domingo, 26 de outubro de 2008


EDUCAÇÃO PARA A FRATERNIDADE
Geziel Andrade –São Paulo –SP.

“Todos vós que sonhais com a idade
de ouro para a Humanidade
trabalhai, antes de tudo, na
construção da base do edifício, sem
pensardes em lhe colocar a cúpula;
ponde-lhe nas primeiras fiadas a
fraternidade na sua mais pura
acepção”. (Allan Kardec, no
Capítulo “Liberdade, Igualdade,
Fraternidade”, do livro “Obras
Póstumas).

A Doutrina Espírita é essencialmente educativa. Essa característica decorre dos seus princípios inovadores contidos nas obras de Allan Kardec.

Foi na “Revista Espírita”, de outubro de 1866, no artigo “Os Tempos são Chegados”, que Allan Kardec estabeleceu as bases sólidas que direcionaram o movimento espírita para o estabelecimento da fraternidade entre os homens.

Allan Kardec demonstrou, naquele artigo, que a regeneração da humanidade é algo inevitável, em função da Lei do progresso que aprimora os elementos físico, intelectual e moral. Mas, nem por isso, devemos esperar passivamente que aquela Lei cumpra o seu papel importante. A nós cabe aplicar a educação espírita na destruição do egoísmo e do orgulho; na elevação dos sentimentos; e no estabelecimento da caridade, da fraternidade e da solidariedade, assegurando ao homem o bem-estar material, espiritual e moral.

A humanidade convulsiona-se em seu período de transformação moral. E o Espiritismo, com sua tônica educativa, vem cumprindo, com nobreza, a sua missão de melhorar o caráter do homem, espiritualizar e moralizar os costumes, edificando uma nova ordem familiar, política, econômica e social.

Especificamente sobre a educação voltada para o exercício da fraternidade, Allan Kardec legou-nos os seguintes alicerces sólidos, sobre os quais estamos edificando um novo tempo: existe identidade entre todos os Espíritos, pois ora estamos encarnados no mundo visível, ora estamos desencarnados no mundo invisível, tendo como objetivo comum, dentro da pluralidade das existências corpóreas, o trabalho de evolução intelectual e moral. O nascimento e a morte não separam os seres humanos, não extinguem as suas relações simpáticas, nem acabam com os deveres recíprocos de se apoiarem mutuamente na escalada para a perfeição espiritual. Então, os sentimentos de fraternidade e de solidariedade devem estar nos corações, nos costumes, nas leis e nas instituições, estabelecendo um novo conceito de bem-estar e de felicidade social.

Allan Kardec ensinou-nos ainda que a fraternidade é perpétua na vida dos Espíritos. Todos pertencemos à grande família universal, cujos membros são solidários, sendo a fraternidade humana uma decorrência da paternidade Divina.

Além disso, com o Espiritismo, a fraternidade é sinônimo da prática da caridade pregada pelo Cristo. Então, com o sentimento cristão de fraternidade nasce o dever de ajuda recíproca, de melhoria nas relações na vida social e nas instituições, promovendo o bem-estar de todos.

Adicionalmente, os princípios do Espiritismo tornam a fraternidade a pedra angular de uma nova ordem social em que o progresso moral assegura a concórdia, a tolerância, a união, a paz e a felicidade. Assim, os princípios do Espiritismo fortalecem o espírito de fraternidade, derrubando barreiras, preconceitos e antagonismos; estimulando os homens ao bem, a se olharem como irmãos e a se ajudarem mutuamente, visando o progresso material, moral e social.

Nesse contexto inovador e renovador desponta a forte atuação do educador espírita. Este tem o dever de preparar as novas gerações para a prática da fraternidade, dentro dos princípios espíritas que estão contidos nas obras de Allan Kardec. Então, dissemina, com suas técnicas pedagógicas, a fraternidade que melhora a convivência e o relacionamento com os semelhantes em todos os ambientes; aprimora a justiça na sociedade, pois elimina os interesses egoísticos, principalmente nas ações dos agentes econômicos; conscientiza sobre a importância do bom uso das faculdades, do livre-arbítrio e do cumprimento dos deveres morais, por amor a Deus e ao próximo; estabelece a solidariedade que ameniza as provações alheias; volta o educando para a prática do bem e da caridade, com um notável espírito cristão; acaba com os preconceitos de raça, cor, sexo, idade e posição social, pois são insustentáveis dentro dos princípios da reencarnação; e valoriza a realização de serviço útil e desinteressado ao próximo, visando a disseminação da felicidade.

Portanto, a Educação Espírita é o instrumento valoroso que o espírita conta para o afloramento do espírito de fraternidade. Com a expansão do seu domínio, há de imperar a honestidade, a lealdade e a responsabilidade nas relações entre os homens e as nações, implantando e estabelecendo uma nova ordem pautada na cooperação e na assistência mútua.

Em corroboração ao que foi exposto acima, lembremo-nos sempre das palavras sábias do Espírito Bezerra de Menezes, contidas nos Capítulos “Mensagem Fraterna” e “Fraternidade. Fraternidade”, do livro “Veleiro de Luz, psicografado por Maria Cecília Paiva e publicado pela Editora Espiritualista: “Educar a criança, eis o primeiro e grande passo, eis a questão primordial. Educá-la cristãmente, dentro do espírito renovador da Doutrina, com a responsabilidade de seus atos e o conhecimento de seu futuro, mostrando-lhe a necessidade do crescimento espiritual pela disciplina no bem e na luz, no dever bem cumprido e na caridade legítima”. (...) “Se desejas realmente servir ao Cristo, estuda e aprende o verdadeiro sentido da fraternidade”. (...) “Bendito o que aprende o sentido do Evangelho nesta única palavra: fraternidade”.

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