terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS EM "O LIVRO DOS ESPÍRITOS": RETORNO DA VIDA CORPÓREA À VIDA ESPIRITUAL















PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS EM “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, SEGUNDA PARTE, CAPÍTULO III: RETORNO DA VIDA CORPÓREA À VIDA ESPIRITUAL

Geziel Andrade

1 – A ALMA APÓS A MORTE

No instante da morte do corpo material, a alma retorna ao mundo dos Espíritos, de onde havia saído temporariamente para progredir em termos intelectuais e morais.

Assim, a alma conserva a sua individualidade após a morte e jamais a perde.

Com a perda do corpo material, a alma constata a sua individualidade pela manutenção de seu corpo fluídico, chamado de perispírito, que é formado com elementos sutis da atmosfera do planeta e tem a mesma aparência da sua última encarnação.

Ao deixar a vida material, em decorrência da morte, a alma leva consigo a lembrança dos acontecimentos e dos atos praticados, experimentando o desejo de ir para um mundo melhor.

Após ter entrado no mundo espiritual, essa lembrança que leva da sua vida corpórea é cheia de doçura ou de amargor, segundo o emprego bom ou mal que deu à sua jornada terrena.

Quanto mais elevada e pura for a alma, menos se prende às coisas materiais que deixou na Terra e mais rapidamente compreende a futilidade delas.

As comunicações que os Espíritos podem manter com os homens, através de médiuns, atestam a imortalidade, a sobrevivência e a individualidade da alma após a perda do seu envoltório corporal.

Essas comunicações dos Espíritos revelam sua inteligência, suas qualidades próprias, a consciência do eu e uma vontade distinta.

Efetivamente, os Espíritos são seres individuais e distintos porque são bons ou maus, sábios ou ignorantes, felizes ou desgraçados. Assim, apresentam-se aos homens alegres ou tristes, levianos ou sérios, etc.

Os Espíritos dão ainda aos homens provas de sua individualidade quando:
• Revelam sua identidade através de sinais incontestáveis;
• Recordam detalhes pessoais relativos à sua vida terrena, os quais podem ser constatados;
• E manifestam-se tais quais foram, quando de suas aparições.

Portanto, a vida do Espírito é eterna. Já a sua vida corpórea é transitória.

A morte apenas promove a volta da alma à vida eterna.

2 – SEPARAÇÃO DA ALMA E DO CORPO MATERIAL

A morte do corpo material não causa sofrimento para a alma que vê chegar ao fim o seu exílio na vida corpórea.

A morte promove o desprendimento da alma do seu corpo transitório, pois rompe os liames que a retinham na vida material.

Mas, esse desprendimento ocorre gradualmente. Então, o Espírito vai se desprendendo pouco a pouco, à medida que os liames se soltam.

Dessa forma, para a alma, a morte é apenas a destruição do corpo material. Ela se separa do corpo com a cessação da vida orgânica; mas leva consigo o seu perispírito que a ligava ao corpo e que se soltou.

A lentidão com que se processa o desprendimento da alma do seu corpo material é variável segundo cada indivíduo.

Para a alma que praticou o bem e as virtudes na vida material, o processo de libertação é bastante rápido, podendo ocorrer mesmo na agonia, com o corpo material mantendo apenas a vida orgânica.

Já para a alma que se prendeu às coisas materiais e à sensualidade, o desprendimento é mais demorado, podendo durar, às vezes, alguns dias, semanas e até mesmo meses.

Esse desprendimento lento é devido à afinidade criada entre o perispírito e o corpo material, em razão da preponderância que a alma deu às coisas materiais.

Dessa forma, quanto mais a alma estiver identificada com as coisas materiais, mais sofrerá para se separar do corpo material.

No caso específico de morte por suicídio, esse desprendimento é, geralmente, bastante complicado.

Quando o Espírito que fez o mal durante a vida terrena se vê no mundo dos Espíritos, sente-se envergonhado de o haver feito.

Já para a alma que cultivou as atividades intelectuais e morais e que manteve os pensamentos elevados, o desprendimento começa mesmo durante a sua vida corpórea, a ponto de ser quase instantâneo.

Essa alma, quando sente que os liames que a prendem ao corpo material estão se desprendendo, emprega seus esforços para apressar a sua libertação.

Uma vez parcialmente separada da vida material, consegue antever o seu futuro e gozar por antecipação do estado de Espírito.

E a alma do homem justo se sente aliviada por não recear na nova fase da vida nenhum olhar perquiridor.

Uma vez no mundo dos Espíritos, a alma reencontra as pessoas que conheceu na vida material e que morreram antes dela, segundo a afeição que reciprocamente mantiveram.

Quase sempre, os Espíritos amigos vêm recebê-la na sua volta ao mundo dos Espíritos e a ajudam a se libertar das faixas da matéria.

A alma que retorna à vida espiritual reencontra muitos amigos que tinha perdido de vista durante a sua passagem pela vida material. Vê também os Espíritos que se encontram na vida espiritual e pode ainda visitar os Espíritos que se encontram encarnados.

Cada tipo de morte do corpo material causa um impacto diferente no momento do desprendimento da alma.

Na morte violenta, o perispírito estando fortemente ligado ao corpo material e as forças vitais estando bastante ativas, os liames que unem o envoltório material ao perispírito são mais tenazes e o desprendimento completo torna-se mais lento.

3 – PERTURBAÇÃO ESPÍRITA

Em seguida à morte do corpo material, a alma, geralmente, não tem consciência imediata de si mesma. Ela fica perturbada por algum tempo.

Mas, a duração dessa perturbação depende da elevação moral da alma.

Quando ela já se depurou e se desprendeu das coisas materiais durante a sua vida corpórea, reconhece-se quase imediatamente. A perturbação que se segue à morte do corpo material nada tem de penosa para a alma do homem de bem que mantém a sua consciência pura.

Por outro lado, a alma do homem que se prendeu às coisas materiais e não manteve a consciência pura conserva por muito mais tempo a impressão da matéria.

Dessa forma, a alma que compreende antecipadamente as realidades da vida espiritual experimenta menor perturbação com a morte do corpo material e entende mais depressa a sua nova posição; mas são a prática do bem e a pureza de consciência que reduzem a duração dessa perturbação decorrente da morte.

Portanto, toda alma que deixa o seu corpo material em decorrência da morte precisa de algum tempo para se reconhecer na vida espiritual. Tanto a lucidez das ideias, quanto a memória do passado voltam à medida que a influência da matéria vai se extinguindo.

Nos casos de morte violenta, por suicídio, suplício, acidente, apoplexia, ferimentos, etc, a alma tem maior dificuldade em aceitar e reconhecer que o seu corpo material morreu. Ela mantém a ilusão de que continua na vida corporal.

Somente depois do completo desprendimento do Espírito, reconhece o seu novo estado; compreende que não mais faz parte do mundo dos vivos; continua a pensar, a ver e a escutar; e se percebe num corpo sutil semelhante ao que deixou na Terra.

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CONSIDERAÇÕES DO AUTOR DESTE ARTIGO

O Espiritismo faz uma clara distinção entre o universo material, no qual a alma entra com o nascimento do seu corpo transitório obtido pela lei da reprodução, e o universo espiritual, no qual foi criada por Deus e para o qual retorna com a morte após ter cumprido a sua jornada evolutiva.

Assim, o Espiritismo mostra que o homem não é apenas um corpo material perecível. É formado também pela alma imortal, que detém todas as faculdades intelectuais e morais em permanente processo de desenvolvimento; e pelo perispírito, que é o seu corpo espiritual, que inclusive a permite unir-se ao seu envoltório corporal durante a sua vida terrena.

Com os princípios do Espiritismo, aprendemos a:
• Fazer um bom uso da vontade e do livre-arbítrio na vida corporal para cumprir adequadamente a programação evolutiva;
• Progredir escolhendo as atividades intelectuais e morais nobres que garantem a ascensão na hierarquia espiritual, que é a verdadeira;
• Suportar com coragem, resignação, esperança e confiança em Deus as missões, provas, tribulações e sofrimentos da vida terrena, pois são experiências que educam e aprimoram a alma imortal;
• Praticar as virtudes e o bem em observância às Leis de Deus para o indispensável crescimento moral;
• Ter desapego das coisas materiais e da sensualidade para evitar os condicionamentos e as influências nefastas da matéria e não comprometer a evolução da alma;
• Manter os sentimentos e pensamentos elevados para melhorar o mundo íntimo e manter as atitudes, condutas e ações elevadas;
• Ter a preocupação de registrar na memória apenas bons atos praticados conscientemente com a realização das boas obras;
• E conservar a consciência pura pelo cumprimento honesto e responsável dos deveres morais e pela prática da justiça, do amor e da caridade.

Com isso, atingimos o verdadeiro objetivo da vida material; alcançamos o rápido desprendimento da alma do corpo material, independentemente do que possa causar a sua morte; passamos de modo breve pela perturbação que se segue à morte, sendo apenas um sono leve com um despertar feliz; obtemos a libertação, a volta da lucidez e o reconhecimento na vida espiritual sob o amparo dos Espíritos bons, amigos e familiares; e experimentamos de modo sereno, alegre e feliz a continuidade da vida da alma após o seu retorno ao mundo espiritual, mantendo atividades nobres.

Allan Kardec, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, deu ao Espiritismo as bases cristãs que permitem ao homem conquistar o progresso religioso e moral e os méritos que lhe garantem desfrutar das bem-aventuranças na continuidade da vida da sua alma no reino dos céus.

E no livro “O Céu e o Inferno”, detalhou os aspectos do retorno da alma à vida espiritual, demonstrando:
• A situação dos Espíritos de todas as classes na hierarquia espiritual;
• Como o perispírito desempenha o papel de agente da justiça divina ao permitir com que cada alma receba de forma justa na vida espiritual segundo as suas próprias obras terrenas;
• Como a perturbação que se segue à morte do corpo material varia bastante, dependendo do grau de evolução moral e espiritual de cada alma que desencarna;
• A enorme variedade de ocorrências que as almas experimentam em função de seus méritos ou vícios, classificando os Espíritos como felizes, de condição mediana, sofredores, suicidas, criminosos arrependidos e endurecidos no mal;
• As fases que a alma enfrenta com o despertar na vida espiritual, após a perturbação, passando pela: visão do próprio corpo material inerte; reencontro com os amigos e familiares já falecidos; revisão de todos os fatos que marcaram a sua jornada na vida corporal; constatação da forma humana e aparência da última encarnação no perispírito; melhoria das percepções; satisfação decorrente do cumprimento dos deveres morais; arrependimento e sofrimentos decorrentes da prática do mal; entendimento das expiações sofridas na vida terrena em função dos erros cometidos em vidas passadas; e aceitação das atividades incessantes que precisam ser mantidas na vida eterna.

Dessa forma, temos todos os mistérios da vida da alma após a morte do corpo material desvendados, com base nas revelações concordes feitas pelos próprios Espíritos, através de diferentes médiuns.

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CAPÍTULOS ANTERIORES DE “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”

Os artigos com as principais lições contidas nos Capítulos anteriores de “O Livro dos Espíritos” foram publicadas neste mesmo blog e podem ser consultadas nas seguintes datas:
Introdução = 30/janeiro/2009.
Prolegômenos = 09/abril/2009.
Capítulo I: Deus = 07/julho/2009.
Capítulo II: Elementos Gerais do Universo = 08/fevereiro/2010.
Capítulo III: Criação = 18/junho/2010.
Capítulo IV: Princípio Vital = 09/setembro/2010.
2ª. Parte, Cap. I: Dos Espíritos = 01/abril/2011.
2ª. Parte, Cap. II: Encarnação dos Espíritos = 04/outubro/2011.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

OS ANIMAIS SOB O ENFOQUE ESPÍRITA















OS ANIMAIS SOB O ENFOQUE ESPÍRITA

Geziel Andrade

O acervo literário do Movimento Espírita enriqueceu-se, em 2011, com o lançamento do livro interessante e muito bem elaborado intitulado “O Evangelho dos Animais”.

A autoria desse livro é da médium Sandra Denise Calado e da psicografia da Equipe Espiritual da ASSEAMA: Associação Espírita Amigos dos Animais, com sede em São Paulo-SP, (www.asseama.com.br).

Trata-se de um estudo aprofundado das questões complexas que envolvem a existência da alma nos animais, a sua sobrevivência à morte do corpo material e o seu destino determinado por Deus.

O trabalho extenso foi elaborado de forma habilidosa, propiciando ao leitor momentos agradáveis e instrutivos de leitura, bem como reflexões sérias acerca das criaturas no contexto amplo da grandeza, justiça e obra do Criador.

O livro tem base sólida na análise detalhada que efetua dos princípios e ensinamentos contidos nas obras de Allan Kardec, Léon Denis e em alguns livros dos Espíritos Emmanuel, André Luiz e Joanna de Ângelis, dentre outros.

O estudo aborda com muita propriedade, através de diálogos didáticos e instrutivos mantidos entre os personagens do enredo, assuntos interessantes e complexos, com o fim de ressaltar as soluções espíritas para as questões intrincadas relativas à espiritualidade dos animais e as suas características e capacidades, envolvendo principalmente sentimentos, emoções, comportamentos inteligentes, controle dos instintos, capacidade de aprendizado, possibilidade de comunicação e relacionamento através de sons, sinais e linguagem rudimentares, certo discernimento e certa vontade, tomada de decisão simples e liberdade de escolha e ação.

O livro abre a nossa consciência para a razão da existência, a imortalidade e a estrada evolutiva que a alma do animal está percorrendo para alcançar a humanidade num futuro bem distante.

Em função disso, conscientiza-nos a auxiliar a alma dos animais em sua jornada evolutiva, ao dedicarmos-lhes respeito, entendimento, amparo, compaixão, benevolência, trabalhos educativos e, sobretudo, amor.

O livro levanta ainda alguns temas relevantes com enorme perspicácia e bom senso, permitindo-nos assumir posições claras sobre:
• As faculdades existentes na alma imortal dos animais;
• A importância do combate severo à caça, aprisionamento, crueldade, maltrato, abandono, experimentos dolorosos, extermínio e matança;
• A melhoria nas relações com os seres primitivos da Natureza com a prática da responsabilidade, piedade e bondade;
• O emprego digno e respeitoso dos animais superiores nas atividades humanas, propiciando-lhes aprendizado e evolução;
• O acesso mais fácil aos recursos da medicina veterinária para curar as doenças, socorrer, proteger e aliviar as dores e os sofrimentos;
• As opções de alimentação com a dieta carnívora ou a dieta a base de vegetais, dentro das teorias do carnivorismo ou do vegetarianismo.
• A dedicação dos bons Espíritos para com as almas dos animais quando encarnam, suportam a experiência carnal e desencarnam;
• Os renascimentos sucessivos das almas das criaturas primitivas criadas por Deus, para que o princípio inteligente se aprimore e evolua, até que sofra a transformação que o torna Espírito e entre no período da humanidade, deixando para trás a fase da animalidade.

Enfim, o livro é muito importante e exige uma leitura atenta e raciocinada, para que as contribuições prestadas sejam bem avaliadas e assimiladas em seu objetivo de aprofundar e aclarar os princípios do Espiritismo a respeito da dinâmica que envolve a vida imortal e a evolução da alma dos animais.

Sem qualquer dúvida, a leitura desse livro eleva o estado de nossa consciência acerca da espiritualidade nos animais, nos permitindo melhorar as condutas perante essas criaturas de Deus que estão ainda percorrendo os estágios da infância espiritual.