terça-feira, 2 de março de 2010

"O LIVRO DOS MÉDIUNS", CAP. III: MÉTODO


PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS EM “O LIVRO DOS MÉDIUNS”, PRIMEIRA PARTE: NOÇÕES PRELIMINARES; CAPÍTULO III: MÉTODO

Geziel Andrade

O Espiritismo é uma Ciência e uma Filosofia e se relaciona com todos os problemas da Humanidade.

Quem deseja conhecê-lo seriamente deve submeter-se a um estudo aprofundado, buscando conhecer seus princípios e avaliar as suas conseqüências.

Sem dúvida, a crença na existência dos Espíritos é a base do Espiritismo. Mas, sendo os Espíritos simplesmente as almas dos homens, sua verdadeira base é a existência da alma.

As maneiras que as pessoas têm de chegar à convicção e à propagação do Espiritismo são: o estudo, o ensino, a simples conversação, a explicação racional, a experiência e a própria instrução.

Porém, antes delas se tornarem espírita, precisam se tornar espiritualistas; isto é, precisam admitir no homem a existência de um princípio inteligente que sobrevive à morte do corpo material e conserva a sua individualidade no mundo espiritual.

Por outro lado, existem diversas categorias de pessoas que se opõem à aceitação do Espiritismo:
1. Os materialistas radicais, que negam a existência da alma e que nem os fatos espíritas os convencem disso.
2. Os materialistas indiferentes às coisas espirituais, que gostariam de crer, mas a incerteza os atormenta e vivem na dúvida e na incredulidade esperando que alguém lhes fale à razão e lhes apresente as realidades espirituais de forma racional para poderem aceitá-las.
3. Os incrédulos de má vontade, que conhecem o Espiritismo, mas não crêem nele porque sua aceitação perturbaria o gozo dos prazeres materiais e limitaria sua ambição, seu egoísmo e o aproveitamento das vaidades humanas.
4. Os incrédulos interesseiros ou de má fé, que conhecem bem o que há de certo no Espiritismo, mas o condenam ostensivamente por causa de seus interesses pessoais.
5. Os incrédulos por motivos variados, como por covardia, escrúpulo religioso, orgulho, espírito de contradição, negligência, leviandade, decepção, etc.

Alguns opositores se dizem decepcionados com o Espiritismo, geralmente por terem feito um estudo incompleto da Doutrina Espírita e não terem chegado a acumular experiências. Alguns deles foram mistificados por Espíritos, quando lhes fizeram perguntas indevidas ou pretendiam obter adivinhações. Outros não ficaram suficientemente esclarecidos sobre o modo espírita de distinguir a verdade da impostura.

Dessa forma, chegaram a desagradáveis decepções, das quais um homem sério e prudente teria se preservado facilmente.

Existem ainda as pessoas vacilantes, embora espiritualistas por princípio, que adquiriram apenas uma intuição vaga das idéias espíritas, sem conseguirem, contudo, definir o seu verdadeiro objetivo.

Do lado das pessoas que podem ser consideradas crentes espíritas, existem os espíritas sem o saber. Eles têm um sentimento inato dos princípios da Doutrina Espírita e os divulgam de tal forma que são considerados verdadeiros iniciados.

Entre os adeptos que estudaram o Espiritismo, destacam-se quatro categorias:
1. Os espíritas experimentadores, que acreditam nas manifestações físicas e inteligentes dos Espíritos e consideram o Espiritismo uma ciência de observação dos fatos espíritas.
2. Os espíritas imperfeitos, que compreendem o aspecto filosófico do Espiritismo, bem como a moral dele decorrente; mas não a praticam para melhorar os hábitos e as condutas morais.
3. Os espíritas cristãos ou verdadeiros espíritas, que praticam a moral cristã. Eles aproveitam as oportunidades da vida passageira para progredirem e alcançarem uma boa posição no mundo dos Espíritos. Para isso, esforçam-se em fazer o bem, reprimir as más tendências e promover as reformas morais. Além disso, colocam a caridade como regra de conduta. Esses espíritas verdadeiros não insistem em persuadir os incrédulos. Fazem o bem, aliviam os corações aflitos, espalham consolações, acalmam os desesperados. Com isso, obtêm satisfação pessoal, tornam-se felizes e propagam o verdadeiro caráter do Espiritismo.
4. Os espíritas exaltados, que têm confiança cega nas manifestações dos Espíritos. Assim, menosprezam o uso do raciocínio, da lógica, do bom senso, do controle, da reflexão e do exame racional dos fatos e das comunicações que recebem. São mais nocivos do que úteis à causa do Espiritismo. São facilmente enganados por Espíritos mistificadores ou por pessoas que exploram a credulidade alheia.

Algumas pessoas que estudam ou ensinam o Espiritismo encontram dificuldade em lidar com as inteligências desencarnadas, porque elas são dotadas de liberdade, e, a cada instante, provam que não estão sujeitas aos caprichos humanos.

Para superarem essa dificuldade, passam a observar atentamente as manifestações físicas e inteligentes dos Espíritos, colhendo os resultados que desejam durante as ocorrências dos fatos espíritas.

Por outro lado, existem pessoas que se vangloriam de obter as manifestações físicas ou inteligentes dos Espíritos à vontade. Porém, não passam de pessoas ignorantes ou de impostoras. Isso porque o verdadeiro Espiritismo jamais se presta a exibições ou a apresentações em palcos.

Os Espíritos elevados não se entregam a exibições, nem se submetem a pesquisas por curiosidade. Por isso, suas manifestações não ocorrem quando são desejadas ou exigidas; mas sim da maneira mais inesperada e diversa da que é pretendida.

Além disso, as manifestações dos Espíritos dependem de médiuns, cujas faculdades especiais variam ao infinito, segundo a aptidão de cada um deles.

Em função disso, para que as pessoas evitem ou superem esses inconvenientes, precisam começar, pela teoria, um estudo sério do Espiritismo. Assim, descobrem sua grandeza, seu objetivo e alcance.

Com esse estudo teórico sério, as pessoas passam os fenômenos espíritas em revista; encontram para eles explicações racionais; compreendem sua possibilidade, seus obstáculos e quais são as condições necessárias para serem produzidos, evitando surpresas, decepções, dificuldades e experiências desagradáveis.

Além disso, compreendem que o aspecto filosófico do Espiritismo é o principal, por resolver problemas antes considerados insolúveis e por mostrar o passado e o futuro da Humanidade de um modo mais racional.

Quanto ao aspecto experimental do Espiritismo, as observações das manifestações físicas e inteligentes dos Espíritos permitem a corroboração e a confirmação dos princípios da Doutrina Espírita.

Portanto, para as pessoas que começam o estudo do Espiritismo pela teoria, não faltam ocasiões para as observações práticas das numerosas manifestações espontâneas dos Espíritos. Com isso, entendem-nas de forma racional e obtêm confirmação da teoria que foi erigida em cima dos fatos espíritas, chegando à convicção e à aceitação da Doutrina dos Espíritos.

Quando as pessoas que já possuem um conhecimento prévio da teoria espírita assistem às sessões experimentais, convencem-se mais facilmente dos fatos e dos fenômenos espíritas. Compreendem facilmente o que se passa; não sentem surpresa quando ocorrem insucessos; sabem das condições que são necessárias para que as manifestações se produzam; percebem as dificuldades que são encontradas; e captam os pormenores, as nuanças sutis e os elementos de convicção que escapam a um observador que ignora a teoria espírita.

Por essas razões, nas sessões experimentais só devem ser admitidas as pessoas que estejam suficientemente preparadas para compreender o que se passa, evitando perda de tempo tanto do observador, quanto do dirigente.

O conhecimento prévio da teoria espírita, do objetivo sério do Espiritismo, das condições necessárias às manifestações e comunicações dos Espíritos e da forma racional que os fatos espíritas ocorrem, pode ser adquirido nas obras: “O que é o Espiritismo?”; “O Livro dos Espíritos”; “O Livro dos Médiuns”; e “A Revista Espírita”.

Mas, aquelas pessoas que desejam conhecer completamente o Espiritismo devem necessariamente ler tudo o que foi publicado a respeito, não se limitando a um único autor. Devem ler os prós e os contras, as críticas e as apologias, julgando por comparação e separando o bom do mau e o verdadeiro do falso.