segunda-feira, 4 de março de 2013

"O LIVRO DOS MÉDIUNS": TEORIA DAS MANIFESTAÇÕES FÍSICAS


PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS EM “O LIVRO DOS MÉDIUNS”, SEGUNDA PARTE, CAPÍTULO IV: TEORIA DAS MANIFESTAÇÕES FÍSICAS

IMAGENS: Daniel Dunglas Home (1833 – 1886), potente médium de manifestações físicas dos Espíritos.

Geziel Andrade




Uma vez demonstrada a existência dos Espíritos, pelo raciocínio e pelos fatos, bem como a possibilidade deles agirem sobre a matéria, cabe agora entender como conseguem mover mesas e outros corpos inertes.

Foram os próprios Espíritos que deram a explicação de como conseguem produzir suas manifestações físicas, contrariando as ideias que os homens tinham a esse respeito e oferecendo solução para numerosos fatos que não tinham uma explicação satisfatória.

O Espírito possui o perispírito (corpo espiritual ou envoltório semimaterial) que tem a forma humana. Mas, o Espírito não se serve de suas mãos, nem de seus braços para girar ou erguer uma mesa.

Ele se serve do fluido universal, o qual, no ambiente terrestre, está bastante modificado em relação à simplicidade absoluta em que é encontrado nas regiões elevadas habitadas pelos Espíritos puros.

É esse mesmo fluido universal modificado que se presta à formação da matéria compacta que rodeia os homens na vida terrena.

É esse mesmo fluido universal modificado que forma o perispírito do Espírito, numa espécie de condensação em torno dele. Então, as faculdades pertencem ao Espírito e não estão nesse corpo fluídico semimaterial que sofre modificações.

Porém, esse fluido modificado que forma o perispírito não possui todas as propriedades da matéria densa. Ele tem características próprias, permitindo a formação do perispírito, que é invisível para os homens no seu estado normal.

Então, quando um Espírito quer mover um corpo sólido existente na vida terrena, ele combina uma porção do fluido universal modificado que compõe o seu perispírito com o fluido mais denso que se desprende naturalmente de um médium apropriado a produzir os denominados fenômenos de efeitos físicos.

Assim, quando uma mesa ou qualquer outro objeto se move sob o comando inteligente de um Espírito é porque este está usando os fluidos que combinou, dando ao objeto uma vida factícia ou artificial.

O Espírito, usando os fluidos que elaborou, prepara a mesa para poder movimentá-la sob a ação de sua vontade. Então, os fluidos que o Espírito combinou têm uma influência decisiva na produção do fenômeno da manifestação física.

Geralmente, os Espíritos inferiores são mais aptos à produção dos efeitos físicos, porque agem com mais facilidade sobre os fluidos materiais que se desprendem do médium.

Os Espíritos superiores, que possuem a força moral, quando necessitam produzir efeitos materiais, servem-se dos Espíritos inferiores, porque estes possuem a força física.

Quando a massa do objeto material que o Espírito deseja mover é muito pesada, ele pede ajuda para outros Espíritos que possuem a sua mesma condição. Quase sempre, são Espíritos semelhantes que acodem e ajudam espontaneamente.

Por sua natureza etérea, o Espírito propriamente dito, detentor de todas as faculdades, não pode agir diretamente sobre a matéria grosseira. Para atuar sobre ela, ele precisa de seu perispírito, do seu corpo fluídico que é de natureza semimaterial.

Portanto, no perispírito está a chave, a explicação para todos os fenômenos espíritas, incluindo as manifestações físicas do Espírito.

Como se deduz das explicações acima, a densidade do perispírito não é a mesma para todos os Espíritos. Ela varia de acordo com os mundos e as características dos indivíduos.

Nos Espíritos moralmente adiantados, o perispírito é mais sutil e se aproxima do dos Espíritos elevados.

Nos Espíritos inferiores, o perispírito aproxima-se da matéria densa. Dessa forma, eles mantêm as ilusões da vida terrena, pensam e agem como se ainda estivessem na vida terrena, sustentando os mesmos desejos e padrão de sensualidade.

A densidade maior do perispírito dos Espíritos inferiores estabelece maior afinidade com a matéria densa. Por isso, os Espíritos inferiores são mais aptos a produzir as manifestações físicas.

Portanto, o perispírito, que é para o Espírito o que o corpo material é para o homem, tem uma densidade que está de acordo com o seu grau de inferioridade ou de superioridade.

A maior densidade do perispírito dá ao Espírito inferior maior poder de atuação sobre os fluidos que são necessários para que as manifestações físicas sejam realizadas.

Reafirmando: em decorrência disso, se um Espírito elevado, que possui um perispírito de natureza mais sutil ou etérea, quiser produzir efeitos físicos, precisa recorrer a Espíritos aptos a realizá-los.

Conforme citado anteriormente, quando o Espírito vai produzir manifestações físicas, ele anima a matéria densa de uma vida artificial.

Para isso, ele precisa do médium de efeitos físicos, que forneça o fluido que vai combinar com o do seu perispírito.

O fluido que o Espírito combinou serve de instrumento para que ele anime e movimente uma mesa, por exemplo. Então, ela se move em obediência à vontade do ser inteligente.

Portanto, na produção de manifestações físicas, é indispensável que o médium forneça o fluido que o Espírito vai unir ao seu. Então, com o fluido combinado, a mesa adquire uma vida artificial e momentânea, a qual se extingue quando a quantidade do fluido já não é suficiente para animar o móvel.

O Espírito não precisa do consentimento do médium para obter o fluido material alheio e produzir efeitos físicos. Ele pode agir à revelia do médium, tirando dele, como de uma fonte, o fluido animal de que necessita para produzir fenômenos espontâneos.

É dessa forma que há movimentação do objeto malgrado ou contra a vontade do médium. A causa do fenômeno é independente do desejo deste.

Provas disso estão nos movimentos e deslocamentos espontâneos de objetos que ninguém pensou em provocar.

Desse modo, muitas pessoas ajudam os Espíritos na realização de certos fenômenos espíritas sem o saberem.

Porém, a vontade do médium em produzir um determinado efeito físico pode aumentar sua doação de fluidos e a potência do fenômeno.

A potência das manifestações físicas depende não só do organismo do médium, mas também da maior ou menor facilidade que o Espírito encontra para combinar os fluidos.

Além disso, influi ainda na realização do fenômeno a maior ou menor simpatia que o Espírito tem pelo médium de quem tira o fluido que necessita.

Algumas pessoas são inteiramente refratárias à produção de manifestações físicas dos Espíritos. Outras só conseguem as manifestações pelo esforço da sua própria vontade. Outras participam do fenômeno de forma tão natural e fácil que nem percebem que serviram de instrumento para os Espíritos. Participam dele sem saberem ou perceberem.

Em função do acima exposto, certas pessoas não se prestam nem mesmo para que uma mesinha de centro seja movimentada. Por outro lado, basta que certas crianças apenas ponham os dedos numa mesa pesada para que ela se agite e movimente rapidamente.

Há ainda o caso de certas pessoas terem a capacidade de tirar de si mesmas o fluido necessário à produção de certos fenômenos materiais. Então, podem agir sem o auxílio dos Espíritos. Todavia, isso não impede que um Espírito as assista e aproveite as suas disposições naturais para produzir determinadas manifestações físicas.

Portanto, no perispírito do Espírito e no perispírito do médium, (que é um Espírito encarnado) estão os fluidos que permitem a um Espírito produzir fenômenos materiais, como, por exemplo, mover mesa ou corpos sólidos.

Os fluidos combinados, sob a ação inteligente do Espírito, agem sobre a matéria densa ao penetrá-la e se identificarem com ela.

O mesmo ocorre na produção de batidas. O Espírito combina o seu fluido com o do médium e os põe em ação pela sua vontade. Da mesma forma, pode agir também sobre o ar para produzir sons articulados ou imitar todos os tipos de sons ou ruídos materiais.

No caso específico de mãos que aparecem dedilhando teclados, movimentando teclas e produzindo sons, o Espírito penetra a matéria com os fluidos que combinou. Então, se identifica com ela, dando-lhe uma vida artificial. Dessa forma, ele anima a matéria densa e consegue que a tecla obedeça a sua vontade. Dessa forma, faz vibrar a corda do instrumento musical, que emite sons de forma organizada e inteligente.

Para esclarecer melhor a participação do médium nas manifestações físicas dos Espíritos, o perispírito do médium emite um fluido diferente do emitido pelo perispírito do Espírito. Isso porque o perispírito do médium está ligado à matéria do seu corpo material.

O médium, que é um Espírito encarnado, está unido temporariamente ao corpo material pelo seu perispírito. Então, o seu perispírito emite um fluido mais denso que aquele do perispírito do Espírito.

Assim, há uma espécie de emanação de substância do perispírito do médium, devido as condições especiais da sua organização física. Isto caracteriza as pessoas que podem atuar como médiuns de efeitos físicos mais ou menos possantes.

Já o Espírito, nas suas manifestações físicas, serve-se de seu próprio perispírito para combinar os fluidos. Ele comanda os processos com o poder de sua vontade.

Portanto, quando um Espírito move, ergue ou atira um objeto material, ele não usa as suas mãos. Ele satura o objeto com um fluido combinado e o põe em movimento com a sua vontade.

Dessa forma, o objeto fica momentaneamente vivificado ou com uma vida artificial. Então, obedece ao impulso da vontade do Espírito.

Esta teoria foi estabelecida a partir das revelações feitas pelos próprios Espíritos. Ela veio lançar luz sobre uma infinidade de fenômenos espirituais que eram até então inexplicáveis. Ela revelou uma nova lei natural até então desconhecida, contrariando a pretensão dos homens em conhecer todas as leis da natureza.

Por sinal, muitas outras propriedades do fluido universal, (que é o elemento básico que permite a formação da matéria, a qual pode ser classificada em incontáveis tipos), continuam ainda desconhecidas.

Adicionalmente, se um Espírito pode erguer e movimentar uma mesa pesada pelo modo acima exposto, ele pode também erguer qualquer outro objeto material. Pode inclusive erguer uma pessoa sentada, quando obtém uma força suficiente para isso.

Este fenômeno foi obtido inúmeras vezes pelo médium senhor Home, consigo mesmo e com outras pessoas. Com isso, deu provas de que era um médium de efeitos físicos muito potente.

Para provar aos assistentes que o fenômeno não se tratava de ilusão de ótica, o senhor Home fazia no teto um sinal a lápis e deixava que as pessoas passassem por baixo de si mesmo.

Esse poder dos fluidos combinados em movimentar objetos materiais, sob a direção de um Espírito, torna-se facilmente aceito, quando se observa o poder dos gases, da eletricidade e dos fluidos imponderáveis. Como sabemos, eles têm o poder de realizar grandes trabalhos materiais pesados.

CONSIDERAÇÕES DO AUTOR DESTE ARTIGO
A explicação acima apresentada para as manifestações físicas dos Espíritos é uma decorrência natural:

1 – Da criação por Deus do fluído cósmico universal (ou matéria primitiva elementar), que, ao assumir diversos graus de condensação e passar por modificações, transformações e combinações, permite a formação tanto da matéria sutil existente no universo espiritual, bem como da matéria densa existente no universo material. Portanto, toda matéria existente no Universo (de incontáveis tipos), tem a origem única no fluido cósmico universal. Isto permite que relações naturais sejam estabelecidas entre os inúmeros tipos de matéria.

2 – E da composição tríplice do homem, que é um Espírito encarnado. O homem é constituído do Espírito, filho de Deus, (que possui todas as faculdades), do perispírito, (que é um corpo fluídico permanente, de natureza semimaterial e invisível para o homem no seu estado natural) e do corpo material (que é formado pela lei da reprodução e hereditariedade) para permitir a manifestação do Espírito na vida corporal.

Com a morte, o Espírito e o perispírito se desprendem do envoltório material, (este permitiu a encarnação temporária dele para progredir), determinando a volta do Espírito, com o seu perispírito, para a vida verdadeira. Nesta, ele continua mantendo suas faculdades e atividades e obtendo maior progresso intelectual e moral, em acordo com os Desígnios e as Leis de Deus.

O médium, na condição de Espírito encarnado, está com o seu perispírito unido fortemente ao seu corpo material. Dependendo das características dessa união, o perispírito do médium emite fluidos invisíveis diferenciados que podem ser usados pelos Espíritos na produção de suas manifestações físicas.

Nada há, portanto, de sobrenatural nas relações que são estabelecidas entre os Espíritos e os homens, entre a vida espiritual e a vida material, em decorrência das Leis de Deus. Tudo está interligado na Obra da Criação.

Os homens, Espíritos encarnados, não perdem jamais o contato e as relações com os Espíritos e a vida espiritual. Durante o sono, o Espírito encarnado desprende-se parcialmente do corpo material e mantém contato e relações com os Espíritos e a vida espiritual. Muitos sonhos são recordações imprecisas disso.

Os Espíritos, como seres inteligentes que agem sobre os diferentes tipos de matéria originados do fluido cósmico, inclusive podem se servir dos fluidos emitidos pelos médiuns para realizem inúmeras manifestações físicas, as quais estão narradas nos livros religiosos e nas histórias populares de todas as épocas e de todos os povos.

Com isso, dão provas da existência e imortalidade da alma, bem como das características do lado invisível do Universo (Reino dos Céus).

No perispírito do Espírito e no perispírito do homem estão muitos elos que permitem as relações da vida espiritual e dos Espíritos com a vida material e os seres humanos.

Portanto, as manifestações físicas dos Espíritos são decorrências naturais claramente enquadradas no princípio espírita de que tudo o que existe decorre da trindade universal: Deus, Espírito e matéria.

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CAPÍTULOS ANTERIORES DE “O LIVRO DOS MÉDIUNS”
As principais lições contidas nos Capítulos anteriores de “O Livro dos Médiuns” foram publicadas neste mesmo blog nas seguintes datas:
13/fevereiro/2009 = INTRODUÇÃO.
24/abril/2009 = CAP. I: EXISTEM ESPÍRITOS?
05/agosto/2009 = CAP II: O MARAVILHOSO E O SOBRENATURAL.
02/março/2010 = CAP. III: MÉTODO.
14/julho/2010 = CAP. IV: SISTEMAS.
26/abril/2011 =SEGUNDA PARTE, CAP. I: AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE A MATÉRIA.
19/outubro/2011 = SEGUNDA PARTE, CAP. II: MANIFESTAÇÕES FÍSICAS E MESAS GIRANTES.
15/março/2012 = SEGUNDA PARTE, CAP. III: MANIFESTAÇÕES INTELIGENTES.