segunda-feira, 12 de setembro de 2011

EDUCAÇÃO PARA O DESPERDÍCIO ZERO














EDUCAÇÃO PARA O DESPERDÍCIO ZERO


Geziel Andrade

“Quando metade dos produtos é desperdiçada na satisfação de fantasias, deve o homem se admirar de nada encontrar no dia seguinte e tem razão de se lastimar por se achar desprevenido quando chega o tempo de escassez? Na verdade, eu vos digo que não é a Natureza a imprevidente, é o homem que não sabe regular-se.” (Questão 705 de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec).


Imaginemos quanto trabalho e quantos recursos financeiros e materiais são empregados ao longo do tempo para que um simples pão seja produzido.

Imaginemos agora que só a metade desse pão seja consumida na alimentação e que a outra metade seja abandonada no armário da cozinha até que seja jogada no lixo.

Visualizemos ainda essa mesma situação ocorrendo diariamente com milhares de produtos, em milhares de lares.

Podemos finalmente calcular, a partir desse fato corriqueiro, porque são tão elevados os números e porque são tão assustadoras as estatísticas que mostram a situação do desperdício com alimentos e gêneros de primeira necessidade que ocorre na sociedade brasileira, prejudicando milhões de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza.

Por isso, o desperdício é crime moral contra os pobres de uma sociedade.

O não aproveitamento integral dos produtos comprados é praticado por negligência, mau uso do livre-arbítrio e abuso da liberdade de ação, prejudicando aqueles a quem falta o alimento na mesa de refeições e que vivem com fome, desnutrição e na miséria.

Portanto, desperdiçar jamais é um direito de alguém.

Tudo o que for perdido com o desperdício tem um valor social que pode eliminar a escassez de alguém, em algum lugar da comunidade.

Comprar um produto para ter pouca utilidade, serventia e uso é não permitir que as necessidades sociais sejam plenamente satisfeitas e que o bem-estar coletivo aumente.

Quando produtos ficam estocados num lar, até que se tornem obsoletos, exigindo que sejam descartados, promovemos a carência em outro lar.

Face a essa realidade dura e visível na sociedade, o combate ao desperdício deve estar no programa educativo de toda pessoa, desde a infância.

Somente assim, o esbanjamento pode ser eliminado no lar, na empresa e na sociedade, com os produtos ficando à disposição do mercado, aumentando o beneficio social.

Qualquer ação educativa deve:

1. Contemplar, obrigatoriamente, o não desperdício;

2. Pregar sempre o bom aproveitamento dos alimentos, gêneros essenciais e produtos disponíveis;

3. Reaproveitar as sobras;

4. Melhorar os hábitos de consumo desde o momento da compra;

5. Conscientizar de que nada deve simplesmente ser jogado fora, pois causa prejuízo ao próximo.

O educando deve ser levado a pensar na enorme escassez que existe nos asilos, nas creches, nas instituições de caridade e nas famílias carentes, para que a sua consciência aponte a falta moral grave que é cometida contra o próximo e a sociedade, quando ele se torna agente do desperdício.

A EDUCAÇÃO ESPÍRITA VOLTADA AO COMBATE AO DESPERDÍCIO

A educação espírita, com base principalmente nas lições valiosas contidas nos Capítulos que compõem as Leis Morais, na Terceira Parte de “O Livro dos Espíritos”, incute-nos as seguintes responsabilidades morais e sociais acerca dessa importantíssima questão:

• Valorizar cada produto, aproveitar bem tudo o que estiver à nossa disposição e ter gratidão por todos os bens que nos são confiados em usufruto, empregando-os no bem-estar próprio e do semelhante.

• Ter bom senso e apurar a razão para conseguirmos a perda zero no consumo, evitando praticar o crime moral e social do desperdício.

• Enxergar que o esbanjamento é falta de amor e de caridade para com o próximo, que precisa do que estamos simplesmente descartando.

• Escutar a voz da consciência que é o juiz severo que nos condena quando causamos privações ou prejuízos ao bem estar dos semelhantes, ao jogarmos no lixo o que poderia ter sido reaproveitado ou reciclado pelos outros.

• Combater o comodismo de jogar fora as sobras, com as quais podemos socorrer aqueles que estão na necessidade e no infortúnio.

• Estar ciente da atitude egoísta que é não pensarmos nas necessidades alheias ao não transferirmos para os outros os excedentes perecíveis ou dispensáveis que estão à nossa disposição.

• Não esbanjar no uso de qualquer produto, pois podemos direcionar a perda aos mais necessitados, num exercício da fraternidade.

• Usar os bens à disposição com sensatez e previdência, tornando-nos usufrutuários conscientes e responsáveis, que multiplicam os recursos recebidos em confiança do Senhor.

• Elevar o conforto dos mais necessitados, direcionando-lhes os produtos que estão estocados sem utilidade nos armários do nosso lar.

• Ter a preocupação de doar tudo o que estiver sobrando, na forma de alimento, roupa, agasalho, remédio, livro, etc. disseminando a beneficência e aumentando a satisfação coletiva.

• Ser um comprador e consumidor consciente, que não perde nada que possa ser útil ao próximo e que vá fazer falta em outro lugar.

ADVERTÊNCIAS DO ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS

Em corroboração às recomendações espíritas apresentadas, observemos e pratiquemos os seguintes ensinamentos do Espírito Joanna de Ângelis, contidos na mensagem “Desperdício”, psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco:

“Há muito desperdício no mundo, fomentando faixa de miséria entre os homens. O que abunda em tua mesa falta em muitos lares. O excesso nas tuas mãos é escassez em inúmeras famílias. O que te sobras e atiras fora, produz ausência em outros lugares. O desperdício é fato expressivo de ruína na comunidade.” (...)

“Muitos cristãos distraídos desperdiçam alimentos em banquetes, recepções, festas extravagantes com que disputam vaidades; desperdiçam medicamentos em prateleiras empoeiradas, aguardando, no lar, doenças que não chegarão, ou, em se apresentando encontram-nos ultrapassados; desperdiçam trajes e agasalhos em armários fechados, que não voltarão a usar; desperdiçam moedas irrecuperáveis em jogos e abusos de todo gênero, sem qualquer recato ou zelo.” (...)

“O desperdício alucina o extravagante e exaure o necessitado que se lhe faz vítima. Há, sim, muito e incompreensível desperdício na Terra. Reparte a tua fartura com a escassez do teu próximo. Divide os teus recursos, tuas conquistas e vê-lo-ás multiplicados em mil mãos que se erguerão louvando e abençoando as tuas generosas mãos.” (...)

“O que desperdiçais hoje, faltar-te-á amanhã, não o duvides. Sê pródigo sem ser perdulário, generoso sem ser desperdiçador e o que conseguires será crédito ou débito na contabilidade da tua vida perene.”

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NOTA: OUTROS ARTIGOS SOBRE A EDUCAÇÃO ESPÍRITA PUBLICADOS NESTE MESMO BLOG EM:

26/out/2008 = Educação para a Fraternidade.

12/dez/2008 = Educação para o Trabalho.

11/jun/2009 = Educação para Ser Útil.

01/out/2009 = Duas asas da Educação Espírita.

04/jan/2010 = Roteiro para a Educação da Alma.

26/maio/2010 = Educação da Vontade.

05/nov/2010 = Educação para a Paz.

20/maio/2011 = Educação para Lidar com os Cascalhos.

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