quinta-feira, 2 de abril de 2015

LUZES CONTIDAS EM "O LIVRO DOS ESPÍRITOS", DE ALLAN KARDEC




LUZES CONTIDAS EM “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, DE ALLAN KARDEC

Geziel Andrade

Allan Kardec lançou “O Livro dos Espíritos” em Paris, na França, em 18 de abril de 1857, constituindo o Espiritismo.

O codificador da Doutrina Espírita começou a compor esse livro a partir das sessões de manifestações físicas dos Espíritos, através de deslocamentos de objetos; batidas com o pé de uma mesa para responder às perguntas por um “sim” ou um “não”; movimentação de um objeto para apontar as letras do alfabeto e assim formar frases mais elaboradas e responder a certas perguntas consideradas complexas.

Essa fase das manifestações físicas dos Espíritos durou pouco tempo. Mas serviu mais para chamar a atenção dos homens para uma realidade que lhes era desconhecida e mesmo inimaginável.

Logo em seguida, vieram as manifestações inteligentes dos espíritos, feitas principalmente através da escrita mediúnica.

Os médiuns passaram a segurar um lápis para escrever no papel diretamente o que lhes era ditado mentalmente ou pela audição ou mesmo por impulsos involuntários no braço.

Assim, se tornaram os intermediários entre os Espíritos e os homens ao registrarem pensamentos, sentimentos e ensinamentos vindos de seres invisíveis que habitavam o universo espiritual, chamado por Jesus de “o reino dos céus”.

Logo, as manifestações inteligentes dos Espíritos desenvolveram-se rapidamente, através da escrita, da fala, da poesia, da música, etc.

Deste modo, Allan Kardec conseguiu resolver questões elevadas de ordem filosófica, científica, religiosa e moral, servindo-se de diferentes médiuns, de diversas localidades.

A primeira preocupação de Allan Kardec foi desvendar quem eram realmente os autores das inusitadas manifestações físicas e inteligentes.

Então, constatou de modo incontestável que os Espíritos são as almas dos homens que morreram e que se encontravam no mundo espiritual, conservando o mesmo nível de elevação intelectual e moral que possuíam quando estavam encarnadas na Terra.

As almas dos homens apenas haviam perdido o seu envoltório material, com o fenômeno da morte; mas continuavam vivendo na vida no mundo espiritual, sendo virtuosas com suas boas qualidades intelectuais e morais adquiridas ou imperfeitas com o cultivo de suas paixões inferiores e com o uso de uma linguagem trivial, grosseira e cheia de falsidade no mundo diferente que passaram a habitar.

Outra constatação muito importante de Allan Kardec foi que os Espíritos elevados em termos intelectuais e morais usavam sempre, em suas comunicações com os homens, uma linguagem digna, nobre e cheia de ensinamentos elevados.

Desse modo, ficou muito fácil para Allan Kardec distinguir com precisão o tipo de Espírito que estava se comunicando através de um determinado médium.

Com os ensinamentos concordes que Allan Kardec obteve de inúmeros Espíritos superiores, através de diferentes médiuns de várias localidades, conseguiu compor “O Livro dos Espíritos”, esclarecendo na sua Introdução que:

“Não podemos obter nenhum mérito pessoal sobre esta obra, já que os princípios nela contidos não são criação nossa. Todo o mérito é, portanto, dos Espíritos que a ditaram.”

Por sinal, esses Espíritos superiores haviam lhe recomendado:

“Ocupa-te, com zelo e perseverança, do trabalho que empreendeste com nossa ajuda, pois esse trabalho é nosso. Nele pusemos as bases do novo edifício que se ergue e que, um dia, deve unir todos os homens num mesmo sentimento de amor e caridade. (...) É com perseverança que conseguirás obter o fruto de teus trabalhos. (...) Lembra-te de que os Bons Espíritos só ajudam aqueles que servem a Deus desinteressadamente e com humildade.”

DEUS E OS ELEMENTOS GERAIS DO UNIVERSO

Em “O Livro dos Espíritos”, Deus está acima de todas as coisas, em decorrência dos seguintes ensinamentos transmitidos pelos Espíritos superiores:

“Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”

“Deus revela a sua inteligência suprema através da Obra da Criação.”         

“Deus é todo poderoso, soberanamente justo e bom e tem todas as perfeições no grau mais supremo.”

“Deus criou a matéria em estados que são desconhecidos pelos homens.”

“Em certos estados, a matéria criada por Deus é tão etérea e sutil que não causa nenhuma impressão aos sentidos humanos.”

“Dos diferentes estados da matéria surge o princípio vital que anima os variados corpos orgânicos.”

“Além da matéria, Deus criou o Espírito, que é o princípio inteligente do Universo. Portanto, a inteligência é um atributo essencial do Espírito.”

“Deus permite a união do Espírito à matéria animalizada. Isso a torna inteligente, graças ao pensamento, a vontade e a consciência que são também atributos do Espírito.”

“Deus criou muitos mundos habitados. O homem, na Terra, está longe de ser o primeiro em inteligência, em bondade e em perfeição.”

“Deus criou, além dos mundos materiais, o mundo espiritual, habitado pelos Espíritos. Este mundo é preexistente ao mundo material e sobrevivente a tudo.”

“Deus cria permanentemente os Espíritos, isto é, nunca parou de criá-los. Por isso, estão em diferentes graus de progresso intelectual e moral.”

“Os Espíritos, filhos de Deus, estão submetidos à Sua Vontade e às Suas Leis.”

“Para conseguirem atuar sobre os diferentes estados da matéria criada por Deus, os Espíritos estão sempre revestidos de um envoltório semimaterial, chamado de perispírito. Esse envoltório tem a forma humana, isto é, conserva a aparência da última encarnação. É graças ao perispírito que os Espíritos aparecem aos homens, seja nos sonhos, seja no estado de vigília, e algumas vezes lhes aparecem na forma visível ou mesmo palpável.”

OS ANJOS E OS DEMÔNIOS

A partir desses ensinamentos dos Espíritos superiores, obtidos por Allan Kardec através de diferentes médiuns e em muitas localidades, foi desvendado o mistério dos anjos e dos demônios:

“Os Espíritos podem ser enquadrados em três grandes ordens:

Na primeira ordem estão aqueles Espíritos que, embora tenham sido criados por Deus simples e ignorantes, já chegaram à perfeição intelectual e moral, que é o destino de todos, estabelecido por Deus, graças à Lei do progresso. São os chamados de Anjos.

Na segunda ordem estão os Espíritos que já se conscientizaram do dever moral de fazer o bem e que se esforçam para progredir.

E na terceira ordem estão os Espíritos ainda imperfeitos, ignorantes, presos às más paixões e propensos à prática do mal. Eles, porém, estão evoluindo em termos intelectual e moral, através de inúmeras reencarnações, na Terra ou em outros mundos habitados. Por falta de entendimento da grandeza da Obra de Deus, são chamados indevidamente pelos homens de demônios.”

O PROGRESSO INCESSANTE DOS ESPÍRITOS

Com essa comunicação séria e instrutiva com os Espíritos superiores, Allan Kardec estabeleceu no Espiritismo a Lei do progresso, a que todos os seres estão submetidos:

“Os Espíritos imortais, pelos Desígnios de Deus, têm de progredir em inteligência e em moralidade, através das incontáveis reencarnações, em variados mundos habitados.”

“À medida que os Espíritos se melhoram, elevam-se na hierarquia espiritual, que é a verdadeira. Assim, todos os Espíritos um dia se tornarão perfeitos.”

“Deus impõe a encarnação aos Espíritos para levá-los à perfeição. Na vida temporária que passam na existência material, os Espíritos cumprem provas e missões, ou expiações em função dos erros cometidos, convivendo e se relacionando com Espíritos de todas as ordens de elevação intelectual e moral, graças ao envoltório material. Assim, sofrem as lutas e vicissitudes da existência corpórea para desenvolverem as faculdades e adquirirem conhecimentos e experiências. Além disso, participam com seu trabalho na obra da Criação instruindo-se e progredindo incessantemente na hierarquia espiritual.”

AS RELAÇÕES ENTRE AS VIDAS ESPIRITUAL E MATERIAL

Allan Kardec constatou com suas pesquisas espíritas que o Espírito, mesmo encarnado, jamais perde seu contato com os Espíritos e a vida verdadeira:

“Durante o sono, os laços que unem o Espírito ao corpo material se afrouxam e o Espírito percorre o espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos. Os sonhos são lembranças imprecisas da liberdade parcial desfrutada pela alma. Ela viaja, conversa, trabalha e se instrui nesses momentos de desprendimento temporário do corpo material. Assim, pelo efeito do sono, o Espírito encarnado está sempre em contato com o mundo dos Espíritos, que é a sua pátria verdadeira.”

A AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE OS HOMENS

Allan Kardec constatou ainda com suas investigações espíritas que os homens vivem sob as influências dos bons ou dos maus Espíritos:

“Os Espíritos influem nos pensamentos e nas ações dos homens, chegando, muitas vezes, a dirigi-los. Os Anjos da guarda, os Espíritos protetores e familiares e os bons Espíritos exercem boas influências sobre os homens. Os Espíritos maus induzem os homens ao mal para fazê-los sofrer.”

A LIBERTAÇÃO DA ALMA COM A MORTE DO CORPO MATERIAL

Allan Kardec descortinou a continuidade da vida da alma após a morte de seu envoltório corporal:

“A morte rompe os laços que prendiam o Espírito ao corpo material, promovendo o seu retorno ao mundo dos Espíritos. Ele havia deixado momentaneamente o seu mundo permanente com a sua encarnação para progredir.”

“A vida da alma no mundo dos Espíritos será cheia de doçura ou de amargura, conforme o bom ou mau emprego que tiver feito de sua vida terrena.”

A REENCARNAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE PROGRESSO INCESSANTE DO ESPÍRITO

Allan Kardec rendeu-se aos argumentos convincentes dos Espíritos superiores, que lhe revelaram que Deus impõe a reencarnação ao Espírito imperfeito para que progrida incessantemente até que chegue um dia ao seu destino final que é a conquista da perfeição intelectual e moral:

“Todos os Espíritos têm muitas existências corpóreas. E a cada nova existência dá um passo na estrada do progresso; se despoja de suas imperfeições; e se aproxima da condição de Espírito bem-aventurado, de Espírito puro.”

AS LEIS MORAIS

Os Espíritos superiores ensinaram a Allan Kardec que as Leis de Deus prevalecem:

“É pelo cumprimento das Leis de Deus, em palavras e em ações, que o homem de bem conquista a sua felicidade. E, para o cumprimento de Suas Leis, Deus ofereceu Jesus ao homem, como o guia e o modelo mais perfeito.”

“O cumprimento das Leis de Deus pelo homem consiste principalmente no: “fazer aos outros o que gostaria que os outros lhe fizessem.”

“As Leis de Deus, em sua abrangência, consistem na:
·       LEI DE ADORAÇÃO: Deus deve ser adorado pelo pensamento; pelas boas ações; pelo bom exemplo; e pela prece feita de coração.
·       LEI DO TRABALHO: O trabalho imposto por Deus a todos os seres propicia ao homem uma ocupação e forma de ser útil aos semelhantes; o aperfeiçoamento da inteligência; o suprimento de suas necessidades: alimentação, segurança e bem-estar.
·       LEI DA REPRODUÇÃO DO CORPO MATERIAL: A reprodução deve ser cumprida com responsabilidade, pois permite a encarnação do Espírito com vistas ao seu aperfeiçoamento intelectual e moral. Os pais têm, portanto, por missão desenvolver o Espírito de seus filhos, através da educação e da instrução.
·       LEI DE CONSERVAÇÃO DO CORPO MATERIAL: O homem tem o dever moral de preservar o seu instrumento de evolução do Espírito. Deus lhe concedeu o meio material de manifestação e aperfeiçoamento para atuar de modo elevado na vida transitória, principalmente evitando os abusos, excessos e vícios. Assim, o homem vive melhor e evolui.
·       LEI DE DESTRUIÇÃO DAS COISAS MATERIAIS: O homem tem o dever moral de não promover desnecessariamente a destruição das coisas materiais. A Lei de destruição, evidentemente, tem a função de transformar, renovar e aprimorar as coisas materiais, mas as coisas existentes na Natureza devem ser preservadas de modo responsável e consciente pelo homem.
·       LEI DA VIDA EM SOCIEDADE: O homem, na condição de Espírito encarnado, criatura de Deus, tem a obrigação moral de viver e conviver pacificamente com os seus familiares e semelhantes, respeitando-se e ajudando-se mutuamente e sendo sempre útil a eles. O progresso do Espírito imperfeito se realiza graças à vida em sociedade.
·       LEI DO PROGRESSO: O homem tem que cuidar do seu próprio progresso material e espiritual, bem como da evolução das condições de vida no planeta. Cumpre adequadamente isso principalmente educando-se, instruindo-se, trabalhando e cuidando de seu aprimoramento intelectual e moral para aproximar a sua alma da perfeição espiritual.
·       LEI DE IGUALDADE: Todos os Espíritos são criados simples e ignorantes, isto é, iguais por Deus. Todos estão submetidos às mesmas Leis; e precisam trabalhar e se esforçar para o próprio aperfeiçoamento, caminhando para a perfeição espiritual.
·       LEI DE LIBERDADE: O homem tem o dever moral de usar a sua vontade e o seu livre-arbítrio com responsabilidade, fazendo o bem, realizando as boas obras e respeitando os direitos alheios. Assim progride e faz a sociedade progredir.
·       LEI DE JUSTIÇA, AMOR E CARIDADE: Somente a rigorosa observância desta Lei promove o rápido progresso moral e espiritual do Espírito, elevando-o na hierarquia verdadeira e abrindo-lhe as portas para as bem-aventuranças existentes nos mundos materiais e espirituais superiores e felizes.


AS PENAS E OS GOZOS NA VIDA TERRENA

As lições dos Espíritos superiores, publicadas por Allan Kardec em “O Livro dos Espíritos”, permitem que os homens estejam sempre conscientes de suas missões, provas ou mesmo expiações na vida terrena.

Assim, conseguem cumpri-las com condutas morais elevadas, evitando muitos males e conquistando uma felicidade duradoura.

Onde quer que esteja o Espírito encarnado ou desencarnado, pela Lei de Causa e Efeito ou de Ação e Reação, é sempre o artesão de sua própria felicidade ou, ao cometer erros, de sua própria infelicidade.

A cada Espírito é sempre dado de acordo com as suas próprias obras. Cada pena ou gozo que experimenta é sempre a resposta das Leis às suas próprias ações.

Ao praticar as Leis de Deus, o homem consegue obter na vida terrena a felicidade possível, conquistando o que realmente precisa para progredir, mantendo a sua consciência tranqüila e desfrutando o bem-estar.

Assim, cada Espírito tira de si mesmo e recebe conforme as suas próprias realizações. Nisto está o princípio de seu próprio gozo e felicidade ou de sua pena e infelicidade.

AS PENAS E OS GOZOS NA VIDA FUTURA

Os Espíritos superiores descortinaram a Allan Kardec as condições da alma na vida futura, conscientizando os homens de que:

“O Espírito é feliz na vida futura em função do bem que fez na vida terrena e de sua própria elevação espiritual.”

“Só os Espíritos puros gozam da felicidade suprema, porque já alcançaram a perfeição intelectual e moral.”

“O Espírito ainda inferior sofre na vida futura as penas que estão relacionadas com as suas más paixões e com o seu grau de inferioridade. Mas, essas penas visam sempre levar o Espírito imperfeito a obter o progresso intelectual e moral estabelecido por Deus. Por isso, elas duram o tempo que for necessário para que se arrependam de seus erros cometidos, se melhorem e se aprimorem com os esforços próprios.”

“A soma da felicidade da alma na vida futura é proporcional à soma do bem que ela tenha feito na vida terrena. A soma da sua infelicidade é proporcional ao mal e às infelicidades que ela tenha causado ao próximo e a si mesma.”

LUZES BRILHANTES CONTIDAS EM “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”

Allan Kardec, ao ter legado à humanidade “O Livro dos Espíritos”, graças às suas comunicações notáveis e úteis com os Espíritos, através de vários médiuns, de muitas localidades, iluminou a consciência dos homens.

Então, podem ver de modo claro e com raciocínio lógico a grandiosidade da Obra de Deus, bem como o contexto grandioso em que estão inseridos submetidos às Leis Divinas.

Desse modo, Allan Kardec encheu os homens de esperança e de confiança no Criador de todas as coisas.
Além disso, estabeleceu que:

“Por meio do Espiritismo, a humanidade deve entrar numa nova fase, a do progresso moral, que é a sua inevitável consequência.”

“O Espiritismo torna os homens melhores, mais felizes, pela prática da mais pura moral evangélica.”

“O Espiritismo fortalece a confiança em Deus e convida os homens à felicidade, à esperança, à verdadeira fraternidade.”

CONCLUSÃO

Em suma, em “O Livro dos Espíritos”, temos os paradigmas, as bases para uma revolução que torna mais abrangente as ciências e as ordens filosóficas, morais e religiosas.

Aplicando em todas as circunstâncias da vida os ensinamentos contidos em “O Livro dos Espíritos”, agimos sempre com clareza, profundidade, lógica e bondade ante a complexidade da Obra de Deus. Assim, vivemos com grandeza intelectual e moral, com sabedoria e amor, ante os acontecimentos inerentes às vidas material e espiritual.

Graças ao “O Livro dos Espíritos” temos a visão clara e lúcida, tanto de Deus, quanto de Sua Obra, o que nos permite vislumbrar o nosso próprio passado, presente e futuro, na condição de Espírito imortal, em constante relação com a matéria.

Com a publicação, por Allan Kardec, de “O Livro dos Espíritos”, o dia 18 de abril de 1857 tornou-se um novo marco histórico, ao ter promovido outra revolução que amplia o entendimento das realidades universais: Deus, Espírito e matéria.

Ao adotarmos “O Livro dos Espíritos” como “livro de cabeceira”, temos a mente iluminada por luzes brilhantes, que nos mostram o caminho seguro para construir um presente e um futuro cheios de bem-aventuranças.