terça-feira, 28 de junho de 2011
"O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO": CAPÍTULO V: BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS
PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS EM “O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO” CAPÍTULO V: BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS
Geziel Andrade
JUSTIÇA DAS AFLIÇÕES
Jesus prometeu aos aflitos e sofredores compensações na vida futura para os momentos difíceis suportados na vida terrena. Disse:
“Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados”.
“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados”.
“Bem-aventurados os que sofrem perseguições pela justiça, porque o reino dos céus é para eles”.
“Vós sois bem-aventurados, vós que sois pobres, porque o reino dos céus é para vós.”
(Mateus, Cap. V; e Lucas, Cap. VI.)
Essas promessas de Jesus de bem-aventuranças no reino dos céus para os que enfrentam tribulações na vida material não chegam a explicar por que uns sofrem mais do que os outros; por que uns nascem na miséria e outros na opulência; por que uns encontram problemas na vida, enquanto outros encontram facilidades; por que os bens e os males estão desigualmente repartidos; e por que certos homens virtuosos sofrem, enquanto certos homens maus prosperam.
Entretanto, sabendo que Deus possui perfeições infinitas, que é todo poder, justiça e bondade, e que é soberanamente bom e justo, as vicissitudes da vida devem ter causas justas.
E o Espiritismo veio explicar essas causas.
CAUSAS ATUAIS DAS AFLIÇÕES
As vicissitudes da vida têm duas fontes distintas: estão na vida presente ou em vida passada.
Na vida presente, basta o homem procurar a fonte dos males que o atormentam para descobrir que eles são a conseqüência natural do seu caráter e da sua conduta.
Muitos homens suportam males porque cometem faltas; tornam-se vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição; arruínam-se por falta de ordem e perseverança; adotam más condutas; não limitam seus desejos; tornam suas uniões infelizes pelos interesses materiais e pela falta de bons sentimentos; promovem dissensões por falta de moderação e excesso de suscetibilidade; contraem enfermidades por intemperança e excessos de todos os gêneros; tornam-se infelizes com os filhos com a falta de respeito e ingratidão por não terem combatido neles as más tendências, o orgulho, o egoísmo e a vaidade; etc.
Basta que o homem atingido pelas vicissitudes e decepções da vida interrogue friamente a consciência para descobrir a fonte dos males. Então pode dizer: se eu tivesse, ou se eu não tivesse feito tal coisa, eu não estaria em tal situação.
Dessa forma, na vida presente, o homem, geralmente, é o artífice das próprias vicissitudes, aflições e dos próprios infortúnios.
Cabe-lhe, portanto, evitá-los, trabalhando para o seu aprimoramento tanto moral, quanto intelectual.
Deus, que quer o progresso de suas criaturas, não deixa impune nenhum desvio do caminho reto, nenhuma falta, por pequena que seja, nenhuma infração à sua Lei.
Dessa forma, o homem é sempre punido com a conseqüência do erro que cometeu.
Os sofrimentos são, assim, a conseqüência natural do erro cometido; são advertências que dão experiências ao homem, fazendo-o perceber a diferença entre praticar o bem e o mal; apontam-lhe a necessidade de se melhorar, de se emendar para não retardar o seu adiantamento e não comprometer a sua felicidade futura.
Se o homem não conseguir extrair experiências dos seus sofrimentos, perde a sua jornada evolutiva terrena e fica na dependência de Deus conceder-lhe outra oportunidade de reparar o tempo perdido em uma nova vida, onde possa aproveitar a experiência do passado e tomar boas resoluções para o seu futuro.
CAUSAS ANTERIORES DAS AFLIÇÕES
Alguns males parecem atingir o homem como que por fatalidade.
Assim, temos, por exemplo, a perda de seres queridos ou de arrimos de família; as crianças que morrem em tenra idade, conhecendo apenas sofrimentos; os acidentes que nenhuma providência consegue impedir; os reveses de fortuna que independem das medidas de prudência; os flagelos naturais; as enfermidades de nascimento, sobretudo as que dificultam o ganho da vida pelo trabalho, como a deformidade, a idiotia, o cretinismo, etc.
Nesses casos, o homem nada fez nesta vida para merecer tais males.
Além disso, o homem sofredor encontra ao seu lado, no mesmo teto, na mesma família, pessoas favorecidas sob todos os aspectos.
Como explicar esses fatos infelizes que induzem a negar a bondade, a justiça e a providência de Deus?
Como fugir dessa negação quando se admite que a alma foi criada no mesmo tempo do corpo material, com sua sorte irrevogavelmente fixada, a ponto de ter que suportar as misérias do mundo material sem a oportunidade de realizar o bem?
Entretanto, todo efeito tem uma causa. Então, esses males são efeitos de uma causa justa. Dessa forma, chega-se à justiça de Deus.
Ora, toda causa precede ao efeito. Se a causa não está na vida atual, deve estar necessariamente numa existência anterior ao efeito, isto é, numa existência corporal precedente.
Sendo perfeição, amor e justiça, Deus não pune ninguém pelo bem que fez, nem pelo mal que não fez. Assim, se alguém está sendo punido na vida presente é porque fez algum mal na vida passada.
Se a causa para o sofrimento não está nesta vida, ela está numa outra vida material anterior.
Nisso está a lógica da justiça de Deus.
Dessa forma, se um homem não é punido completamente na existência presente pelo mal que praticou, ele não escapa jamais às conseqüências das faltas cometidas.
Disso se deduz que a prosperidade do homem mau é apenas momentânea. Se ele não expiar na vida presente os erros cometidos, expiará na próxima existência.
Portanto, aquele que muito sofre hoje está expiando erros cometidos em vida passada.
Além disso, o homem, geralmente, suporta hoje o que fez os outros suportarem no passado. Se é tratado duramente e com desumanidade, é porque foi duro e desumano para com os outros; se enfrenta condição humilhante de vida, é porque foi orgulhoso; se vive privado do necessário, é porque foi avarento, egoísta ou fez mau uso da sua fortuna; se sofre com os próprios filhos, é porque foi mau filho; etc.
Portanto, com a pluralidade das existências materiais e com o conhecimento de que a Terra é um mundo expiatório, encontramos a explicação para muitos males que atormentam certos homens.
Com a série de existências materiais, cada Espírito recebe a parte que merece; isso sem prejuízo da parte que lhe é dada no mundo espiritual.
Dessa forma, a justiça de Deus jamais é interrompida.
Adicionalmente, o Espírito do homem está encarnado em um mundo inferior, pelas imperfeições que ainda detém.
Porém, se trabalhar pelo seu aperfeiçoamento intelectual e moral poderá ser promovido para um mundo mais elevado.
Como a Terra é um mundo de expiação, algumas tribulações da vida são impostas aos Espíritos endurecidos ou aos Espíritos muito ignorantes. Eles ainda não reúnem condições para escolherem com conhecimento de causa suas provas retificadoras.
Já os Espíritos arrependidos dos erros cometidos no passado escolhem e aceitam livremente certos males para repararem o mal que fizeram e tentarem fazer melhor.
Trata-se do recomeço de uma tarefa mal executada; de uma nova oportunidade para o aproveitamento do benefício que o novo trabalho vai produzir.
Portanto, as tribulações da vida material são, ao mesmo tempo, expiações do passado e provas para o futuro em preparação.
Deus, em sua bondade, concede ao homem a possibilidade da reparação dos erros cometidos no passado, não o condenando eterna e irrevogavelmente pelas faltas que cometeu.
Porém, nem todo sofrimento é necessariamente o resultado de uma falta praticada. Muitos Espíritos escolhem certas provas para acabar a sua depuração e apressar o seu adiantamento.
Assim, uma prova não é uma expiação.
Adicionalmente, um Espírito, após ter adquirido certo grau de elevação intelectual e moral, pode solicitar uma missão, uma tarefa a cumprir. Com isso, espera ser recompensado se sair vitorioso da luta penosa; se suportá-la com resignação e sem lamentação.
Portanto, é através das diversas existências corporais, enfrentando provas, missões ou expiações, que os Espíritos se despojam pouco a pouco de suas imperfeições; e realizam a completa purificação para encontrar a felicidade perfeita.
Dessa forma, as provas e missões da vida propiciam o adiantamento, quando bem suportadas; e as expiações apagam as faltas cometidas, além de promoverem a purificação do Espírito.
Em decorrência desse entendimento espírita da vida, aquele que sofre deve se regozijar com os benefícios que surgem com as vicissitudes, dores e tribulações suportadas com resignação e sem cair em lamentações; que torna o seu sofrimento proveitoso à evolução de sua alma, evitando ter que recomeçar.
ESQUECIMENTO DO PASSADO
Se Deus julgou conveniente que o homem não tenha a lembrança das existências materiais anteriores é porque isso é útil.
De fato, a lembrança das vidas passadas traria graves inconvenientes. Poderia causar humilhação ao homem ou mesmo exaltar o seu orgulho, entravando o livre-arbítrio ou trazendo perturbação nas suas relações sociais e familiares.
Adicionalmente, é comum o Espírito renascer no mesmo meio em que viveu e restabelecer a relação com as mesmas pessoas que conheceu para poder reparar algum mal que realizou.
Por exemplo, se o Espírito reencarnado reconhecesse seus inimigos ou as pessoas que odiou ou ofendeu, certamente sentiria um abalo.
Por isso, Deus tirou dele a lembrança do passado que poderia prejudicá-lo.
Além disso, Deus lhe concedeu a voz da consciência e as tendências instintivas para orientá-lo nas novas condições de vida.
Desse modo, o Espírito ao renascer traz as experiências que adquiriu nas vidas passadas, sem ter qualquer importância saber quem foi.
Importa-lhe observar as más tendências para tentar corrigi-las e, assim, conseguir progredir.
Ele tem a voz da consciência para orientar e advertir sobre o que é bom e o que é mau, estimulando-o a resistir às más tentações e a tomar as boas resoluções.
Além do mais, o esquecimento das existências passadas é temporário. Terminada a vida corporal e voltando à vida espiritual, o Espírito retoma as lembranças do passado.
Porém, mesmo antes disso, durante o sono do corpo material, o Espírito goza de certa liberdade para despertar na consciência os atos que praticou em vida passada.
Dessa forma, tem a intuição do por que sofre justamente, adquirindo novas forças para suportar as tribulações da vida.
MOTIVOS DE RESIGNAÇÃO
As palavras de Jesus “bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados” indicam que há compensação na vida futura para os que sofrem as aflições com o mérito da resignação.
Essas palavras podem ser entendidas ainda que as dores da vida material são dívidas contraídas em vidas passadas e que, quando suportadas com paciência, eliminam sofrimentos na vida futura. Essas dores quitam dívidas passadas e asseguram a libertação e a tranquilidade para a alma na vida futura.
Por isso, enfrentando os males da vida, o Espírito encarnado deve ter submissão à vontade de Deus e aceitar com resignação, sem murmurar e sem achar que são injustos os sofrimentos que o libertam do passado em que contraiu dívidas.
Encarando a vida terrena dessa forma, abrandamos as amarguras das provas; vemos a vida sob o ponto de vista da vida espiritual; consideramos a prova da vida material como uma breve existência em que os momentos penosos passam bem depressa, abrindo as portas para um futuro feliz.
Portanto, ao invés de lamentar, devemos suportar com coragem e paciência os sofrimentos e agradecer as dores que nos fazem avançar.
Encarando a vida terrena sob esse ponto de vista espiritual, reduzimos a importância das coisas materiais e agimos com calma e resignação, beneficiando o corpo e a alma.
O SUICÍDIO E A LOUCURA
A calma e a resignação, decorrentes do ponto de vista espiritual de encarar a vida material, bem como a fé num futuro melhor, dão ao Espírito uma serenidade que é o melhor preservativo contra o suicídio e a loucura promovidos pelos abalos das vicissitudes mal suportadas.
O conhecimento dos fundamentos do Espiritismo permite que o homem suporte os reveses e as decepções da vida material sem desespero e com uma força íntima que o coloca acima dos maus acontecimentos. Isso preserva a sua razão dos estremecimentos e da perturbação.
O Espiritismo ainda preserva o homem do suicídio ao eliminar-lhe o descontentamento e ao fortalecer a sua paciência pelo conhecimento dos dias melhores no futuro. Isso inibe o desespero ante os sofrimentos, não o deixando se abater pelo desgosto e pelo infortúnio.
O Espiritismo revela-lhe ainda que a vida não se extingue com a morte do corpo material e lhe desvenda as realidades espirituais. Assim, adquire coragem moral, esperança e resignação para suportar as aflições terrenas.
O Espiritismo mostra-lhe ainda claramente a situação infeliz em que se encontram os Espíritos suicidas na vida espiritual, após terem violado a Lei de Deus, que proíbe ao homem abreviar a sua vida terrena. Alguns desses Espíritos experimentam grandes sofrimentos, embora temporários.
Esse conhecimento da vida espiritual leva o homem a refletir sobre as conseqüências de partir da Terra antes da ordem de Deus. Conscientiza-o de que o suicídio não atende a nenhum de seus interesses; que agrava os sofrimentos da alma e cria um obstáculo à reunião com as almas das pessoas de suas afeições.
Dessa forma, o espírita opõe à idéia do suicídio a certeza da imortalidade da alma e o conhecimento das melhores condições de vida existentes no além para as almas que souberem suportar com coragem e resignação os sofrimentos terrenos.
INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS
PRINCIPAIS LIÇÕES SOBRE “O BEM E O MAL SOFRER”, CONTIDAS NAS INSTRUÇÕES DO ESPÍRITO LACORDAIRE, ESCRITAS EM HAVRE, EM 1863
Todos os homens sofrem na Terra, mas poucos sofrem bem.
O desânimo, a falta de coragem e a ausência da prece apoiada na fé viva na bondade de Deus impedem que os homens compreendam que as provas terrenas, quando bem suportadas, conduzem a alma ao reino de Deus.
Deus não coloca um fardo pesado sobre ombros fracos. O fardo é proporcional às forças; e a recompensa é proporcional à resignação e à coragem.
Além disso, a aflição penosa não se equipara à magnitude da recompensa que é merecida por aquele que suporta uma vida cheia de tribulações.
Por isso, o homem deve ser forte e enfrentar as lutas e as amarguras da vida com coragem; deve se esforçar para superar os motivos de dor e de contrariedade; e deve dominar os ímpetos da impaciência, da cólera ou do desespero.
Dessa forma, as palavras de Jesus “bem-aventurados os aflitos” devem ser entendidas como bem-aventurados os que têm a oportunidade de provar a sua fé, firmeza, perseverança e submissão à vontade Deus. Terão centuplicadas as alegrias que faltaram na Terra.
PRINCIPAIS LIÇÕES SOBRE “O MAL E O REMÉDIO”, CONTIDAS NAS INSTRUÇÕES DO ESPÍRITO SANTO AGOSTINHO, ESCRITAS EM PARIS, EM 1863
As lágrimas, penas e dores são provas impostas pelo Senhor.
Além disso, o choro e os sofrimentos pouco representam ante a eternidade de glória que está reservada para aquele que passar pelas provas com fé, amor e resignação.
Assim, a consolação para os males da vida terrena está na vida futura que Deus preparou para a alma.
Na realidade, as provas da vida material foram rogadas pelo próprio Espírito antes da encarnação, quando ele se julgava bastante forte para suportá-las.
Por exemplo, ele pediu a prova da fortuna e da glória para sustentar a luta contra a tentação e vencê-la. Então, a luta contra o mal moral e físico foi pedida por ele mesmo para tentar obter uma vitória gloriosa.
Se a prova for vencida, sua alma sairá do corpo material, após a morte, brilhante de brancura e purificada pela expiação e pelo sofrimento.
O homem, apoiado na fé, encontra o remédio infalível para os males e sofrimentos, pois ela mostra os horizontes do infinito, apaga os dias sombrios do presente e fortalece a alma nos dias de angústia e aflição.
O Cristo disse que a fé transporta montanhas. Assim, a alma que enfrenta as dores do mundo com fé planará nas regiões celestes, cantando com os anjos os hinos de reconhecimento e glória ao Senhor.
PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS NAS INSTRUÇÕES “A FELICIDADE NÃO É DESTE MUNDO”, ESCRITAS PELO ESPÍRITO FRANÇOIS-NICOLAS-MADELEINE, CARDEAL MORLOT, EM PARIS, EM 1863
Nem a fortuna, o poder e a florescente juventude são condições essenciais da felicidade. Isso porque cada homem tem sua parte de trabalho e de miséria, de sofrimentos e de decepções nesta Terra de provas e expiações.
Por isso, o homem que não se guia pela prudência, após um período curto ou longo de completa satisfação, pode passar o resto de sua existência enfrentando uma série de amarguras e decepções.
Porém, além da morada terrestre, destinada às provas e expiações, existem moradas mais favoráveis ao Espírito. São belos planetas superiores que podem ser alcançados pelo Espírito com seus esforços, a purificação e o aperfeiçoamento.
Adicionalmente, a Terra está conquistando progressos, novos avanços e aprimoramentos sociais. E, auxiliado pela Doutrina Espírita, o homem tem condições de preparar as futuras gerações para um mundo onde reine a felicidade.
PRINCIPAIS LIÇÕES SOBRE “A PERDA DE PESSOAS AMADAS: MORTES PREMATURAS”, CONTIDAS NAS INSTRUÇÕES DO ESPÍRITO SANSON, ESCRITAS EM PARIS, EM 1863
O homem julga que Deus é injusto, quando vê a morte do corpo material atingir jovens fortes, ativos, úteis e plenos de futuro, eliminando as esperanças, acabando com a alegria no convívio familiar, partindo os corações maternos e deixando na vida material pessoas velhas e sofredoras.
Mas, Deus nada faz sem um objetivo inteligente e sem uma razão de ser.
A morte prematura, muitas vezes, é um grande benefício que Deus concede àquele que deixa a vida material, preservando sua alma das misérias e seduções. Deus julga útil que ele não permaneça mais tempo na Terra.
Porém, a visão estreita do homem impede que ele veja além da vida material. Assim, não leva em consideração as esperanças da vida espiritual, nem a posição que a alma vai ocupar entre os Espíritos bem-aventurados.
O espírita, todavia, sabe que a alma vive melhor desembaraçada de seu envoltório corporal; que ela está sempre perto de sua mãe, com seu corpo fluídico, transmitindo-lhe pensamentos, protegendo-a e alegrando-se com as lembranças. Sabe, também, que ela pode sofrer quando é atingida pelas dores despropositadas de quem ficou, pela falta de fé e pela revolta contra a vontade de Deus.
Essa compreensão da vida espiritual é uma poderosa consolação, pois seca as lágrimas e mostra o futuro prometido pelo soberano Senhor.
PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS NAS INSTRUÇÕES “SE FOSSE UM HOMEM DE BEM, TERIA MORRIDO”, ESCRITAS PELO ESPÍRITO FÉNELON, EM SENS, EM 1861
Quando se vê um homem mau escapar de um perigo, diz-se com freqüência: se fosse um homem de bem teria morrido.
Isso é verdadeiro, porque Deus, muitas vezes, dá a um Espírito jovem que percorre os caminhos do progresso uma prova mais longa.
O bom Espírito, por sua vez, tem a seu favor a recompensa de seu mérito, recebendo uma prova tão curta quanto seja possível.
Quando morre um homem de bem e sobrevive um homem mau, diz-se apressadamente: gostaria mais que este tivesse ido.
Essa afirmação é um erro, porque aquele que parte terminou a sua tarefa e não precisa ficar preso à gleba terrestre. Por outro lado, aquele que fica talvez nem tenha começado a sua tarefa e precisa de tempo para cumpri-la.
Sob o ponto de vista espiritual, a verdadeira liberdade está na libertação do Espírito dos laços do corpo material, livrando-o do cativeiro.
Ao homem falta a compreensão de que Deus é justo em todas as coisas, o que o leva frequentemente a ver um mal onde há um bem.
As faculdades humanas são tão limitadas que a grandiosidade da obra de Deus lhe escapa aos sentidos obtusos.
Porém, se o homem sair de sua esfera estreita de ação e se elevar pelo pensamento verá reduzida a importância da vida material, porque ela é um incidente na duração infinita da existência espiritual, que é a única existência verdadeira.
PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS NAS INSTRUÇÕES “OS TORMENTOS VOLUNTÁRIOS”, ESCRITAS PELO ESPÍRITO FÉNELON, EM LION, EM 1860
O homem busca sem cessar uma felicidade que lhe escapa, porque a felicidade pura não existe na Terra.
O homem pode apenas usufruir na Terra de uma felicidade relativa.
Ele a procura nas coisas perecíveis e nos prazeres materiais, que criam agitação, perturbação e tormentos evitáveis. Porém, ele deve procurá-la nos prazeres da alma que antecipam os prazeres celestes e perenes.
Na realidade, a paz no coração é a única felicidade real no mundo material. E o homem não a encontra na inveja, no ciúme, na cobiça e nas futilidades que atormentam a vida.
Assim, a máxima de Jesus “bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados”, aplica-se aos que compreendem as compensações que existem no céu para os sofrimentos.
A felicidade terrena é conquistada apenas por aquele que sabe contentar-se com o que tem; vê sem inveja o que não tem; não procura parecer mais do que é; olha para baixo para ver as pessoas que têm ainda menos; e mantém a calma em meio às tempestades, porque não cria para si necessidades quiméricas.
PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS NAS INSTRUÇÕES “A INFELICIDADE REAL”, ESCRITAS PELO ESPÍRITO DELPHINE DE GIRARDIN, EM PARIS, EM 1861
A infelicidade real não está na miséria, na chaminé sem fogo, no credor que ameaça, no berço vazio do anjo que sorria, nas lágrimas, no féretro, na angústia da traição, na vestimenta simples, e nem em muitas outras coisas.
A infelicidade está naqueles que não vêem além da vida material; não avaliam as conseqüências funestas das coisas ilusórias; e não produzem o bem.
Para o homem conseguir apreciar o que é realmente ser feliz ou infeliz precisa transportar-se além da vida material, pois, na vida espiritual, estão as conseqüências verdadeiras das coisas.
O que o homem chama de infelicidade, segundo a sua visão curta, cessa de existir com a morte e ele encontra sua compensação na vida futura.
Dessa forma, a infelicidade está na alegria tola, no prazer ilusório, na má fama, na agitação vã, na louca satisfação da vaidade, que calam a consciência, comprimem a ação do pensamento e confundem o homem sobre o seu futuro.
Quando a alma do homem está enfraquecida pela indiferença e pelo egoísmo, e tenta enganar a Deus, se vê ante o destino ruim que criou para si mesma; se vê ante as provas implacáveis que destroem o repouso ilusório e levam à beira da verdadeira infelicidade.
O Espiritismo, por sua vez, esclarece o homem sobre as coisas espirituais; ajuda-o a distinguir a verdade do erro; prepara-o para enfrentar as tribulações que lhe dão a vitória, a glória e o progresso; e lhe fortalece a fé no futuro que permite que a sua alma entre radiante no reino celeste.
PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS NAS INSTRUÇÕES SOBRE “A MELANCOLIA”, ESCRITAS PELO ESPÍRITO FRANÇOIS DE GENÈVE, EM BORDEAUX
A tristeza que se apodera do coração do homem, fazendo-o achar amarga a vida, é resultado do desejo que sua alma sente de obter a liberdade e a felicidade.
Mas, como a alma está presa ao corpo material, seus esforços parecem inúteis, caindo no desânimo, na apatia e na infelicidade.
Assim, ante as aspirações de obter uma vida melhor no além, o homem precisa resistir com energia às impressões que enfraquecem sua vontade.
Para auxiliá-lo nisso, Deus enviou os Espíritos para instruí-lo acerca da felicidade que está reservada para a sua alma na vida espiritual.
Então, deve esperar pacientemente o anjo da libertação que o ajuda no rompimento dos laços que retém a alma cativa.
O Espírito encarnado tem prova e missão a cumprir na vida terrena, seja no devotamento à família, seja no atendimento dos diversos deveres que lhe foram confiados por Deus.
Portanto, deve ser forte e corajoso para cumprir suas provas e desempenhar suas tarefas; e para suportar o peso dos cuidados, das inquietações e dos pesares.
Suas lutas são de curta duração. Elas preparam a sua alma para o reencontro com os amigos que a vão conduzir para um lugar onde os pesares da Terra não têm acesso.
PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS NAS INSTRUÇÕES “PROVAS VOLUNTÁRIAS. O VERDADEIRO CILÍCIO”, ESCRITAS POR UM ANJO GUARDIÃO, EM PARIS, EM 1863
As provas da vida material têm o objetivo de exercitar a inteligência do Espírito, bem como sua paciência e resignação.
Alguns Espíritos nascem em situação penosa e conturbada justamente para serem obrigados a encontrar os meios de vencer as dificuldades.
O mérito deles está em suportar a situação sem lamentar as conseqüências dos males inevitáveis; em perseverar na luta; e em não se desesperarem se não puderem superá-los.
Esse mérito é maior quando agravam suas provas com sofrimentos voluntários e privações que têm o objetivo de beneficiar o próximo, fazendo a caridade através de sacrifícios.
Portanto, ao enfrentar as provas impostas por Deus, o homem deve aceitá-las com fé e sem lamentações; não deve enfraquecer o corpo material com privações inúteis e macerações sem objetivo; deve preservar suas forças para cumprir a sua missão de trabalho na vida terrena; deve sustentar e fortificar seu corpo material, evitando cometer abusos, torturá-lo voluntariamente, martirizá-lo e enfraquecê-lo sem necessidade, pois isto é um verdadeiro suicídio.
Por outro lado, o homem será abençoado por Deus se enfrentar sofrimentos para aliviar os males do próximo, consolar os aflitos, curar as chagas dos enfermos, velar à cabeceira de um doente e praticar as boas ações.
Esse é o verdadeiro cilício de bênçãos, pois as alegrias do mundo, as volúpias debilitantes da fortuna não tornaram seco o coração. Converteram-no em um anjo consolador dos pobres deserdados.
O homem não deve também retirar-se do mundo para viver no isolamento e evitar as seduções, demonstrando não ter coragem de enfrentar as provas e fugindo da luta e do combate contra o orgulho, as humilhações, o amor próprio, a dor da injúria e da calúnia.
PRINCIPAIS INSTRUÇÕES CONTIDAS NA RESPOSTA DO ESPÍRITO PROTETOR BERNARDIN, DADA EM BORDEAUX, EM 1863, À PERGUNTA: “DEVE-SE POR UM TERMO ÀS PROVAS DE SEU PRÓXIMO QUANDO SE PODE, OU É PRECISO, POR RESPEITO AOS DESÍGNIOS DE DEUS, DEIXÁ-LAS SEGUIR SEU CURSO?”
A Terra é um planeta de provas e de expiações das conseqüências das existências anteriores.
Porém, ante as provas e expiações dos semelhantes, devemos dizer: “Vejamos que meios nosso Pai misericordioso pôs em meu poder para amenizar o sofrimento de meu irmão. Vejamos se minhas consolações morais, meu apoio material, meus conselhos não poderão ajudá-lo a superar essa prova com mais força, paciência e resignação. Vejamos se Deus não pôs em minhas mãos o meio de fazer cessar esse sofrimento. Se Ele não me incumbiu, também como provas, e talvez como expiação, de deter o mal e de substituí-lo pela paz.”
Portanto, devemos sempre ajudar aqueles que estão em provas e nunca ser instrumento de tortura; compreender a extensão infinita da bondade de Deus; pensar que a vida inteira deve ser um ato de amor e de abnegação; fazer todos os esforços para abrandar a amargura da expiação, sabendo que só Deus pode detê-la ou prolongá-la, conforme julgue necessário; e dirigir os esforços para amenizar a expiação dos irmãos, segundo a lei de amor e de caridade.
PRINCIPAIS INSTRUÇÕES CONTIDAS NA RESPOSTA DO ESPÍRITO SÃO LUÍS, DADA EM PARIS, EM 1860, À PERGUNTA: “UM HOMEM ESTÁ AGONIZANTE, VITIMADO POR SOFRIMENTOS CRUÉIS. SABE-SE QUE SEU ESTADO É SEM ESPERANÇA. É PERMITIDO POUPAR-LHE ALGUNS INSTANTES DE ANGÚSTIA, APRESSANDO SEU FIM?”
Seja qual for a situação extrema em que se encontre um moribundo, ninguém pode dizer com certeza que é chegada sua hora derradeira.
Há inúmeros exemplos de doentes que à vista de dar o último suspiro se reanima e recobra suas faculdades.
O espírita, de modo diferente do materialista que só leva em conta o corpo material, sabe o que se passa no além túmulo; sabe do valor das reflexões e dos pensamentos ante a morte.
Assim, qualquer sofrimento do moribundo deve ser amenizado, mas sem jamais lhe abreviar a vida.
PRINCIPAIS INSTRUÇÕES CONTIDAS NA RESPOSTA DO ESPÍRITO SÃO LUÍS, DADA EM 1860, À PERGUNTA: “AQUELE QUE ESTÁ DESGOTOSO DA VIDA, MAS NÃO QUER SUICIDAR-SE, É CULPADO POR BUSCAR A MORTE NUM CAMPO DE BATALHA, COM O PENSAMENTO DE TORNAR A SUA MORTE ÚTIL?”
Quer o homem se mate ou se faça matar, há a intenção de abreviar a vida e, em consequência, há suicídio em intenção.
A morte no campo de batalha é um pretexto para colorir a forma de morrer e de buscar desculpa para os próprios olhos. Quem quer servir o seu país, procura viver e defendê-lo, e não morrer.
A verdadeira abnegação está em ser útil ou enfrentar um perigo sem sacrificar a própria vida.
A intenção premeditada de buscar a morte ao se expor ao perigo anula o mérito da ação.
PRINCIPAIS INSTRUÇÕES DO ESPÍRITO SÃO LUÍS CONTIDAS NA RESPOSTA, DADA EM 1860, À PERGUNTA: “UM HOMEM SE EXPÕE A UM PERIGO IMINENTE PARA SALVAR A VIDA DE UM DE SEUS SEMELHANTES, SABENDO ANTECIPADAMENTE QUE ELE PRÓPRIO SUCUMBIRÁ. ISSO PODE SER CONSIDERADO COMO UM SUICÍDIO?”
Não havendo a intenção de buscar a morte, não há suicídio, mas dedicação e abnegação.
Mas, a Providência pode salvar quem esteja em perigo no momento mais crítico. Ela pode, muitas vezes, provar a resignação até o derradeiro limite, e então uma circunstância inesperada desvia do homem o golpe fatal.
PRINCIPAIS INSTRUÇÕES DO ESPÍRITO SÃO LUÍS CONTIDAS NA RESPOSTA, DADA EM PARIS, EM 1860, À PERGUNTA: “AQUELES QUE ACEITAM SEUS SOFRIMENTOS COM RESIGNAÇÃO, POR SUBMISSÃO À VONTADE DE DEUS E VISANDO À SUA FELICIDADE FUTURA, NÃO TRABALHAM APENAS POR SI MESMOS? PODEM TORNAR SEUS SOFRIMENTOS PROVEITOSOS PARA OUTROS?”
Podem tornar os sofrimentos proveitosos para os outros, tanto material, quanto moralmente.
Materialmente, se o trabalho, as privações e os sacrifícios que impõem a si mesmos contribuem para o bem-estar material de seu próximo.
Moralmente, pelo exemplo que dão de sua submissão à vontade de Deus, estimulando a fé e a resignação nos infelizes, e salvando-os do desespero e das suas funestas conseqüências para o futuro.
REFLEXÕES DO AUTOR DESTE ARTIGO SOBRE AS LIÇÕES CONTIDAS NO CAPÍTULO V DE “O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO”
O Espiritismo, com a comunicação com os Espíritos, através dos médiuns, veio confirmar aos homens as promessas de Jesus sobre as bem-aventuranças existentes na vida espiritual para as almas que souberem enfrentar, suportar e vencer as tribulações, aflições, provas, missões e expiações da vida material com coragem, paciência, calma, resignação, fé e submissão à vontade de Deus.
O Espiritismo, com as revelações dos Espíritos superiores, veio explicar aos homens as causas atuais e passadas para as desigualdades existentes nas condições de vida no mundo material, orientando-os a bem cumprir suas tarefas e seus trabalhos visando acumular conhecimentos, experiências e qualidades intelectuais e morais, que propiciam o bem-estar e a felicidade no presente e no futuro.
O Espiritismo, ao esclarecer os homens acerca da pluralidade das existências materiais, leva-os a refletir sobre os reflexos dos atos praticados nas existências anteriores sobre a vida presente, bem como sobre os efeitos das causas atuais sobre as existências corporais futuras. Com isso, estimula-os a reunir os méritos intelectuais e morais que garantem boas condições de vida no mundo espiritual e na próxima existência corporal.
O Espiritismo elucida os homens a respeito dos esforços que precisam fazer para melhorar o caráter e a tornar as suas condutas virtuosas, de forma a evitar muitos males e preparar um futuro melhor. Conhecendo os bons resultados disso, encontram um motivo verdadeiro para buscar o aprimoramento intelectual e moral; combater as más tendências; adquirir as qualidades que os impedem de cair na imprevidência, ambição, vaidade, intemperança e falta de perseverança no bem; e os ajudam a vencer o orgulho, os vícios e os excessos que desencadeiam muitos sofrimentos.
O Espiritismo conscientiza os homens sobre a importância de não cometerem atos de loucura, nem de buscarem no suicídio a solução para os seus problemas, males e aflições. Ao dar-lhes provas da imortalidade da alma e das conseqüências desses atos infelizes na vida espiritual, bem como na próxima reencarnação, leva-os a viver a vida material sob o ponto de vista espiritual, suportando as tribulações da vida com coragem, paciência, resignação e confiança em Deus.
O Espiritismo dá aos homens uma compreensão dilatada da grandiosidade da Obra de Deus. Assim, volta-os a recorrer à fé, à prece e à prática do amor, do bem, da justiça e da caridade para construírem uma vida feliz tanto na existência material presente, quanto na vida futura.
DATAS DA PUBLICAÇÃO NESTE MESMO BLOG DOS ARTIGOS CONTENDO AS PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS NOS CAPÍTULOS ANTERIORES DE “O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO”:
• 27/fev/2009 = Prefácio e Introdução.
• 12/maio/2009 = Cap. I: Não vim destruir a Lei.
• 01/set/2009 = Cap. II: Meu reino não é deste mundo.
• 01/abril/2010 = Cap. III: Há muitas moradas na casa de meu Pai.
• 04/ago/2010 = Cap. IV: Ninguém pode ver o reino de Deus, se não nascer de novo.
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