quinta-feira, 10 de novembro de 2011

PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS EM "O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO", CAP. VI: O CRISTO CONSOLADOR
















PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS EM “O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO”, CAPÍTULO VI: O CRISTO CONSOLADOR

Geziel Andrade

“Vinde a mim todos vós que sois aflitos e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós, e aprendei comigo que sou dócil e humilde de coração, e encontrareis o descanso de vossas almas; pois meu jugo é suave e meu fardo é leve.” (Mateus, cap. XI, v. 28 a 30.)

Jesus ensinou-nos que os sofrimentos, misérias, decepções, dores físicas e perdas de entes queridos encontram consolação na fé no porvir e na confiança na justiça de Deus.

Aquele que nada espera após a existência na vida material ou que simplesmente duvida da continuidade da vida da alma no mundo espiritual sente o peso das aflições e não dispõe da esperança para amenizar a amargura.

Por isso, Jesus disse: “Vinde a mim todos vós que estais fatigados, e eu vos aliviarei.”

Todavia, Jesus impõe uma condição para que os aflitos mereçam a sua assistência e desfrutem da felicidade: o cumprimento da lei de amor e caridade que ensinou.

CONSOLADOR PROMETIDO

Jesus prometeu: “Se vós me amais, guardai meus mandamentos, e eu rogarei a meu Pai, e Ele vos enviará um outro consolador, a fim de que permaneça eternamente convosco: O Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê e não o conhece. Mas vós o conhecereis, porque ele permanecerá convosco e estará em vós. E o consolador, que é o Espírito Santo que meu Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas, e vos fará relembrar tudo o que eu vos disse”. (João, cap. XIV, v. 15, 16, 17, 26.)

Jesus sabia que os homens não estavam ainda maduros para conhecer o Espírito de Verdade que o Pai lhes enviaria para ensinar todas as coisas e para relembrar as suas palavras.

Se Ele prometeu a vinda do Espírito de Verdade para ensinar todas as coisas é porque não havia ensinado tudo e porque sabia que o que ensinou seria esquecido ou mal compreendido.

O Espiritismo veio no tempo certo cumprir essa promessa de Jesus.

O Espírito de Verdade presidiu o seu estabelecimento, chamando os homens à observação da lei de Deus; ensinando todas as coisas; e levando os homens à compreensão do que o Cristo disse por parábolas.

Quanto às palavras de Jesus: “Que ouçam os que têm ouvidos para ouvir”, o Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, pois ensina sem recorrer a sentido figurado e sem usar alegorias.

O Espiritismo levanta o véu deixado de propósito por Jesus sobre certos mistérios.

Além disso, traz a suprema consolação aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, ao revelar uma causa justa e um objetivo útil a todas as dores, cumprindo a promessa do Cristo: “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados”.

O Espiritismo mostra que a causa do sofrimento está nas existências corporais anteriores da alma e que a Terra serve de local para o homem expiar o seu passado.

O Espiritismo revela ainda que os sofrimentos são crises salutares que promovem a cura e a depuração da alma, assegurando a felicidade nas suas futuras existências.

Então, o homem compreende porque merece sofrer e acha justo seu sofrimento; sabe que o sofrimento ajuda em seu progresso intelectual, moral e espiritual, à semelhança do operário que aceita o trabalho duro que lhe garante o salário.

Dessa forma, o Espiritismo dá ao homem uma fé inabalável no futuro, extinguindo de sua alma a dúvida pungente; leva-o a ver as coisas terrenas e espirituais de um ponto elevado; reduz a importância que dá às vicissitudes terrenas, ante o vasto e esplêndido horizonte criado por Deus; e abre-lhe a perspectiva da felicidade no porvir, fortalecendo a paciência, a resignação e a coragem de chegar ao fim do caminho terreno.

Portanto, o Espiritismo realiza o que Jesus disse a respeito do consolador prometido: leva o homem ao conhecimento de todas as coisas; a saber de onde vem, aonde vai e porque está na Terra; a cumprir os princípios da lei de Deus; e a ter consolação pela fé e a esperança.

TRANSCRIÇÃO NA ÍNTEGRA DAS INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS: ADVENTO DO ESPÍRITO DE VERDADE
Venho, como outrora dentre os filhos desgarrados de Israel, trazer a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como outrora minha palavra, deve relembrar aos incrédulos que acima deles reina a imutável verdade: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinar a planta e eleva as ondas. Revelei a doutrina divina; e, como um ceifeiro, atei em feixes o bem disperso pela humanidade, e disse: Vinde a mim todos vós que sofreis!

Mas os homens ingratos desviaram-se do caminho reto e largo que conduz ao reino de meu Pai, e desgarraram-se pelos ásperos atalhos da impiedade. Meu Pai não quer aniquilar a raça humana. Quer que, ajudando-vos uns aos outros, mortos e vivos, isto é, mortos pela carne, pois a morte não existe, socorrei-vos. E que não mais a voz dos profetas e dos apóstolos, mas a voz dos que não estão mais aqui, se faça ouvir, para clamar-vos: Orai e acreditai! A morte é a ressurreição, e a vida é a prova escolhida, durante a qual vossas virtudes cultivadas devem crescer e desenvolver-se como o cedro.

Homens fracos, que estais limitados às trevas de vossas inteligências, não afasteis a chama que a clemência divina coloca em vossas mãos para iluminar vosso caminho e para conduzir-vos, filhos perdidos, ao seio de vosso Pai.

Sinto compaixão por vossas misérias e vossa imensa fraqueza em não estender uma mão segura aos infelizes transviados que, vendo o céu, caem no abismo do erro. Acreditai, amai, meditai as coisas que vos são reveladas; não mistureis o joio ao bom grão, as utopias às verdades.

Espíritas!, amai-vos, eis o primeiro ensinamento. Instruí-vos, eis o segundo. Todas as verdades são encontradas no Cristianismo; os erros que nele criaram raiz são de origem humana. E eis que, além do túmulo, em que acreditáveis o nada, vozes vêm clamar-vos: Irmãos!, nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do mal; sede os vencedores da impiedade! (Espírito de Verdade, Paris, 1860.)

Venho ensinar e consolar os pobres deserdados; venho dizer-lhes que elevem sua resignação ao nível de suas provas; que chorem, pois a dor foi consagrada no Jardim das Oliveiras; mas que esperem, pois os anjos consoladores virão secar suas lágrimas.

Operários, riscai vosso sulco; recomeçai no dia seguinte a rude jornada da véspera; o labor de vossas mãos fornece o pão terrestre a vossos corpos, mas vossas almas não estão esquecidas; e eu, o divino jardineiro, cultivo-as no silêncio de vossos pensamentos. Quando a hora do descanso tiver soado, quando o arado escorregar de vossas mãos e vossos olhos se fecharem à luz, sentireis brotar e germinar em vós minha preciosa semente. Nada é perdido no reino de nosso Pai. Vossos suores e vossas misérias formam o tesouro que deve tornar-vos ricos nas esferas superiores, onde a luz substitui as trevas, e onde o mais desprovido de todos vós será, talvez, o mais resplandecente.

Em verdade vos digo: os que carregam seus fardos e assistem seus irmãos são meus bem-amados. Instruí-vos na preciosa doutrina que dissipa o erro das revoltas e que vos ensina o objetivo sublime da prova humana. Como o vento varre a poeira, que o sopro dos Espíritos dissipe vossas invejas contra os ricos do mundo, que por vezes são bastante miseráveis, porque suas provas são mais perigosas que as vossas. Eu estou convosco, e meu apóstolo vos ensina. Bebei na fonte vida de amor, e preparai-vos, cativos da vida, para um dia lançar-vos, livres e alegres, no seio daquele que vos criou fracos para vos tornar perfeitos, e que quer que modeleis vossa maleável argila, a fim de vós mesmos serdes os artesãos de vossa imortalidade. (Espírito de Verdade, Paris, 1861.)

Sou o grande médico das almas, e venho trazer-vos o remédio que deve curá-las; os fracos, os sofredores e os enfermos são meus filhos prediletos, e eu venho salvá-los. Vinde a mim, pois, todos vós que sofreis e que estais sobrecarregados, e sereis aliviados e consolados. Não procureis alhures a força e a consolação, pois o mundo é impotente para dá-las. Deus, através do Espiritismo, faz um apelo supremo a vossos corações; escutai-o. Que a impiedade, a mentira, o erro, a incredulidade, sejam extirpados de vossas almas doloridas, pois são monstros que matam a sede em vosso sangue mais puro, e que quase sempre vos ferem mortalmente. Que no futuro, humildes e submissos ao Criador, pratiqueis sua lei divina. Amai e orai; sede dóceis aos Espíritos do Senhor. Invocai-O do fundo do coração, e então Ele vos enviará seu Filho bem-amado, para instruir-vos e dizer essas boas palavras: Eis-me aqui; eu venho a vós porque me chamastes. (Espírito de Verdade. Bordeaux, 1861.)

Deus consola os humildes e dá força aos aflitos que a pedem. Seu poder cobre a Terra, e em toda parte, ao lado de uma lágrima ele colocou um bálsamo que consola. O devotamento e a abnegação são uma prece contínua, e encerram um ensinamento profundo; a sabedoria humana reside nessas duas palavras. Possam os Espíritos sofredores compreender essa verdade em lugar de protestar contra as dores e os sofrimentos morais que aqui são vosso quinhão. Tomai, pois, por divisa, estas duas palavras: devotamento e abnegação, e sereis fortes, porque elas resumem todos os deveres que a caridade e a humildade vos impõem. O sentimento do dever cumprido dar-vos-á o descanso ao espírito e a resignação. O coração bate melhor, a alma se acalma e o corpo não mais fraqueja, pois mais ele sofre quanto mais profundamente é atingido o espírito. (Espírito de Verdade. Le Havre, 1863.)

CONSIDERAÇÕES DO AUTOR DESTE ARTIGO

O Espírito de Verdade manifestou-se, pela primeira vez, a Allan Kardec, em uma reunião espírita realizada na casa do senhor Baudin, no final do mês de março de 1856, quando já trabalhava na codificação do Espiritismo. Então, comprometeu-se a protegê-lo e a ajudá-lo nos trabalhos em andamento.

Porém, logo, Allan Kardec constatou que era sua a responsabilidade de cumprir a tarefa assumida, pois não tinha esse Espírito ao seu inteiro dispor, nem podia recorrer ao seu auxílio por qualquer motivo ou dificuldade encontrada.

A respeito do Espírito de Verdade, Allan Kardec escreveu o seguinte:
“A proteção desse Espírito, cuja superioridade eu então estava longe de imaginar, jamais, de fato, me faltou.”
“A sua solicitude e a dos bons Espíritos, que agiam sob suas ordens, se manifestou em todas as circunstâncias da minha vida, quer a me remover dificuldades materiais, quer a me facilitar a execução dos meus trabalhos, quer, enfim, a me preservar dos efeitos da malignidade dos meus antagonistas, que foram sempre reduzidos à impotência.”
“Se as tribulações inerentes à missão que me cumpria desempenhar não me puderam ser evitadas, foram sempre suavizadas e largamente compensadas por muitas satisfações morais gratíssimas.” (“Obras Póstumas”, Segunda Parte.)

Dessa forma, sob a orientação sábia e amorosa e a proteção ativa do Espírito de Verdade, que comandava uma equipe de Espíritos superiores, Allan Kardec codificou o Espiritismo, permitindo-nos compreender que Deus está, realmente, como nos havia ensinado Jesus, acima de todas as coisas, por ser o criador dos Espíritos, que estão submetidos às Suas vontades e leis; e da matéria primitiva, que forma o Universo, dividido em universo espiritual e universo material.

A complexidade dessa Obra da Criação, decorrente da evolução dos Espíritos e transformação da matéria elementar primitiva, permitindo a formação de tudo o que existe de material, revela-nos claramente a existência e a grandiosidade dos Atributos de Deus.

Ainda, com a publicação de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, o Espiritismo permitiu-nos compreender o grande valor das máximas morais da Doutrina de Jesus, para a sua aplicação no dia a dia; obter explicação e complementação para os ensinos do Cristo, notadamente os dados com sentido figurado e de forma alegórica; conhecer as bem-aventuranças que existem no reino dos céus para as almas que suportam bem as atribulações da vida terrena, conseguindo o desenvolvimento das faculdades, a conquista de experiências e a promoção do progresso intelectual, moral e espiritual; descobrir o destino venturoso estabelecido por Deus para todos os Seus filhos, graças a lei da reencarnação e a existência de muitas moradas na casa do Pai; e, principalmente, observar e aplicar no cotidiano as regras da moral cristã, melhorando as relações sociais e construindo a felicidade na vida presente e na continuidade da existência na vida espiritual.
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DATAS DA PUBLICAÇÃO NESTE MESMO BLOG DOS ARTIGOS CONTENDO AS PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS NOS CAPÍTULOS ANTERIORES DE “O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO”:
• 27/fev/2009 = Prefácio e Introdução.
• 12/maio/2009 = Cap. I: Não vim destruir a Lei.
• 01/set/2009 = Cap. II: Meu reino não é deste mundo.
• 01/abril/2010 = Cap. III: Há muitas moradas na casa de meu Pai.
• 04/ago/2010 = Cap. IV: Ninguém pode ver o reino de Deus, se não nascer de novo.
• 28/junho/2011 = Cap. V: Bem-aventurados os aflitos.

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