as consequências dos méritos decorrentes do bem praticado e dos delitos cometidos.

Assim, o Espiritismo é o mais poderoso auxiliar da religião, por despertar no homem a fé, o fervor e a confiança.

Deus permite isso para reanimar as nossas esperanças e para nos conduzir ao caminho do bem pelo conhecimento do futuro da alma.

CONSIDERAÇÕES DO AUTOR DESTE ARTIGO

O Espiritismo, com os ensinamentos acima, propicia-nos um novo e amplo entendimento da Obra de Deus, do Espírito, de sua encarnação, da constituição complexa do homem e da finalidade da vida.

Com o Espiritismo, entendemos que somos Espíritos temporariamente encarnados com o propósito de desenvolver as faculdades, adquirir experiências, crescer em conhecimentos, conquistar virtudes e progredir incessantemente em rumo à perfeição espiritual.

Convictos das realidades em que estamos inseridos na grandiosa Obra da Criação, conscientizamo-nos acerca dos verdadeiros valores que devemos conquistar e do propósito de elevação na verdadeira hierarquia, que é a espiritual.

Com as lições do Espiritismo sobre a nossa composição tríplice, vivemos a vida material sob uma perspectiva intelectual, moral e espiritual. Assim, cumprimos nossa jornada evolutiva terrena conscientes de que a alma imortal é o centro de nossa ação e o elemento mais importante na nossa composição humana.

Além disso, o Espiritismo, graças a análise criteriosa e conscienciosa dos fatos espíritas e das comunicações sérias e instrutivas dos Espíritos, através de médiuns, oferece-nos provas irrecusáveis de que a vida da alma continua na vida espiritual após a morte do corpo material subordinada às Leis Divinas e às condições de vida existentes no mundo espiritual, o que nos leva à preparação para a vida futura, pela prática do bem e pela realização das boas obras.

Orientados pelo Espiritismo, vivemos preocupados em progredir em termos intelectuais, morais e espiritual, pelo bom aproveitamento do tempo, pelo bom uso das faculdades da alma e pelo cumprimento das Leis e dos Desígnios de Deus.

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CAPÍTULOS ANTERIORES DE “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”

Os artigos com as principais lições contidas nos Capítulos anteriores de “O Livro dos Espíritos” foram publicadas neste mesmo blog e podem ser consultadas nas seguintes datas:

Introdução = 30/janeiro/2009.

Prolegômenos = 09/abril/2009.

Capítulo I: Deus = 07/julho/2009.

Capítulo II: Elementos Gerais do Universo = 08/fevereiro/2010.

Capítulo III: Criação = 18/junho/2010.

Capítulo IV: Princípio Vital = 09/setembro/2010.

2ª. Parte, Cap. I: Dos Espíritos: