sábado, 17 de maio de 2014

MANIFESTAÇÕES FÍSICAS ESPONTÂNEAS DOS ESPÍRITOS: "O LIVRO DOS MÉDIUNS", PARTE 2, CAP. V




LIÇÕES CONTIDAS NO CAPÍTULO V: MANIFESTAÇÕES FÍSICAS ESPONTÂNEAS DOS ESPÍRITOS, DA SEGUNDA PARTE DE “O LIVRO DOS MÉDIUNS”.

Geziel Andrade

Certas manifestações físicas dos Espíritos produzem-se espontaneamente, sem a intervenção da vontade das pessoas, e até mesmo contra o desejo delas.

Os Espíritos produzem-nas até mesmo entre pessoas que nunca ouviram falar dos fenômenos e, exatamente quando menos esperavam qualquer acontecimento, chegando, frequentemente, a se tornarem importunas. Isso elimina a suposição de que há o efeito da imaginação ou a influência das ideias espíritas.

Ante a tais fenômenos, deve-se ter a preocupação de registrá-los e de verificar cuidadosamente a sua realidade, para que sejam eliminadas possíveis ilusões ou mistificações.

O meio mais eficaz de se verificar a autenticidade é comprovar se os fenômenos obedecem à vontade dos observadores ou respondem ao pensamento, indicando a existência de uma causa inteligente oculta.

Algumas manifestações físicas dos Espíritos têm proporções e persistências desagradáveis, quando visam chamar a atenção das pessoas e mostrar que há a presença de uma força superior à do homem.

Os Espíritos elevados não se ocupam com as manifestações físicas. Eles se servem dos Espíritos inferiores para essa produção, já que estes estão mais ligados às coisas materiais. Eles não se ocupam com essas manifestações, porque se assemelham aos homens retos e sérios, que não gostam de se divertir fazendo brincadeiras ou espalhando o tumulto e o terror.

Allan Kardec, no início de seus estudos sobre o Espiritismo, certa noite, enquanto elaborava um trabalho, passou a ouvir pancadas em torno de si por quatro horas consecutivas, sem que encontrasse uma causa justa.

No dia seguinte, numa reunião espírita, perguntou a um Espírito, através de um médium escrevente, qual a causa para aquelas estranhas pancadas.

O Espírito respondeu-lhe que se tratava da manifestação de seu Espírito familiar que desejava lhe falar.

Esse Espírito familiar manifestou-se então pela escrita mediúnica e apontou erros no trabalho que ele realizava. Indicou as linhas onde os erros se encontravam e lhe de conselhos úteis e sábios. Em seguida, acrescentou que estaria sempre pronto para atender o seu chamado, quando o quisesse interrogar.

A partir desse momento, esse Espírito de categoria muito elevada e que havia desempenhado um papel importante na Terra jamais o abandonou. Deu-lhe muitas provas de grande superioridade e fez intervenções benévolas e eficazes em muitos assuntos importantes.

Como as comunicações com esse Espírito superior se tornaram regulares, as pancadas jamais voltaram.

Outro caso interessante ocorreu com um amigo de Allan Kardec. Ele passou a ouvir ruídos diversos em seu quarto, chegando a se tornar fatigantes. Através de um médium escrevente, ele teve a ocasião de interrogar o Espírito que produzia os barulhos. Era o Espírito de seu pai que queria que ele realizasse diversas coisas.

Após ter feito o que lhe foi recomendado pelo Espírito de seu pai, jamais ouviu de novo os ruídos.

Mas, por outro lado, há mesmo certas manifestações espontâneas dos Espíritos que se degeneram para verdadeiro estardalhaço e em grandes perturbações. Projeteis são atirados de fora para dentro do ambiente; portas e janelas são abertas e fechadas por mãos invisíveis; ladrilhos são quebrados, sem que nada disso possa ser levado à conta de ilusão ou da imaginação.

As manifestações físicas dos Espíritos não são novas, nem raras. Muitos fatos autênticos desse gênero foram publicados por Allan Kardec na sua “Revista Espírita”.

Elas são muito mais frequentes do que se pensa, mas ficam ocultas, porque as vítimas nada ousam dizer a respeito, com medo de serem ridicularizadas.

Certas manifestações físicas dos Espíritos têm a finalidade de chamar a atenção dos homens para a sobrevivência da alma à morte do corpo físico; dar-lhes avisos proveitosos; pedir algo como preces; solicitar a realização de algo que não puderam cumprir enquanto estavam na vida material; ou pedir a reparação de más ações que praticaram enquanto estavam na vida terrena.

Para conhecermos o que os Espíritos querem com suas manifestações físicas, o melhor meio consiste em evocá-los, através de um bom médium escrevente. Então, pelas respostas que dão, descobrimos com quem estamos às voltas, podendo agir de acordo com o esclarecimento obtido.

Se for um Espírito infeliz, deve ser tratado com caridade e atenção.

Se for um Espírito malvado, devemos pedir a Deus que o torne melhor, através da prece que sempre dá um bom resultado.

Uma observação fria e calma das manifestações físicas dos Espíritos permite a constatação de um efeito que não depende da vontade humana, nem de uma causa natural. Então, a causa da atuação está numa vontade livre e numa inteligência oculta, graças à participação de um médium, que pode estar sendo utilizado à sua revelia.

Quase sempre, as manifestações espontâneas dos Espíritos se produzem em casas habitadas e na presença de certas pessoas que exercem influências, mesmo sem que o queiram. Essas pessoas ignoram possuir faculdades mediúnicas. São os chamados de médiuns naturais, pois fornecem aos Espíritos seu fluido animalizado.

Além disso, para um Espírito manifestar-se fisicamente precisa que queira fazer isso; que tenha um objetivo ou um motivo; que encontre no local da manifestação uma pessoa apta a ajudá-lo, o que raramente ocorre.

Mesmo quando todas as circunstâncias são favoráveis à sua manifestação física, o Espírito pode ser tolhido por uma vontade superior. Ele é impedido de agir a seu bem prazer, porque sua manifestação só lhe é permitida dentro de certos limites e quando é útil para a pessoa envolvida.

Num diálogo que Allan Kardec manteve com o Espírito São Luís sobre os fatos ocorridos em junho de 1860, na rua dês Noyers, em Paris, e cujos pormenores estão publicados na “Revista Espírita”, de agosto de 1860, obteve as seguintes informações:

1. Os fatos são reais e as manifestações são produzidas por um Espírito que se diverte um pouco à custa dos habitantes do lugar.

2. O Espírito perturbador não gosta de um habitante do local e trata de lhe fazer maldades ou mesmo de obrigá-lo a se mudar.

3. Sem a presença de uma pessoa com faculdade mediúnica espontânea e involuntária, esse fato não poderia dar-se.

4. Mas, não se deve generalizar, pois, nem sempre, é necessária a presença de um médium no local.

5. A aptidão do médium depende de uma disposição física que lhe é inata.

6. Mas, quando o médium é elevado moralmente, atrai a si os bons Espíritos, o que, necessariamente, afasta os maus Espíritos.

7. Os diversos objetos que são atirados pelo Espírito, geralmente, são apanhados nos próprios lugares dos fenômenos, ou nas proximidades.

8. Embora surpreendentes, essas manifestações físicas dos Espíritos nem sempre convencem os homens ateus e materialistas.

No diálogo que Allan Kardec manteve com o Espírito perturbador da rua dês Noyers, obteve as seguintes informações adicionais:

1. O Espírito achou um bom médium ou instrumento. Além disso, não havia no local nenhum Espírito douto, sábio e virtuoso para impedi-lo de se divertir.

2. Os objetos atirados pelo Espírito eram muito comuns e achados no pátio e jardins próximos.

3. Os objetos eram transportados com o auxílio da natureza elétrica do médium, juntada à do Espírito, que é menos material.

O FENÔMENO DO TRANPORTE
Este fenômeno consiste no trazimento espontâneo, por parte de um Espírito, de objetos que não estão no local onde estão os observadores. São, quase sempre, flores, frutos, confeitos, jóias, etc.

Por ser um fenômeno que se presta à imitação, deve-se estar de sobreaviso contra o embuste e a arte da prestidigitação, fazendo um exame atento das circunstâncias em que os fatos ocorrem.

Além disso, a melhor garantia da sua veracidade está no caráter, na honestidade notória e no desinteresse absoluto das pessoas envolvidas.

A teoria do fenômeno dos transportes e das manifestações físicas dos Espíritos foi resumida nos seguintes pontos, que estão contidos numa dissertação feita pelo Espírito Erasto, discípulo de São Paulo:

1. O médium precisa ter a faculdade de projetar abundantemente em torno de si um fluido animalizado que lhe é próprio.

2. Esse fluido presta-se à obtenção dos fenômenos de tangibilidade: pancadas nas paredes e nos móveis, movimentos inteligentes e mesmo a suspensa no espaço de matéria inerte pesada.

3. Mas, a obtenção do fenômeno de transporte é muito mais complexa e difícil de ser realizado pelo Espírito, o que o torna extremamente raro.

4. Para a produção desse fenômeno é necessário que haja entre o Espírito e o médium certa afinidade e analogia; que haja uma semelhança tal que permita que o fluido do perispírito do médium se una, se combine, de modo muito especial, com o do Espírito que queira fazer o transporte.

5. Essa fusão dos fluidos deve ser de tal sorte, que a força resultante deve se tornar única. Então, as possibilidades do Espírito aumentam com os recursos fluídicos que foram oferecidos pelo médium.

6. Dispondo desse fluido do médium, o Espírito se vê obrigado a se impregnar dele para produzir o fenômeno do movimento de certos objetos materiais. Mas, as dificuldades para a produção do transporte de objetos são enormes, o que desestimula os Espíritos a produzi-los.

7. Já os fenômenos da tangibilidade, como as pancadas, a suspensão e os movimentos de objetos são mais simples, pois se operam mediante a simples concentração e a dilatação dos fluidos.

8. Então, podem ser obtidos com o trabalho dos médiuns aptos a realizá-los, quando secundados por Espíritos amigos e benevolentes.

9. Por isso, os fenômenos da tangibilidade são mais freqüentes; ao passo que os de transporte são muito raros, porque são muito difíceis de serem realizados, ao exigirem condições excepcionais.

Em complemento às informações acima, Allan Kardec conseguiu de um Espírito que realizada o fenômeno de transporte, os seguintes informes que foram completados depois pelo Espírito Erasto:

1. O Espírito precisa de bastante tempo para preparar os fluidos que vencem as dificuldades e possibilitam a realização do transporte.

2. A produção do fenômeno depende da natureza especial do médium e da sua afinidade com a natureza do Espírito que está atuando no transporte.

3. A incredulidade e a oposição das pessoas presentes podem embaraçar a produção do fenômeno, mas não neutralizá-la inteiramente.

4. Os objetos transportados, como flores, confeitos e anéis, podem ser retirados de perto ou de longe, dependendo que o Espírito tenha permissão ou autorização para operar o fenômeno.

5. Essa operação de transporte é penosa para o Espírito, pois ele tem que executar um trabalho material e lidar com disposições fluídicas que podem ser contrárias à sua realização.

6. O Espírito só consegue transportar objetos materiais ao combinar uma parte de seu fluído dilatável com uma parte do fluido animalizado que é tirado do médium. Então, essa combinação de fluidos permite ao Espírito ocultar e transportar os objetos que escolheu.

7. A massa dos fluidos combinados deve ser proporcional ao peso do objeto a ser transportado, porque a força dos fluidos combinados tem que vencer a resistência imposta pelo objeto.

8. Em função dessa realidade acima, o Espírito prefere trazer para o ambiente uma flor ou um objeto leve, quando não encontra no médium e em si mesmo os elementos necessários para fazer um esforço mais considerável.

9. Portanto, para transportar um objeto pesado, o Espírito precisa encontrar médiuns dotados de faculdades especiais.

CONSIDERAÇÕES DO AUTOR DESTE ARTIGO

Logo em seguida às primeiras manifestações físicas ostensivas dos Espíritos, denominadas de fenômenos das mesas girantes ou falantes, que Allan Kardec assistiu na casa da senhora Plainemaison, na rua Grange-Batelière, 18, em Paris, em maio de 1855, passaram a predominar as manifestações inteligentes dos Espíritos, principalmente através da escrita mediúnica, que experimentou rápida evolução, graças ao surgimento de médiuns psicógrafos extraordinários.

Isso permitiu que o Espiritismo fosse estruturado, por Allan Kardec, em seus maravilhosos aspectos científico, filosófico, moral e religioso, alicerçados em apenas três princípios: Deus, o Pai e Criador de tudo o que existe; Espírito, princípio inteligente criado por Deus; e Matéria, decorrente das transformações e combinações ocorridas no fluido cósmico universal, criado por Deus.

Mas, embora os inesperados recursos da escrita mediúnica, jamais as manifestações físicas dos Espíritos pararam de acontecer. Ainda na época de Allan Kardec, elas se tornaram realmente surpreendentes, graças à atuação do notável médium de efeitos físicos Daniel Dunglas Home.

Ainda, mesmo depois de Allan Kardec, elas continuaram sendo seriamente estudadas por Camille Flammarion, Léon Denis, Gabriel Delanne, William Crookes, Artur Conan Doyle, Alexander N. Aksakof, Ernesto Bozzano, Cesar Lombroso, dentre muitos outros.

Mesmo aqui no Brasil, não faltaram as grandes manifestações físicas dos Espíritos, principalmente através de notáveis médiuns de efeitos físicos como Francisco Peixoto Lins ou “Peixotinho”, Fábio Machado e Carmine Mirabelli.

Mas, essas manifestações físicas dos Espíritos sempre se mantiveram num segundo plano, se comparadas às suas manifestações inteligentes, realizadas principalmente através de médiuns psicógrafos como Chico Xavier, Yvonne do Amaral Pereira e Divaldo Pereira Franco, dentre muitos outros.

Portanto, sem que houvesse qualquer menosprezo às manifestações físicas dos Espíritos, a Doutrina Espírita se fortaleceu cada vez mais, graças às suas manifestações inteligentes, que complementaram em muito as obras elaboradas por Kardec.

ARTIGOS ANTERIORES SOBRE OS CAPÍTULOS DE “O LIVRO DOS MÉDIUNS”.
As principais lições contidas nos Capítulos anteriores de “O Livro dos Médiuns” foram publicadas neste mesmo blog nas seguintes datas:
13/fevereiro/2009 = INTRODUÇÃO.
24/abril/2009 = CAP. I: EXISTEM ESPÍRITOS?
05/agosto/2009 = CAP II: O MARAVILHOSO E O SOBRENATURAL.
02/março/2010 = CAP. III: MÉTODO.
14/julho/2010 = CAP. IV: SISTEMAS.
26/abril/2011 =SEGUNDA PARTE, CAP. I: AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE A MATÉRIA.
19/outubro/2011 = SEGUNDA PARTE, CAP. II: MANIFESTAÇÕES FÍSICAS E MESAS GIRANTES.
15/março/2012 = SEGUNDA PARTE, CAP. III: MANIFESTAÇÕES INTELIGENTES.
01/março/2013 = SEGUNDA PARTE, CAP. IV: TEORIA DAS MANIFESTAÇÕES FÍSICAS