sexta-feira, 1 de abril de 2011

"O LIVRO DOS ESPÍRITOS": DOS ESPÍRITOS

















PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS EM “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, SEGUNDA PARTE, CAPÍTULO I: DOS ESPÍRITOS

Geziel Andrade

ORIGEM E NATUREZA DOS ESPÍRITOS

Os Espíritos são os seres inteligentes criados por Deus. São, portanto, filhos e criaturas de Deus, submetidos à Sua vontade.

Deus cria permanentemente os Espíritos, por um ato de Sua vontade, sem jamais cessar de criá-los.

Uma vez criados imateriais, porque a sua essência difere de tudo o que conhecemos por matéria, os Espíritos povoam o Universo, numa existência que não tem mais fim.

MUNDO NORMAL PRIMITIVO

Os Espíritos constituem o mundo dos Espíritos ou das inteligências incorpóreas.

O mundo dos Espíritos é preexistente e independente do mundo material. Sobrevive a tudo. Embora isso, o mundo dos Espíritos e o mundo dos homens ou dos Espíritos encarnados estão incessantemente reagindo um sobre o outro.

Os Espíritos povoam os espaços infinitos e estão em toda parte. Estão, sem cessar, ao lado dos homens, observando-os e atuando sobre eles, sem que sejam percebidos, porque o corpo material não tem sentido apropriado para percebê-los.

Os Espíritos são uma das forças da Natureza. Deus serve-se deles para o cumprimento de seus desígnios providenciais.

FORMA E UBIQUIDADE DOS ESPÍRITOS

A forma do Espírito, sem o perispírito, não pode ser percebida pelos olhos humanos. Mas pode ser comparada a uma flama, um clarão ou uma centelha etérea, cuja cor varia de acordo com a sua menor ou maior pureza.

O Espírito é quem pensa e tem como atributo o pensamento.

Ele pode deslocar-se no espaço com a rapidez do pensamento, dependendo de sua vontade e de sua natureza mais ou menos depurada. A matéria densa não lhe oferece obstáculo à locomoção.

O Espírito não tem o dom da ubiqüidade, isto é, ele não pode se dividir. É, portanto, uma unidade indivisível. O que ele pode fazer é irradiar-se para diferentes lados, o que faz parecer que está em muitos lugares ao mesmo tempo. Mas esse poder de irradiação depende do grau de pureza de cada Espírito.

PERISPÍRITO

O Espírito está sempre revestido por um envoltório semimaterial, chamado de perispírito.

O Espírito forma o seu perispírito com elementos do fluido universal existentes em cada globo. Assim, quando ele passar de um mundo para outro, precisa mudar o seu envoltório. Se um Espírito passar de um mundo superior para um mundo inferior, precisa assumir um perispírito mais grosseiro, revestindo-se da matéria existente neste mundo.

O Espírito pode alterar a forma de seu perispírito. Assim, pode aparecer ao homem, através dos sonhos ou mesmo no estado de vigília. Para isso, ele dá ao seu perispírito uma forma visível ou mesmo palpável.

DIFERENTES ORDENS DE ESPÍRITOS E ESCALA ESPÍRITA

A classificação dos Espíritos funda-se no seu grau de desenvolvimento; nas qualidades que já adquiriram; e nas imperfeições de que ainda não se livraram.

Os Espíritos pertencem a três grandes ordens, de acordo com o grau de perfeição a que já tenham alcançado.

Observando essas ordens, podemos determinar o grau de superioridade ou de inferioridade dos Espíritos com os quais podemos nos comunicar, através dos médiuns, bem como o grau de confiança e de estima que merecem:

PRIMEIRA ORDEM: Espíritos puros, que já chegaram à perfeição por esforços próprios. Estes Espíritos pertencem a uma Classe Única, porque já percorreram todos os graus da evolução espiritual e se despojaram de todas as impurezas da matéria. Não precisam mais sofrer provas ou expiações. Possuem a superioridade intelectual e moral. Tornaram-se em mensageiros e ministros de Deus, cujas ordens executam para a manutenção da harmonia universal. Desfrutam da felicidade na vida eterna ao lado de Deus. Dirigem os Espíritos que lhes são inferiores e os ajudam a se aperfeiçoar e a cumprir suas missões. Ajudam os homens e são designados por anjos, arcanjos ou serafins.

SEGUNDA ORDEM: Espíritos que já conseguiram o predomínio sobre a matéria; têm o desejo de praticar o bem; fazem o bem de acordo com o grau de perfeição, ciência, sabedoria e bondade que já conquistaram. Mas, ainda estão sujeitos às provas da vida. Esses bons Espíritos podem ser divididos em quatro grupos principais:

1. Benévolos: são bondosos; gostam de ajudar e proteger os homens; progrediram mais moralmente do que intelectualmente.

2. Sábios: têm amplo conhecimento das coisas e gostam mais das questões científicas do que das morais.

3. Prudentes: conquistaram qualidades morais elevadas e julgam as coisas com sabedoria e precisão;

4. E superiores: já reúnem a ciência, a sabedoria e a bondade; usam uma linguagem benevolente, digna, elevada e sublime; aliam-se aos homens que buscam a verdade, apreciam as coisas espirituais e praticam o bem; compreendem Deus e desfrutam da felicidade dos bons.

TERCEIRA ORDEM: Espíritos imperfeitos que ainda estão sob o predomínio da matéria; caracterizam-se pela ignorância, propensão à desvirtude, desejo de praticar o mal e ilusão com as más paixões que retardam o seu desenvolvimento. Entre os Espíritos imperfeitos existem os que não fazem o bem, nem o mal; os que se comprazem no mal; os que são mais travessos do que malignos; e os que se comprazem na malícia, mistificações e nas contrariedades que causam. Podem ser separados em cinco classes principais:

1. Impuros: tendem ao mal e aos vícios; insuflam a discórdia; gostam de enganar; influenciam os outros para as más condutas; usam uma linguagem trivial; e flagelam os homens.

2. Levianos: são ignorantes, malignos e zombeteiros; induzem ao erro com as suas espertezas; usam uma linguagem sem profundidade; e desprezam a verdade.

3. Pseudo-sábios: julgam que sabem mais do que realmente sabem; misturam a verdade com erros absurdos; têm presunção, orgulho, inveja e teimosia; usam uma linguagem séria para confundir e iludir.

4. Neutros: têm o mesmo grau intelectual e moral da humanidade; ora praticam o bem, ora o mal; são apegados às coisas materiais e agem de modo vulgar.

5. Perturbadores: revelam as características dos Espíritos imperfeitos; produzem manifestações físicas e inteligentes de modo intencional; são bastante apegados à matéria; são usados pelos Espíritos elevados para a produção de fenômenos materiais.

PROGRESSÃO DOS ESPÍRITOS

Os Espíritos não pertencem para sempre a uma determinada classe. Estão progredindo e se melhorando gradualmente. Então, passam de uma ordem inferior para uma superior.

Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem conhecimento. Mas, deu-lhes a missão de alcançarem a perfeição pelo esclarecimento, progresso e conhecimento da verdade. Assim, aproximam-se do Criador e conquistam a felicidade eterna.

Deus impõe as provas da vida material para que os Espíritos consigam adquirir as experiências e os conhecimentos necessários ao seu progresso intelectual e moral.

Os que aceitam essas provas com boa vontade e submissão às Leis chegam mais rapidamente ao destino estabelecido por Deus. Mas, todos os Espíritos chegam à perfeição espiritual pelos próprios esforços em progredir.

E após cada progresso intelectual e moral alcançado, o Espírito não retrocede. Apenas pode ficar temporariamente estacionado na posição em que já conquistou.

Deus concedeu ao Espírito o livre-arbítrio. Assim, pode escolher entre a prática do bem e a prática do mal, de acordo com a sua vontade.

Mas, o Espírito experimenta sempre as conseqüências de suas boas ou más obras. Assim, aprende a distinguir os efeitos de cada ação boa ou má.

Mas, o livre-arbítrio do Espírito se desenvolve à medida que ele adquire a consciência de si mesmo.

Se Deus tivesse criado os Espíritos perfeitos, eles não teriam o merecimento de gozar dos benefícios da perfeição espiritual. Não teriam os méritos decorrentes das lutas que enfrentaram para obter a ascensão ao topo da escala espírita ou hierarquia espiritual.

A sabedoria de Deus se revela na liberdade que deu aos Espíritos de determinarem os rumos de sua vida; de conquistarem os méritos pelas próprias obras; de progredirem por si mesmos mais ou menos rapidamente tanto em inteligência, quanto em moralidade.

ANJOS E DEMÔNIOS

Os anjos, arcanjos e serafins são Espíritos puros que já estão no mais alto grau da escala e reúnem em si todas as perfeições.

Eles já percorreram todos os graus da escala espírita. Os que aceitaram a sua missão sem lamentar chegaram à perfeição mais depressa. Outros precisaram de maior tempo para chegar à perfeição.

Como o planeta Terra não existe por toda a eternidade, e muitos Espíritos já haviam conquistado o grau supremo da perfeição e da felicidade muito antes da Terra existir, os homens acreditaram que eles haviam sido criados perfeitos por Deus e que existem desde toda a eternidade.

Os demônios não são Espíritos criados por Deus eternamente voltados à prática do mal, que os torna infelizes.

Deus não seria justo, nem bom, se os chamados demônios existissem em Sua obra, com a predisposição natural de praticarem eternamente o mal e serem, por isso, condenados pelas suas más propensões e obras.

Foram os homens que acreditaram que os demônios foram criados por Deus perpetuamente voltados ao mal.

Os Espíritos denominados de demônios, na verdade, são Espíritos ainda imperfeitos, que estão percorrendo a escala espírita e passando por um período transitório de provações, agindo com o livre-arbítrio que possuem. Mas, estão evoluindo e caminhando para a perfeição espiritual, impulsionados pela Lei do Progresso.

Como todos os Espíritos, foram criados por Deus simples e ignorantes, mas perfectíveis.

REFLEXÕES DO AUTOR DESTE ARTIGO SOBRE AS LIÇÕES ACIMA APRESENTADAS.

O Espiritismo promoveu um enorme salto no nosso entendimento a respeito de Deus e da Obra da Criação.

Conscientizou-nos acerca da grandiosidade dos atributos de Deus e da Sua incomensurável Obra da Criação, em que estamos inseridos; de nossa condição de Espíritos, filhos de Deus; de nossa verdadeira natureza, que é espiritual; e da missão que temos que cumprir na vida para alcançarmos a perfeição intelectual e moral.

Com isso, resolveu mistérios antes insondáveis acerca:

• Da amplitude e dimensão do Universo, criado por Deus, que serve de habitação para Seus filhos;

• Da pluralidade dos mundos habitados e dos seres que o habitam;

• Da existência dos Espíritos, criados simples e ignorantes, mas perfectíveis;

• Dos diferentes graus de evolução intelectual e moral em que os Espíritos se encontram, mas buscando a perfeição espiritual, pelas atividades incessantes que exercem no Universo;

• Da realidade acerca dos anjos e dos demônios;

• Do papel desempenhado pelo perispírito, tanto na vida do Espírito, quanto na do homem;

• Da necessidade do Espírito assumir um corpo material, pelas leis da reprodução, para evoluir, aclarando os fenômenos do nascimento e da morte;

• Das relações existentes entre a vida espiritual e a material, e entre os Espíritos e os homens;

• E da importância que a vida terrena desempenha na evolução intelectual e moral do Espírito, que, pelos desígnios de Deus, tem que alcançar a perfeição espiritual.

Dessa forma, com o Espiritismo, temos um Universo complexo, grandioso, repleto de mundos e seres animados e inanimados, visíveis e invisíveis, em constante atividade e evolução. Em outras palavras, não temos as severas limitações e restrições impostas pelas idéias materialistas, que só admitem a existência do universo material, a vida no planeta Terra e a singularidade no surgimento dos homens, constituídos apenas do corpo material, e únicos dotados de inteligência.

Esse é o contexto novo, amplo e complexo descortinado pelo Espiritismo, que nos dá um entendimento amplo das coisas: de Deus, do Universo, dos Espíritos, da matéria, dos mundos, dos seres, de nós mesmos; de nossas diferenças intelectuais e morais; das posições que os Espíritos ocupam na escala espírita; da hierarquia verdadeira, que é a espiritual; e das relações existentes entre nós e os Espíritos encarnados ou desencarnados, pautando-as na fraternidade e na solidariedade.

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CAPÍTULOS ANTERIORES DE “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”

As principais lições contidas nos Capítulos anteriores de “O Livro dos Espíritos” foram publicadas e podem ser consultadas neste blog nas seguintes datas:

Introdução = 30/janeiro/2009.

Prolegômenos = 09/abril/2009.

Capítulo I: Deus = 07/julho/2009.

Capítulo II: Elementos Gerais do Universo = 08/fevereiro/2010.

Capítulo III: Criação = 18/junho/2010.

Capítulo IV: Princípio Vital = 09/setembro/2010.

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